A Metáfora da Carruagem

A metáfora da carruagem

Introdução

Na tradição Hindu temos no Katha Upanisad – um texto em sânscrito que traz conceitos e ideias que fundamentam o hinduísmo –  a metáfora da carruagem em que o nosso Ser, o aspecto mais divino e essencial de quem somos é o passageiro (ou dono) da carruagem. Você pode chamá-lo de alma, essência, Deus, ou que seu coração mandar. O cocheiro (ou auriga) é o seu intelecto, sua mente profunda. As rédeas da carruagem são a mente superficial. A carruagem em si é o nosso corpo, e os cavalos são os nossos sentidos e ações, ou seja, a força motriz. Na maior parte do tempo nos deixamos levar pelos cavalos, sem nenhuma interferência do cocheiro e isso faz com que o caminho seja incerto e sem direção. Mas quando treinamos o cocheiro ele passa orientar os cavalos, ou seja, a conduzir, a guiar nossos sentidos e ações, no caminho que o passageiro escolheu trilhar. Esse “treino do cocheiro” ou treino da mente pode ser feito através da prática da meditação.

Kaṭha Upaniṣad

“Imagine o Ser como o senhor de uma carruagem realizando uma jornada. O corpo é a própria carruagem. O discernimento é o cocheiro. A mente, as rédeas.

Os sentidos, dizem os sábios, são os cavalos, as estradas que eles percorrem, os labirintos do desejo. Quando o Ser é confundido com o corpo, a mente e os sentidos, ele parece desfrutar o prazer e sofrer a dor.

Quando falta ao homem discernimento e à sua mente disciplina, os sentidos disparam e tornam-se incontroláveis, como cavalos selvagens.

Porém, quando o homem possui discernimento e uma mente controlada, seus sentidos, como bem treinados cavalos, facilmente respondem ao freio.

Aquele que não tiver discernimento, que não tiver disciplinado sua mente, que não for puro de coração, não alcançará a meta, ficando preso ao ciclo de mortes e renascimentos sucessivos.

Aquele que tiver discernimento, mente disciplinada e pureza interior, alcançará a meta, e nunca mais irá sofrer nas garras da morte.

Aquele que tiver o discernimento por cocheiro e controlar as rédeas de sua mente, alcançará o fim da jornada, a união com o Ilimitado.” Kaṭha Upaniṣad, parte 1, canto 3

Metáfora da Carruagem – Dinâmina do Ser Humano

Vamos usar a metáfora da carruagem. Para entender a dinâmica interna do ser humano, vamos usar uma analogia.

Essa analogia compara o ser humano a um conjunto que consiste em uma carruagem, um cavalo puxando-a, um cocheiro conduzindo o cavalo e o senhor e mestre sentado na carruagem atrás do cocheiro.

A carruagem representa o corpo físico.

  • O cavalo, as emoções.
  • O cocheiro, a mente.
  • O Senhor, a essência de quem realmente somos (seja qual for o nome dado: consciência superior, alma, Eu superior, Mestre interior, Guia, etc.).
  • O agregado físico, emocional e mental constitui o que costumamos chamar de “personalidade” ou “ego”. Neste trabalho, usaremos os dois termos alternadamente.

Imagine uma carruagem puxada por cavalos, na qual o cocheiro é sua mente, a carruagem seu corpo, os cavalos suas emoções e você é o viajante que comunica seu objetivo ao cocheiro. Para viajar bem, todos os três são necessários e se os três estiverem equilibrados, estamos indo bem; Porém, para saber o objetivo da viagem precisamos do viajante, só ele sabe para onde vamos, só ele conhece o objetivo da viagem … É ele quem dá sentido a esta viagem.

  • O corpo físico, a carruagem

Segundo essa analogia, o estado do corpo físico – a carruagem – depende não só da manutenção proporcionada por um cocheiro inteligente, mas também da forma como é conduzida pelo cavalo. Assim, como o estado do corpo físico pode ser facilmente observado e avaliado, ele nos dará indicações preciosas sobre o grau de domínio do cocheiro sobre o conjunto do cavalo e da carruagem.

  • Emoções, cavalo

Na palavra emoção existe “movimento”, isto é, movimento. As emoções são o que iniciam o movimento, e o fazem por meio do fenômeno do desejo. Embora seja verdade que existem diferentes tipos de desejo (aqui vamos distinguir duas grandes categorias), não é menos verdade que a palavra “emoção” carrega em sua essência um vasto reservatório de energia acessível a todo o ser. Por isso, nesta analogia, o cavalo representa as emoções: é ele quem possui a energia necessária para puxar a carruagem. Assim, é um elemento básico na realização da viagem.

Como as emoções são usadas? Essa é uma questão importante e fundamental. Ao longo do livro iremos descobrir, entre outras coisas, a arte de usar o imenso reservatório emocional, porque um bom controle das emoções exige um grande domínio …

  • A mente, o cocheiro

A mente é a sede dos processos de pensamento. Podemos distinguir nele dois aspectos do ser humano, ambos muito complexos. Graças ao desenvolvimento da sua inteligência, as funções do cocheiro são, em princípio, as seguintes:

1) Transmitir ao seu mestre e senhor as informações do exterior,

2) Compreender suas diretrizes em resposta às informações recebidas,

3) Ser capaz de controlar o cavalo e conduzi-lo na direção indicada pelo mestre em sua resposta,

4) Cuide bem do transporte.

Metáfora de carruagem
Metáfora de carruagem

Assim, é fácil compreender em que medida o papel da mente é importante, não só porque é o elo entre o Eu superior e o ego, mas também porque, através dele, o ego expressa no mundo a vontade do Senhor , o Mestre interior. Enfatizemos que esta analogia destaca um elemento importante no que diz respeito às emoções, que é que o comportamento do cavalo depende principalmente da forma como é dirigido pelo condutor. Isso significa que os vários estados emocionais dependem em grande parte dos pensamentos e não do que acontece fora, como costumávamos acreditar.

Livre Arbítrio – Quem está no comando da sua carruagem

Agora imagine três carruagens com três motoristas diferentes.

Os cocheiros se preparam para um gol importante.

  1. Um deles cuidará bem de seus dois cavalos e dará a eles toda a atenção possível. Amor e Medo, como ele os chama, ficarão caprichosos, porém o cocheiro cederá a todos os seus desejos e se esquecerá de cuidar de sua carruagem, que com o tempo ficará enferrujada e dilapidada.
  2. O segundo motorista, por outro lado, usará toda sua energia e conhecimento para melhorar sua carruagem. Sempre em busca de informações e materiais para mantê-los atualizados. Mas seus cavalos ficarão desleixados e magros porque você não terá tempo ou recursos para eles.
  3. O terceiro cocheiro encontrará o equilíbrio entre a atenção que dará aos cavalos e à carruagem. Este é modesto, mas está bem ajustado, e seus cavalos ficarão saudáveis, pois não cede a todas as suas exigências.

Chegou o dia muito importante do passeio e todos estarão muito seguros de si. Depois de alguns metros, os cavalos do primeiro perderam o controle porque não queriam mais correr e quebraram a carruagem, a carruagem do segundo era muito pesada para seus cavalos famintos, que pararam mortos e a fizeram capotar. Enquanto isso, o terceiro piloto com passo firme e tranquilo continuará até atingir a meta indicada pelo viajante.

Os cavalos e a carroça formam um time indivisível, como as emoções e a mente, mas para que tudo funcione, o viajante é quem tem que tomar as decisões.

O cocheiro fará a manutenção e consertará a carruagem quando necessário, mas não ficará obcecado por ela, alimentará e cuidará dos cavalos, mas não se submeterá a eles.

O viajante é aquele que conhece a meta e é quem realmente pode nos conduzir a ela, elevada a uma mente serena, movida por um corpo e emoções equilibrados.

A mente é o elo entre o eu superior e o ego. Por meio desse canal, o eu superior se expressa no mundo. O comportamento do cavalo depende de como o cocheiro o dirige. Portanto, os estados emocionais (o cavalo) dependem em grande parte dos pensamentos (o motorista) e não do que acontece fora.

Temos corpo, emoções, mente e espírito. O espírito é a essência do ser, é a alma, é o dono da carruagem.

Idealmente, o mestre da carruagem (o espírito) vê a mesma vontade com a mente (o motorista) agindo em uníssono. Este contato direto e enriquecedor permitirá ao cocheiro atuar com inteligência e comando da carruagem e dos cavalos. Chamamos esse sistema físico, emocional e mental de ego. Uma essência ego superior bem-humorada qualifica a jornada com sabedoria, amor, inspiração e liberdade. Nossa jornada será cheia de realização, criatividade, mestres, força, equilíbrio, etc.

Hoje, muitos de nós podem estar dirigindo esta carruagem quase sem comunicação entre a mente e o espírito.

Precisamos funcionar com o coração em comunicação com a cabeça.

O desempenho ideal

Segundo esse modelo, o funcionamento ideal do ser humano seria o seguinte: o senhor (o Ser), portador do saber e da sabedoria, transmitiria suas orientações ao cocheiro (a mente) na forma de ideias que ele / ela, acordada e aberta, se transformaria em pensamentos inspirados, necessários à perfeita execução da vontade do dono do veículo.

A vontade do cocheiro e a do dono seriam uma só vontade. O contato entre os dois seria tão direto e enriquecedor que permitiria ao condutor agir com a inteligência e competência necessárias para ter um perfeito domínio do cavalo (as emoções). Além disso, dirigiria toda a carruagem e o cavalo (o ego) com harmonia e eficiência, conduzindo-o pelo caminho designado pelo Senhor – que é o único que o conhece – sem se perder em caminhos perigosos ou becos sem saída . O cavalo, perfeitamente dominado, atuaria com toda a sua força (potencial emocional plenamente disponível) e puxaria a carruagem com rapidez, harmonia e eficiência (potencial criativo máximo). Somando-se a isso uma direção inteligente, o carro estaria em boas condições (boa saúde e muita energia física).

Dessa forma, o conjunto formado pelos sistemas mental, emocional e físico, ou seja, o ego, poderia expressar perfeitamente no mundo material a vontade da alma, a nossa essência. E assim manifestar de forma concreta as altas qualidades do coração e do espírito que o dono da carruagem (a alma) carrega dentro de si: inteligência superior, sabedoria, compaixão, inspiração, etc.

A pessoa viveria então em um estado de plenitude, criatividade, força e amor que nada e ninguém poderia alterar. Estaríamos em condições de enfrentar as dificuldades e desafios da vida com sabedoria, inteligência, serenidade e equilíbrio. E quanto ao cavalo (sistema emocional consciente e inconsciente), este permaneceria aberto e sensível, mas sem ser incomodado por outros cavalos ou carruagens que, melhor ou pior dirigidas por seus respectivos cocheiros, circulassem no mesmo caminho. Perfeitamente guiado, ele poderia continuar sua rota independentemente do comportamento dos outros e quaisquer circunstâncias externas. Sem o burburinho emocional usual, nossos relacionamentos seriam felizes e enriquecedores e, naturalmente, se tornariam ocasiões para celebrar a jornada da vida.

Operação atual

Até agora, o conjunto das carruagens tem sido conduzido ao longo do caminho da evolução por um cocheiro relativamente isolado do senhor, tendo mal desenvolvido a capacidade de entrar em contato com ele.

Essa desconexão com seu Eu superior faz com que a carruagem tenha muito poder e pouco controle.

Sem a sabedoria e o discernimento do Mestre interior, ele não é capaz de desempenhar suas funções com eficácia, harmonia e criatividade, nem controlar adequadamente o cavalo, que quase sempre o domina. O caos e as dificuldades diárias que vivemos na atualidade, tanto a nível pessoal como planetário, decorrem do já referido funcionamento que temos atualmente.

A essência do ser, a alma, o senhor

A filosofia materialista não aceita a essência do ser humano, nega que exista. Mas todas as tradições e a própria experiência de vida nos lembram que, embora seja evidente que temos um corpo físico, emoções e pensamentos, também é evidente que somos algo muito diferente. Os nomes atribuídos a essa parte essencial do ser são tão diversos quanto as culturas. O nosso, o judeu-cristão, chama isso de “alma”. Ao longo do livro, às vezes usaremos essa palavra, que nos é familiar, mas não no sentido religioso (que em seu mais alto grau a inclui), mas no de “essência”, como quando se fala da “alma das coisas ” Outras vezes, usaremos o termo “Ser”, que é o que realmente somos.

No século passado é possível que a razão, a mente racional tenha dominado e quase não se falava de emoções.

Naquela época, a inteligência que estava apenas no cérebro era medida e o QI era usado para o quociente intelectual. Mas as emoções dificilmente eram usadas para determinar a inteligência, no entanto, elas existiam em todas as áreas, família, trabalho, relacionamentos, etc.

Este mundo emocional desconhecido, mas muito ativo, domina aspectos da sociedade, da vida. Estamos com emoções não reconhecidas, não expressas e maltratadas. Aquelas emoções que não são digeridas e, ou não descarregadas corretamente, voltam a surgir em outros momentos da vida em detrimento disso. Este mundo emocional não resolvido pode criar atividade destrutiva, agressividade, confusão, desprezo, desconforto físico, falta de cooperação, falta de comunicação, vingança, má vontade, etc.

Essas emoções conscientes ou inconscientes manipulam nossa mente racional. A vida se torna um mar de lutas e inconsistências. A mente racional é considerada a única base da inteligência, desacreditando o grande potencial das emoções. Temos uma carruagem carregada por partes separadas, as emoções seguem seu caminho, a mente dele e o espírito desconectado de tudo.

No novo caminho nesta nova era de consciência, temos que unificar todos esses aspectos e descobrir uma fonte muito mais elevada de inteligência e inspiração.

Já foi observado que esse QI não tornava as pessoas mais bem-sucedidas, mais felizes, mais criativas ou mais inteligentes. Por outro lado, pessoas com menos QI e menos dotadas no campo intelectual eram mais felizes, mais felizes e em seu ambiente eram amadas, vivendo em harmonia e amor.

Após a década de 1960, as pessoas começaram a falar sobre inteligência emocional com qualidades como:

Indivíduos que são capazes de reconhecer e expressar suas emoções. Eles podem levar uma vida feliz, podem compreender como os outros se sentem e podem criar e manter relacionamentos interpessoais satisfatórios e responsáveis ​​sem se tornarem dependentes. Eles têm uma visão positiva de si próprios e de atitudes e potencialidades. São pessoas realistas e otimistas, que conseguem resolver seus problemas muito bem e lidar com o estresse sem perder o controle.

A Mente Humana e a Metáfora da Carruagem

“O ser humano é como uma carruagem puxada por cinco cavalos. Os cavalos são nossos sentidos, a carruagem nosso corpo, o cocheiro nossa mente que controla a força dos sentidos para irmos na direção que o passageiro, nosso espírito e dono da carruagem, deseja. Se deixarmos os cavalos sem controle eles poderão ir a destinos que não nos interessa e a carruagem, nosso corpo, sofrerá na viagem”.

Síntese: Treinar o cocheiro e não o cavalo

Na tradição Hindu temos o Katha Upanisad – um texto em sânscrito que traz conceitos e ideias que fundamentam o hinduísmo. Nesta metáfora da carruagem temos alguns personagens:

O passageiro (ou dono) da carruagem é o nosso Ser, o aspecto mais divino e essencial de quem somos. Você pode chamá-lo de alma, essência, Deus, ou que seu coração mandar.

O cocheiro (ou auriga) é o seu intelecto, sua mente profunda.

As rédeas da carruagem são a mente superficial.

A carruagem em si é o nosso corpo.

E os cavalos são os nossos sentidos e ações, ou seja, a força motriz.

Na maior parte do tempo nos deixamos levar pelos cavalos, sem nenhuma interferência do cocheiro e isso faz com que o caminho seja incerto e sem direção.

Mas quando treinamos o cocheiro ele passa orientar os cavalos, ou seja, a conduzir, a guiar nossos sentidos e ações, no caminho que o passageiro escolheu trilhar.

Esse “treino do cocheiro” ou treino da mente pode ser feito através da prática da meditação.

Quem está dirigindo sua carruagem?

Os Símbolos de nossos instrumentos internos:

A carruagem é usada em textos antigos do yoga para simbolizar o treinamento da mente e dos sentidos. Apesar de não usarmos mais carruagens nos dias atuais, a lição é tão pratica quanto era há milhares de anos atrás. Permita-se visualizar essa imagem, pois será de muita utilidade em sua prática de yoga e na sua vida espiritual do cotidiano. 

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Como dirigir sua carruagem

Estradas
As diversas estradas que sua carruagem pode tomar são os incontáveis objetos de desejos do mundo e de sua memória.

Cavalos
Os cavalos são os sentidos (indriyas), através, dos quais, nos relacionamos com o mundo externo pela percepção e ação.

Rédeas
As rédeas são a mente (manas), através, da qual, os sentidos recebem as instruções de como perceber e agir.

Cocheiro
O cocheiro é o intelecto (buddhi), aquele que sabiamente dá as instruções à mente.

Passageiro
O passageiro é o Self, o Atman, a pura essência, o centro da consciência que com equanimidade à tudo testemunha.

Carruagem
A carruagem em si, é o corpo físico, o instrumento pelos quais o Self, o intelecto, a mente e os sentidos operam.

Quem está dirigindo a carruagem?
Para muitos de nós, na maior parte do tempo, o cocheiro não está trabalhando. As rédeas, chamadas mente, estão oscilando livremente sem a condução apropriada de nossa sabedoria interna. Quando as rédeas estão assim livres, elas não dão qualquer instrução para os cavalos chamados de sentidos. Os cavalos (sentidos) vagueiam livres por qualquer estrada que queiram guiados pelo momento, em resposta às suas memórias do passado (chitta). A carruagem (corpo) apanha, os cavalos (sentidos) se cansam, as rédeas (mente) se desgastam e o cocheiro (inteligência) fica preguiçoso. O passageiro(Self) é completamente ignorado.

Traga o cocheiro novamente ao trabalho:
A solução para o problema é requalificar o cocheiro (inteligência) para que ele assuma as rédeas (mente) e comece a direcionar os cavalos (sentidos). Esse treinamento é chamado sadhana ou prática espiritual. Significa treinar todos os níveis de nosso ser, de forma a experimentarmos a quietude, o silêncio e o nosso centro eterno.

Permita que o cocheiro conduza o passageiro:
Ao tornar o cocheiro (inteligência) mais estável na execução de seu próprio trabalho, ocorre um aumento na percepção de que todo o propósito da carruagem, cavalos, rédeas e cocheiro, devem de fato servir de instrumentos ao passageiro, o verdadeiro Self.

por Swami Jnaneshvara Bharati SwamiJ.com

Reflexão: antaḥkaraṇa e a metáfora da carruagem

antaḥkaraṇa, Instrumento ou Órgão Interno, pode ser melhor entendido recorrendo a uma célebre e longeva imagem no contexto do Yoga, a “Metáfora da Carruagem”, que terá tido a sua première no terceiro capítulo, ou Vallī, da Kaṭha Upaniṣad.

Imaginemos, então, uma carruagem, puxada por cavalos e com um cocheiro a tomar-lhe as rédeas, deslocando-se por uma estrada. Posto isto, nesse modelo da mente ou da cognição, quem é quem? A miríade de Estradas por onde a carruagem pode circular correspondem à miríade de objectos de desejo “existentes” no mundo e retidos na memória do sujeito. A Carruagem representa o corpo-físico, o instrumento através do qual o Si Transcendental (Ātman), o intelecto, (a cognição mental, emocional e sensorial) a mente e os sentidos operam. O Passageiro da carruagem é o Si Transcendental (Ātman), o puro centro da consciência, que é sempre uma testemunha neutra. O Cocheiro é buddhi, o intelecto ou cognição mental, supostamente o fornecedor sensato de instruções à mente [o discriminador]. As Rédeas são manas ou cognição sensorial, através da qual os sentidos recebem as suas instruções para percepcionar e agir. Finalmente, os dez Cavalos equivalem aos dez sentidos (indriya-s) através dos quais nos relacionamos com o mundo externo pela percepção (Jnānendriya) e pela acção (Karmendriya).

Apresentados os integrantes, colocam-se as questões: como funciona normalmente este aparato? Bem ou mal?

Comecemos por quem dirige, ou deveria dirigir, a carruagem. Sucede que, para a maioria da das pessoas, durante quase todo o tempo, o cocheiro está alheado do seu propósito ou função. As rédeas, isto é, a cognição sensorial, estão soltas sem a devida orientação do processo mental-atentivo neutro, ou buddhi. Quando as rédeas estão “ao deus dará”, não emitem qualquer tipo de instrução aos cavalos (os sentidos) que, por conseguinte, galopam desgovernados por qualquer estrada à qual se sintam atraídos ou impelidos, no momento. Esse galope não é propriamente avulso, pois inconscientemente procede no sentido das memórias e conteúdos psíquicos acumulados (como saṃskāra-s vāsanā-s) em citta, a memória e tendências latentes, que formam o Sentimento de Si: o Auto-conceito, o Ego, a Personalidade ou Jīvātman. O resultado é um aparato todo ele desequilibrado: a carruagem, ou corpo físico, ruma ao esgotamento; os cavalos andam sem direcção, esgotando; as rédeas desgastam-se; o cocheiro faz mera figura de corpo presente, demitido da sua função de orientar; o passageiro é completamente ignorado, havendo total identificação com o Sentimento de Si.

Traçado o cenário habitual, lança-se nova questão: idealmente, como deveria funcionar o aparato descrito?

Colocar o cocheiro de volta ao trabalho, fazendo com que sirva o passageiro! A solução para o problema passa por treinar o cocheiro a assumir as rédeas (mente) e, consequentemente, passar a dirigir os cavalos (sentidos). A este treino dá-se o nome de Sādhana, a prática espiritual ou contemplativa a que corresponde ao Yoga enquanto meio. Ao cumprir-se este pressuposto de prática, o sujeito aprimora todas as funções da mente, eventualmente, até experienciar a quietação inerente ao eterno centro, o Passageiro. Neste caso, o processo de atenção avulsa, ou de uma cognição mental continuamente identificada com tudo o que lhe aparece, reforçando a narrativa do Ego, passa a uma atenção focada no Passageiro, o não-Ego, Si Transcendental ou Ātman. Portanto, o ponto fulcral passa pela recuperação e estabilização da função inerente ao cocheiro, levando a que emerja uma consciência-atencional continuamente indicando que o conjunto carruagem-cavalos-rédeas-cocheiro passa por servir, enquanto instrumentos concertados, o passageiro, o Si Transcendental.

O corpo humano é a carruagem. Eu, o homem que a conduz. O pensamento, as rédeas. Os sentimentos, os cavalos. Platão

Krishna conduz a carruagem de Arjuna. Manuscrito da Bhagavad Gita.

Os astros inclinam, mas não determinam

Um belo conto traduzido das Escrituras orientais nos explica que a carta astrológica é uma imagem do céu, desenhada para projetar a disposição dos astros na realidade terrestre. Os planetas não estão soltos, eles ficam localizados em setores específicos na vida.

Katha Upanisad

“Imagine o Ser como o senhor de uma carruagem realizando uma jornada. O corpo é a própria carruagem. O discernimento é o cocheiro. A mente, as rédeas.
Os sentidos, dizem os sábios, são os cavalos, as estradas que eles percorrem, os labirintos do desejo. Quando o Ser é confundido com o corpo, a mente e os sentidos, ele parece desfrutar o prazer e sofrer a dor.
Quando falta ao homem discernimento e à sua mente disciplina, os sentidos disparam e tornam-se incontroláveis, como cavalos selvagens.
Porém, quando o homem possui discernimento e uma mente controlada, seus sentidos, como bem treinados cavalos, facilmente respondem ao freio.
Aquele que não tiver discernimento, que não tiver disciplinado sua mente, que não for puro de coração, não alcançará a meta, ficando preso ao ciclo de mortes e renascimentos sucessivos.
Aquele que tiver discernimento, mente disciplinada e pureza interior, alcançará a meta, e nunca mais irá sofrer nas garras da morte.
Aquele que tiver o discernimento por cocheiro e controlar as rédeas de sua mente, alcançará o fim da jornada, a união com o Ilimitado.”
Kaṭha Upaniṣad, parte 1, canto 3

Construir o seu Céu

O Ser é o Sol. O Sol sou Eu, ‘senhor da carruagem’.
O corpo é o nosso Ascendente, a embalagem que envolve o Ser e se apresenta no mundo.
O cocheiro é a Lua, que anima o corpo e reage ao mundo.
As rédeas, essa é a mente, os pensamentos, isso é Mercúrio.
Os labirintos do desejo marcam a presença de Vênus.
Os cavalos velozes atravessando as estradas trazem a força e a ação de Marte.
Discernimento e sabedoria nos mostra Júpiter.
Controle e disciplina são coisas de Saturno.
E o destino dessa viagem, o futuro, esse é o chamado Meio do Céu.

Na construção do seu céu é preciso saber as forças que levam essa carruagem ao seu destino. Não basta saber do Sol, quem sou eu, porque sem todos os outros aspectos, esse Eu está solto, sem função, sem ação, sem desejo, nem motivação.

Construir o seu céu através do conhecimento astrológico permite a liberdade própria do ser humano, de reinventar destinos, remodelar desejos, redecorar seu ambiente de vida.

Somos responsáveis pelas nossas escolhas, pois somos dotados de Livre Arbítrio, Vontade e Consciência.

Existe uma antiga frase em latim que define bem a Astrologia: Astra inclinant, sed non cogunt’, traduzida como: ‘os astros inclinam, mas não determinam’.

“Sobre os homens, os astros inclinam, mas não determinam.”

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Os 7 Princípios Herméticos do Universo

Os 7 Princípios Herméticos do Universo

Os 7 Princípios Herméticos do Universo

Leis herméticas é um conjunto de princípios atribuídos a Hermes Trismegisto que formam uma filosofia que ficou conhecida como Hermetismo.

Os escritos herméticos são uma coleção de 18 obras Gregas, e as principais são o Corpus Hermeticum e a Tábua de Esmeralda, as quais são tradicionalmente atribuídas a Hermes Trismegisto.

O hermetismo consiste, de forma sincrética, no estudo e prática da evolução e expansão da consciência humana até à Consciência divina, penetrando assim nos mais profundos mistérios da Criação, o que ficou conhecido como iniciação, iluminação ou senda no Oriente.

Também chamado de Hermes “três vezes grande” (significado de “Trismegisto” em latim), os escritos atribuídos a Hermes e é justamente daí que vem a expressão hermeticamente fechado. Um conjunto de princípios que visam fechar agrupar todas as leis que regem o universo e sua manifestação.

O livro O Caibalion e os Princípios Herméticos

Entre as obras mais importantes associadas a Hermes também estão os textos compilados no Corpus Hermeticum e a Tábua de Esmeralda, que exerceram grande influência na filosofia grega do século III e que voltaram à tona durante a Idade Média e o Renascentismo, épocas em que os experimentos da alquimia estiveram em voga.

Em 1908, os princípios que regem todas as coisas foram reunidos no livro O Caibalion, escrito pelos Três Iniciados a partir dos livros de Hermes. A autoria dos Três nunca foi confirmada. O título do livro deriva da mesma raiz que levou ao termo “cabala” em hebraico, que significa “recepção”. Nele, se encontram as descrições das 7 Leis Herméticas que regem todo o universo e que serão resumidas a seguir.

As Sete Leis Herméticas

1 – O Princípio do MENTALISMO:  “O todo é Mente; o universo é mental.”

A primeira e mais importante lei hermética fala basicamente sobre o poder da mente. O universo em que vivemos e tudo o que cremos ser realidade é de natureza mental: a natureza, nossas ações, nossos corpos e todo o resto. Nós somos o que pensamos. Se pensamos coisas boas, coisas boas virão; se pensamos coisas ruins, elas ficarão mais próximas de nós em uma estrutura de forma-pensamento. O universo é um campo de energia mental em dimensões particulares.

2 – O Princípio da CORRESPONDÊNCIA: “O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora.”

Na segunda lei hermética, compreendemos que para tudo existe uma correspondência no universo, seja no microcosmo ou no macrocosmo. Usando a Bíblia como exemplo, este princípio está refletido na analogia de quando “Deus cria os homens à sua imagem e semelhança”. Sendo assim, para compreendermos tudo aquilo que nos cerca, temos que olhar para a sua correspondência e seu padrão em outros lugares.

3 – O Princípio da VIBRAÇÃO: “Nada está parado, tudo se move, tudo vibra.”

A terceira lei hermética é amplamente aceita pela ciência moderna e trata do movimento inerente ao universo. Tudo se move, pois tudo vibra. Tudo é composto de átomos em constante vibração. O movimento é o que leva a mudanças e as vibrações ocorrem em diferentes graus. Por meio das vibrações, podemos estar mais próximos do caos ou da harmonia, e isso pode ser controlado. Nas frequências mais altas estão aquilo que não é visto; nas frequências mais baixas estão as vibrações da matéria.

4 – O Princípio da POLARIDADE: “Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliáveis.”

Na quarta lei hermética, entendemos que vivemos em um mundo polarizado. Tudo tem uma dualidade: o quente e o frio, o claro e o escuro, esquerda e direita, bem e mal… Quando associamos o princípio da polaridade com o da vibração, porém, compreendemos que as dualidades são duas faces da mesma moeda – em graus diferentes. O escuro não é nada além da luz ausente; a saúde é ausência de doença. A dualidade é, também, a unidade.

5 – O Princípio do RITMO: “Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação.”

Na quinta lei hermética, entendemos que vivemos em uma dinâmica de ciclos. Tudo o que vai, volta, e vivemos em uma vibração eterna de atração e repulsão, de inspiração e expiração. Assim como podemos estar por cima, certamente voltaremos para baixo, e isso vale tanto para movimentos físicos como o dos astros, frequências mentais e padrões de relacionamento. Por meio da Neutralização, é possível conquistar maior estabilidade dos ritmos.

6 – O Princípio de CAUSA E EFEITO: “Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei.”

Na sexta lei hermética, compreendemos que as coincidências nada mais são do que acontecimentos nos quais as causas ainda não foram esclarecidas. Toda ação tem uma reação e nada é por acaso. Ao dominar os princípios desta lei, é possível ser o agente causador e não apenas sentir os efeitos, de modo que possamos propagar o bem. Quando tal mecanismo é dominado, nos tornamos mestres de nós mesmos.

7 – O Princípio de GÊNERO: “O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero manifesta-se em todos os planos da criação.”

No último princípio hermético, entendemos que o gênero não está apenas naquilo que se reproduz fisicamente, mas também está em planos mentais, naturais e espirituais. Toda criação deriva de uma força masculina e feminina. Tudo o que existe pode ter gênero: seres humanos, planetas, árvores. Sabendo e internalizando este fato, podemos viver em maior plenitude.

A Divindade de Hermes Trismegisto

A divindade de Hermes Trismegisto provêm do deus Toth. 

Toth é um deus egípcio o qual simboliza a lógica organizada do universo. Ele é relacionado aos ciclos lunares a qual em suas fases expressa a harmonia do universo. E também como deus do verbo e da sabedoria foi naturalmente identificado com Hermes. 

Como o deus da sabedoria o Toth foi atribuído como escritor de uma série de textos sagrados egípcios os quais descrevem os segredos do universo. Os textos Herméticos antigos podem ser considerados também retentores de ensinamento e de uma base de iniciação a antiga cultura egípcia.

Como todos os deuses egípcios o Toth inicialmente era adorado localmente, mas depois a adoração espalhou-se por todo o Egito. Uma das localidades de adoração ao Toth era na Grande Hermópolis. Com o estabelecimento da dinastia ptolomaica naquela região, os Gregos imigraram também para a cidade sagrada de Toth. Desta imigração de gregos advém a identificação de Hermes com Toth.

Reza a lenda que na antiga Alexandria helenística, o Deus egípcio Thot, deus da magia, da iluminação e das palavras de poder, foi fundido com Deus grego Hermes, da comunicação e da sabedoria. Nos textos egípcios, o nome Thoth possuía um título triplo, algo como “Grande, Grande, Grandessíssimo Deus”.

Em grego, o nome de Thoth foi traduzido para Hermes, mas, para não perder a associação com o Deus egípcio, o título Trismegisto foi adicionado para formar então Hermes Trismegisto. Seus seguidores eram conhecidos como hermetistas e acreditavam que Hermes e seus ensinamentos eram a verdadeira fonte de sua sabedoria.

Em reconhecimento a esse fato, suas obras eram assinadas com o nome Dele em vez de autorias próprias. Tais obras se tornaram conhecidas como textos herméticos, incluindo diversos trabalhos sobre alquimia, magia, astrologia e filosofia. Os textos filosóficos foram reunidos em uma coleção de cerca de vinte textos, chamados de Hermética.

“Sob as aparências do Universo, do Tempo e do Espaço e da Mobilidade, está sempre encoberta a Realidade Substancial: a Verdade fundamental.” – O Caibalion

Uma outra história diz que Hermes foi um grande estudioso e filósofo egípcio que viveu entre 1.500 a.C e 2.500 a.C. Considerado o primeiro alquimista da história, Hermes seria capaz de transformar rocha em metal (o que hoje faz a indústria siderúrgica), extrair a vida das plantas (fitoterapia) e modificar a matéria (como fazem os químicos).

Embora tenha sido escrita nos primeiros séculos após o nascimento de Cristo, a Hermética apresentava-se como um trabalho mais antigo, escrito por um tipo de mago ancestral chamado Hermes, que por meio de práticas místicas atingiu um estado de consciência mais alto e se tornou um Deus.

Na Hermética, a palavra grega gnosis (que quer dizer “conhecimento”), era usada para descrever o estado de consciência mais elevado. Essa mesma palavra era empregada por outros místicos, inclusive por seitas cristãs primitivas (conhecidas como gnósticas), por algumas seitas judaicas como os essênios e por gnósticos sabeus.

A Hermética e a Astrologia

A Hermética possuia uma visão de mundo mística e astrológica. Os planetas foram, cada um, nomeados em homenagem a um Deus e, no período helenístico, sua ordem foi determinada pela velocidade, na seguinte ordem: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. 

Acreditavam também que os planetas formavam um tipo de “escada entre a Terra e o Céu” onde a energia de cada planeta recebia certas qualidades daquele deus, sendo associadas aos quatro elementos: Terra, Agua, Ar e Fogo.

Os 7 planetas também eram entendidos como centros da alma do Cosmos e seu elo correspondente poderia ser encontrado ascendendo também pela coluna vertebral, da base até o topo da cabeça, no microcosmo do corpo humano.

Pitágoras, o mais antigo dos filósofos místicos, desenvolveu a escala musical diatônica de sete notas marcadas pelas sete vogais do alfabeto grego para capturar o som que cada planeta faria ao orbitar a Terra.

Essa harmonia era chamada na época de “música das esferas”. Pitágoras usava essa escala em um tratamento musical para harmonizar os centros humanos da alma com os planetas. Essas notas funcionavam como virtudes que curariam os desequilibrios ou vícios localizados em cada centro da alma.

Cada planeta era visto como uma via de mão dupla e que ao evoluir, deveríamos deixar para trás os sete dons conferidos pelos planetas e, em um estado mais purificado, adentrar um novo mundo além da matéria, com uma nova consciência. Esse processo envolvia abandonar ou curar os sete Vícios atribuídos a cada um dos 7 planetas:

A demasiada oscilação da Lua; a astúcia e sagacidade de Mercúrio; a luxúria e cobiça de Vênus; a arrogância e egoísmo do Sol; a audácia e ira de Marte; a ganância de Júpiter e a ação taciturna de Saturno.

Tal processo levaria à gnose e consequentemente ao entendimento de que somos feitos de “algo além da matéria, seres espirituais de luz e vibração”.

Enfim… são muitas as histórias, fatos, ensinamentos e lendas ao redor de Hermes Trismegisto. A existência de um sábio homem não é descartada, porém, a forma como a filosofia hermética evoluiu e foi passada de geração para geração faz com que Hermes seja uma figura que representa mais do que um ser humano que aqui habitou, mas um conjunto de ideias e modos de encarar a vida que colaboram imensamente com o nosso autoconhecimento.

“Oh, não deixeis apagar a chama! Mantida de século em século, nesta escura caverna, neste templo sagrado, sustentada por puros ministros do AMOR! Não deixeis apagar esta divina chama!” Edward Carpenter

Os 7 Princípios Herméticos do Universo, você achou interessante, gostou da publicação, comente aqui e saiba mais no livro: O Caibalion: Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia

O Caibalion: Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia

Baseado nos princípios egípcios conhecido como Leis HerméticasO Caibalion (Kybalion, palavra que pode ser traduzida como “tradição ou preceito manifestado por um ente de cima”) é um livro esotérico sobre os princípios herméticos sistematizados pela primeira vez no ocidente com este formato em 1908, escrito originalmente em língua inglesa.

No Brasil, sua primeira edição surgiu em 1922, lançada pioneiramente em nosso país pela Editora Pensamento.

Até hoje não se sabe quem realmente o escreveu, sendo normalmente atribuído a três indivíduos autointitulados: Os Três Iniciados.

Há rumores que na realidade isso seja apenas mais uma alcunha de William Walker Atkinson, escritor e mentalista norte-americano conhecido também pelo pseudônimo de Yogi Ramacharaka.

Segundo Os Três Iniciados, esse livro contêm a essência dos ensinamentos de Hermes Trismegistos, tal como ensinado nas escolas herméticas do Antigo Egito e da Grécia.

O título Caibalion compartilha a mesma raiz da palavra Qabala, e muitas das ideias apresentadas neste livro anteciparam conceitos relativamente modernos como a Lei da Atração e das ideias ligadas ao Movimento do Novo Pensamento. Um dos maiores clássicos do esoterismo ocidental.

Em qualquer lugar que se achem os vestígios do Mestre, os ouvidos daqueles que estiveram preparados para receber o seu Ensinamento se abrirão completamente. O Caibalion

Livro Consultado: O Caibalion: Estudo da Filosofia Hermética do Antigo Egito e da Grécia: https://amzn.to/2Nl3ufy

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Se você não sabe onde quer chegar qualquer caminho serve

O conhecimento só é útil quando nos torna melhores

Só é útil o conhecimento que nos torna melhores. Sócrates*

No caminho do autoconhecimento, buscamos respostas. Qual é sua verdade? Quem é você? Quais são seus valores e princípios? Quais são suas paixões? Seu sonho está alinhado com seus princípios e valores? Já parou para pensar se está alinhado com isso!?

Quando pretendemos encontrar em nosso interior a Centelha do Divino, as respostas para nossos questionamentos, deparamo-nos com muitos livros, conceitos, teorias, técnicas, cursos, ferramentas…

Como saber qual caminho seguir? Como filtrar tanta informação diante de nós?

O excesso de informação provoca uma angústia típica dos tempos atuais e levando à conclusão de que, às vezes, saber demais é um problema. “É preferível a ignorância absoluta que o conhecimento em mãos inadequadas – Platão

Onde você quer chegar?

Quem já leu a obra de Lewis Carrol “Alice no País das Maravilhas”, se lembra que a protagonista está atrás de um coelho e acaba caindo em um buraco, uma clara metáfora ao mergulho dentro de si.

Se você não sabe onde quer chegar, está deixando que a vida simplesmente aconteça. Nesse caso, você corre o risco de obter resultados diferentes do desejado e seus sonhos ficarão para sempre na sua mente.

Em um determinado momento, Alice está perdida em uma estrada com várias possibilidades de caminho e vê o gato no alto de uma árvore. Ela olha para ele e diz:

– Por favor, poderia me dizer que caminho devo tomar aqui? – Perguntou Alice.
– Depende muito do lugar aonde você quer chegar – disse o Gato.
– Pode ser qualquer um – respondeu Alice
– Então não importa que caminho vai tomar – observou o Gato.
– Desde que eu chegue a algum lugar – acrescentou Alice
– Ah, se andar bastante – disse o Gato – com certeza vai chegar.

Talvez não tenha se dado conta da lição que está nas entrelinhas. A lição trata de ter um objetivo em mente. Se você não tem um objetivo, vai andar muito, muito, muito, tempo…E pode ser que não chegue a lugar algum. Eu chamo isso de “síndrome de Alice” ou “síndrome da insatisfação” ***

Busca do Caminho aliada ao objetivo

Se você não sabe onde quer chegar, está deixando que a vida simplesmente aconteça. Nesse caso, você corre o risco de obter resultados diferentes do desejado e seus sonhos ficarão para sempre na sua mente.

Sabemos que nem tudo o que encontramos, nem tudo o que nos chega está sintonizado com nosso propósito. Muitas vezes, uma mesma informação é colocada com nuances diferentes e pode nos fazer chegar a conclusões diversas. 

Então, nesse oceano de infinitas possibilidades, perguntamos: o que agrega? O que alimenta nosso eu interior? Qual água desse oceano sacia nossa sede de crescimento?

Esteja motivado a uma causa nobre e elevada

Esteja motivado a Algo Nobre, Algo Elevado e que te tornas melhor! Busque o conhecimento que nos torna melhores, busque diariamente no seu coração a sua verdadeira essência e siga o seu objetivo.

Quando expandimos nossa consciência ficamos alinhados com nosso pensamento e sentimento, ficamos alinhados com o que está dentro de nós com a nossa intuição, com nosso terceiro olho.

Quando alinhamos nosso pensamento com o nosso sentimento isso se torna um decreto para o universo. Estamos decretando o que queremos de forma alinhada.

Conhecimento só vira sabedoria quando você incorpora na sua vida. Está busca nada mais é do que um reencontro com a nossa essência. Quando usamos com sabedoria o critério de discernimento utilizamos a verdade do coração. Quando usamos o ego e o julgamento utilizamos a mente.

A verdade do coração alinhada com ação correta

Como saber se estamos alinhados ou não? Prática diária.

Quando estamos no caminho do ego é incômodo, perturbador, porque pode ferir sua base de princípios e valores.

Quando utilizamos a inteligência emocional não há dúvida, não precisamos de aprovações e independente do que esteja acontecendo a sua volta sabemos que a nossa conduta de posicionamento foi a correta e alinhada não só visando interesses próprios.

Se alinhar diariamente é um exercício necessário “é só abaixar a voz do ego e da razão. Porque quando falo alto, não me escuto.” Acredite, tudo o que você procura já está dentro de você!

Transborde e liberte-se! Liberdade significa a capacidade de agir guiado pela alma, e não compelido por desejos

Paz além do entendimento. Deixe sua alma perfilar tranquila para encontrar sua trajetória.

Mestre de si próprio

Em qualquer lugar que se achem os vestígios do Mestre,
Os ouvidos daqueles que estiverem preparados para receber
O seu Ensinamento, se abrirão completamente.
Quando os ouvidos do discípulo estão preparados para ouvir,
Então vêm os lábios para enchê-los de sabedoria”.

Porém: “Os lábios da Sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento”. Caibalion

O conhecimento nas mãos de quem não está suficientemente comprometido com a evolução de si mesmo e da humanidade, é inadequado. “É preferível a ignorância absoluta que o conhecimento em mãos inadequadas Platão

Por isso, devemos abrir os nossos olhos para o oceano de informações que temos diante de nós. Seguir em busca do conhecimento que nos eleva a planos superiores. Que traz as respostas para as perguntas existenciais que possuímos.

Quando o homem equilibra a mente, o espiritual passa por ela e se manifesta no mundo. Ele se torna uma ferramenta de conhecimento para contribuir com a humanidade. Ele estará na sua essência, será seu próprio mestre.

*Sócrates marca uma reviravolta na história da Humanidade. Até então, a filosofia procurava explicar o mundo baseada na observação das forças da Natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo. Como diria mais tarde o pensador romano Cícero, coube ao grego ‘trazer a filosofia do Céu para a Terra’ e concentrá-la no homem e em sua alma (em grego, a psique). A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem.

*Sócrates muito preocupado com as informações difundidas no mundo, ele disse que “sé é útil o conhecimento que nos torna melhores”. Cuidado que temos que ter com tantas informações, para não tornar o conhecimento sem profundidade.

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Ganimedes e a Aguia de Zeus

O Aguadeiro Celeste com Ganímedes. O amor além da natureza

O Aguadeiro Celeste com Ganímedes. O amor além da natureza

Ganímedes foi um jovem encantador e, por conta disto, Zeus se transformou em uma águia e o raptou para servir o néctar aos deuses, bebida que oferece a imortalidade.

Entre o Céu e a Terra

Ganímedes derramava “água do conhecimento” aos homens sobre a terra, servindo também aos homens.

Em homenagem ao belíssimo jovem, Zeus colocou-o na constelação de Aquário. O símbolo do signo de aquário é um aguadeiro, que, em algumas versões, seria Ganímedes.

Já na astronomia, uma das luas do planeta Júpiter (homenagem a Zeus), é chamada de Ganímedes, fazendo assim, referência ao mito.

Ganímedes era um jovem rapaz, um dos mais belos entre os mortais. Ele cuidava do rebanho de seu pai quando Júpiter (ou Zeus na mitologia grega) apaixonou-se perdidamente por ele à primeira vista. Foi então que ardilosamente, Júpiter (mitologia romana) se transformou numa águia e o raptou, levando-o para o Olimpo.

Na morada dos deuses, o jovem torna-se “o garçom”, aquele que serve o néctar divino aos deuses e o zelador da água potável, servindo a água do conhecimento aos homens. É por isso que é tão comum ver imagens de Ganímedes com uma ânfora. 

Ganímedes é filho do rei de Troia, um dos príncipes herdeiros do trono. Para acalmar a ira do pai que viu seu filho raptado, Zeus oferece uma parreira de ouro e dois cavalos. No Olimpo, Zeus encanta-se de tal maneira por Ganímedes que o transforma em um deus imortal.

Traços desta história associam o “Aguadeiro Celeste” a um deus do amor homossexual ou bissexual, uma vez que a relação Zeus-Ganimedes transgride a lógica da procriação da espécie, na relação de amor e admiração do homem mais velho pelo mais novo, como retrata a história.

É Ganímedes quem liberta Zeus da obrigação de procriar? Ou Zeus quem livra-se da obrigação com a ajuda do jovem? Não sabemos. Mas, uma coisa é fato, com Ganímedes, Zeus experimenta outros afetos, além da natureza marcada pelo gênero, além do corpo e da obrigação de fertilizar o mundo com o gen divino.

Júpiter é o deus maior do Olimpo, o fértil, o expansivo, o que povoa o planeta. Ele tem filhos com uma infinidade de deuses, semi deusas e humanas. Mas há um relato que foge a esse padrão heteronormativo e ele está na história de amor entre Ganímedes e Zeus. 

Talvez por isso haja na sexualidade aquariana um espaço para pensar e agir para além dos papéis de gênero pré estabelecidos. Em Ganímedes há uma fusão do amor pela humanidade, já que é ele, assim como a imagem de Aquário, que carrega a água dos homens. Mas também uma liberdade de amar sem padrões, fórmulas, preconceitos, regras ou obrigações.

O amor em Aquário é livre, libertário e talvez por isso, exatamente por isso transgressor. Pois amar sem amarras é um desafio. Em Aquário, há um fascínio erótico (de Eros, o amor), para além do masculino ou do feminino. Em Aquário é possível apaixonar-se por “pessoas”. 

“Estudiosos afirmam que quanto mais nos aproximarmos da essência da Era de Aquário, que já começou, mais poderemos ver e sentir o amor se transformar em algo para além das barreiras de gênero. Penso que quando Plutão entrar em Aquário, e isso se dará por volta de 2024, este será um assunto muito mais comum de se conversar que nos tempos atuais. Até lá, que os planetas nos guiem e o amor nos transforme.”

“O Aguadeiro Celeste com Ganímedes, o amor além da natureza, além do corpo, além da genética, muito além da obrigação de fertilizar o mundo com o gen da divindade.”

Síntese: O néctar é a água derramada na humanidade, a água simbolicamente é a unidade e o conhecimento.

Águas celeste para nos guiar no caminho do amor que transforma a liberdade de amar sem padrões, fórmulas, preconceitos, regras ou obrigações. Um amor além da natureza, um amor além da vida. Um estado de Amor.

Um amor como busca da unidade na multiplicidade.

Águas que serão derramadas para combater o individualismo e construir uma realidade de união, empatia, fraternidade entre a humanidade.

No céu Aguadeiro se encontra um “Mar de Grandes Águas” onde as “Baleias” tem ressonância com o som da humanidade.

Derrama tuas bênçãos de misericórdia e teu bálsamo na terra. A Terra é um céu em potencial.

OM MANI PADME HUM

Créditos: Escultura de Ganímedes oferecendo o néctar dos deuses a Zeus travestido de águia. A obra é do escultor dinamarquês Bertel Thorvaldsen (1770 – 1844)

Links Consultados: http://www.aastrologa.com.br/2019/01/ganimedes-e-o-amor-para-alem-do-genero.html https://youtu.be/AD-YLEQpQ4Q

O Amor além do Entendimento e do Julgamento

Os mitos nos ajudam a entender as relações humanas e guarda em si a chave para o entendimento do mundo e da nossa mente analítica. A mitologia grega, repleta de lendas históricas e contos sobre deuses, deusas, batalhas heróicas e jornadas no mundo subterrâneo, revela-nos a mente humana e seus meandros multifacetados. Atemporais e eternos, os mitos estão presentes na vida de cada Ser humano, não importa em que tempo ou local. Somos todos, deuses e heróis de nossa própria história.

Ganímedes, “o mais belo dos mortais”, era príncipe da família real de Tróia. Ele pastoreava seu rebanho numa montanha quando Zeus o viu. A beleza do jovem inflamou o coração do deus, que se transformou em águia e levou-o em suas garras para o Olimpo. Lá ele fez de Ganímedes seu escanção: aquele que é encarregado de servir o néctar, a bebida dos deuses, na taça de Zeus.

A Nova Era – A Era de Aquário

Os jovens amantes dos deuses e dos heróis mitológicos

A mitologia grega traz relatos de lendas que contam o amor entre homens, um costume comum e cultural daquela civilização. Ao contrário dos ensinamentos judaico-cristãos que viam nas relações entre duas pessoas do mesmo sexo um crime contra a natureza e a religiosidade da sua sociedade, a iniciação sexual na Grécia antiga através da pederastia era uma forma de elevação social, onde homens aristocratas mais velhos passavam os seus conhecimentos culturais, militares e religiosos aos mais jovens, usando para esse fim o amor através do sexo.

Amar um jovem adolescente constituía para a sociedade grega a representação do sentimento puro, sendo ele preparado para o amor à virtude, aos ideais helénicos e para a vida, inclusive a sexual. A passagem do adolescente pelas mãos de um homem mais velho era breve, encerrando-se tão longo ele entrasse na idade adulta e viril e que se casasse, assumindo as obrigações cívicas.

O jovem adolescente que não estabelecesse laços de amizade e de amor com um homem mais velho era menosprezado pela sociedade, visto que não tinha quem o ensinasse a sabedoria da vida e da filosofia, a arte da guerra e as virtudes de ser um bom cidadão. Não ser honrado com o amor de um homem mais velho era não cumprir com os costumes e deveres cívicos.

Para que estes costumes fossem legitimados, eram transmitidos através de exemplos da religião politeísta pelos deuses e heróis. Não são todos os deuses ou todos os heróis mitológicos que trazem lendas do amor viril entre homens, sendo uma honra apenas dos mais poderosos e populares. Zeus (Júpiter), o senhor dos deuses, o mais poderoso do Olimpo, considerado o pai dos deuses e dos heróis de toda a Grécia, deixa a sua função procriadora para amar o jovem e belo Ganímedes.

Poseidon (Neptuno), o senhor dos mares, apaixona-se perdidamente pelo renascido Pélope, filho de Tântalo. Apolo, o mais popular e cultuado dos deuses, tem o maior número de amantes homens de toda a mitologia, sendo o amor disputado com Zéfiro, o vento das brisas suaves, por Jacinto, o mais famoso. Héracles (Hércules), o mais famoso e poderoso dos heróis gregos, também traz uma lista de lendas em que se apaixona por vários jovens do mesmo sexo. Teseu, o maior herói de Atenas, vive uma amizade viril com o amigo Pirítoo.

Aquiles, o mais bravo guerreiro grego da famosa Guerra de Tróia, não esconde os seus amores por Pátroclo ou por Troilo. Finalmente Laio, pai de Édipo, o mais humano dos mitos gregos, ao raptar o príncipe Crisipo, levando-o à paixão e ao suicídio, desperta para si a maldição que teria feito sucumbir todas as gerações dos seus descendentes através da tragédia. Assim, deuses olímpicos, reis gregos, heróis militares, todos eles, principais representantes da hierarquia aristocrática grega, justificam com as suas lendas, o costume da pederastia e amor entre homens como a erudição do sentimento perfeito e puro da iniciação sexual e da vida social dos seus cidadãos.

O Rapto de Ganímedes

Um jovem quando muito belo, despertava a paixão e o desejo de homens maduros. Ser raptado por um homem mais velho era comum em sociedades como a cretense, sendo autorizado pela lei, estabelecendo um prazo de convivência entre raptor e raptado, que cessava com a volta do jovem trazendo presentes que a lei da cidade especificava, como um boi para ser sacrificado a Zeus, em uma festa que o jovem dava, declarando publicamente se havia concordado ou não com o rapto e com o relacionamento que estabelecera com o amante. Se ao ser raptado, o jovem noivo não concordasse com o amante, ele poderia, no momento do sacrifício do boi e da festa, exigir uma reparação e desligar-se da relação. Dificilmente este facto acontecia, visto que era uma desgraça social um jovem bonito e de família abastada não possuir amante em consequência da sua má conduta para com quem o raptasse. Os que eram raptados tornavam-se companheiros dos seus amantes, usufruindo privilégios especiais, como usar roupas da melhor qualidade; ocupar os lugares de honra nas corridas e danças, indicando que eram especiais para os seus amantes.

A lenda do rapto de Ganímedes por Zeus, o senhor do Olimpo, legitimava o ato de raptar adolescentes, dando ao costume a ritualização religiosa necessária. Zeus, pai absoluto dos deuses e dos heróis, tem as suas lendas voltadas para os amores impetuosos que sempre teve e que o levaram a raptar e amar diversas mulheres, com as quais sempre teve filhos. Para que as suas conquistas não fossem descobertas por sua colérica e ciumenta esposa Hera (Juno), Zeus usava os mais complexos disfarces para atrair as amantes: metamorfoseou-se de touro para atrair Europa ou de Cisne para amar a bela Leda. Fugindo da função dos amores fugazes e procriadores, surge a lenda de Ganímedes, um príncipe troiano que arrebatou o coração do mais poderoso dos deuses do Olimpo, fazendo-o por um momento, amante do amor que sublimava o belo, esquecendo-se da função milenar da procriação.

Ganímedes era um príncipe troiano, que, ao despertar a puberdade no corpo e na alma, trazia uma beleza rara. Seus traços de homem-menino reluziam pelos campos aos arredores da cidade de Tróia, onde cuidava dos rebanhos do pai. Foi numa tarde de primavera, que a beleza maliciosa de Ganímedes chamou a atenção de Zeus. O senhor do Olimpo, ao avistar beleza tão sublime, foi fulminado pela paixão. Impossível resistir à graciosidade do rapaz, ao rosto ainda imberbe, a transitar entre a juventude e à idade viril. Enlouquecido pelo desejo e pela paixão, Zeus transformou-se numa águia, indo pousar junto ao jovem. Encantado pela beleza omnipotente da ave, Ganímedes aproxima-se, acariciando-lhe a plumagem. Imediatamente Zeus envolve o rapaz, tomando-o pelas garras, levando-o consigo para as alturas. Cego de paixão, o senhor do Olimpo possui o jovem ali mesmo, em pleno vôo. Ganímedes após ter sido ludicamente amado por Zeus, foi levado para o Olimpo.

Ao contrário das lendas das amantes de Zeus, que após o idílio do amor, eram perseguidas pelos ciúmes de Hera ou pela ira dos pais, sofrendo até o momento do parto do filho do deus, Ganímedes, apesar da fúria de Hera, chega ao Olimpo intacto, onde é recebido com honras, assumindo o posto privilegiado de servir o néctar da imortalidade aos deuses, substituindo Hebe na função. Após servir aos deuses, Ganímedes derramava os restos sobre a terra, servindo também aos homens.

A lenda legitima os privilégios que os jovens raptados tinham ao lado dos amantes. Evita-se o castigo, comum às amantes de Zeus, mostrando que o amor de um homem mais velho com um jovem era lícito, puro e honroso. Ganímedes é hoje um dos satélites do planeta Júpiter, uma homenagem ao mito.

No conceito junguiano, os mitos são expressões dos arquétipos – assim como o são os contos de fadas e o folclore. Pode-se dizer que os mitos são a expressão desses no chamado inconsciente coletivo, outra criação polêmica de Jung.

Link Consultado: http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/2010/09/ganimedes-o-mito-do-signo-de-aquario.html

Referência Filme: Call Me by Your Name (Brasil: Me Chame Pelo Seu Nome) Trailer Filme https://youtu.be/7yCwv8FjidU

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Antígona Jornada do Herói de Joseph Campbell

Jornada do Herói de Joseph Campbell

Você gostaria de entender o porque eu acredito em conto de fadas?

Todas as vezes que eu escrevo publicamente que acredito em conto de fadas recebo inúmeros directs de pessoas curiosas ou ainda algumas que se decepcionam com esse olhar aparentemente infantil e/ou ingênuo.

Então, hoje resolvi escrever para inspirar aqueles que estão de coração abertos a novos olhares. Todos os dias vivemos uma Jornada, nossas escolhas, desafios e relacionamentos estão pautadas por um objetivo e a maneira como traçamos para chegar nesta meta é o que é Jornada do Herói.

A Jornada do Herói possui estágios e Campbell destaca 12 como principais, sendo:
💎Mundo Comum: O mundo normal do herói antes da história começar.
💎O Chamado da Aventura: Um problema se apresenta ao herói, um desafio/aventura.
💎Reticência do Herói ou Recusa do Chamado: O herói recusa ou demora a aceitar o desafio/aventura, geralmente porque tem medo.
💎Encontro com o mentor ou Ajuda Sobrenatural: O herói encontra um mentor que o faz aceitar o chamado e o informa e treina para sua aventura.
💎Cruzamento do Primeiro Portal: O herói abandona o mundo comum para entrar no mundo especial ou mágico.
💎Provações, aliados e inimigos: O herói enfrenta testes, encontra aliados e enfrenta inimigos, de forma que aprende as regras do mundo especial.
💎Aproximação: O herói tem êxitos durante as provações.
💎Provação difícil ou traumática: A maior crise da aventura, de vida ou morte.
💎Recompensa: O herói enfrentou a morte, se sobrepõe ao seu medo e agora ganha uma recompensa (o elixir).
💎O Caminho de Volta: O herói deve voltar para o mundo comum
💎Ressurreição do Herói: Outro teste no qual o herói enfrenta a morte, e deve usar tudo que foi aprendido.
💎Regresso com o Elixir: O herói volta para casa com o “elixir”, e o usa para ajudar todos no mundo comum.
Estes estágios são nada mais que as fases de nossas vidas, tanto profissional quanto pessoal, e nos passa uma mensagem de persistência e foco, em meio à fantasia e aos desafios da vida.

O conceito da Jornada do Herói foi criado por Joseph Campbell, estudioso norte-americano de mitologia. Neste conceito Campbell cria um modelo de como seria o passo a passo do percurso de transformação do homem comum em herói, com todas as provações que surgem no meio do caminho.

A Jornada do Herói é muito utilizada em roteiros de cinema, seriados e, também em contos de fadas. Um exemplo claro são os roteiros de Guerra nas Estrelas de George Lucas, todos seguem os estágios da Jornada de Campbell.

A emoção que sentimos impreterivelmente faz parte da jornada do herói do nosso ser e será uma informação importante do modo que enxergamos o mundo.

Que eu nunca deixe de acreditar em contos de fadas e que eu nunca perca meu olhar de criança diante dos conflitos que me fazem acreditar que posso vencer os desafios em busca de um final feliz.

Como você tem olhado sua vida, os desafios e aprendizados?

Ilustração Artista: John William Godward 1861-1922

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Dia dos Namorados Bodas de Rosas

Eu acredito em Conto de Fadas

Eu acredito em conto de fadas e acredito muito no poder do amor.

No final de semana comemoramos “Bodas de Rosas ” 17 anos de casados no dia 12 de junho. Todos os anos, no dia 12 de junho, é comemorado aqui no Brasil o Dia dos Namorados. Nessa data, naturalmente, comemora-se o amor e o afeto que existem entre um casal. Em outros países, como nos Estados Unidos, por exemplo, a comemoração ocorre em 14 de fevereiro (Dia de São Valentim – Valentine’s Day).

Qual significado de Bodas de Rosa?

O significado para Bodas de Rosa: as rosas são lindas, perfumadas e muito românticas.

A rosa é uma flor muito apreciada por sua beleza, delicadeza e seu perfume, a rosa também transmite romantismo e apesar de toda sua delicadeza e beleza ela possui espinhos.

rosa é associada a essa bodas de 17 anos de casamento porque simbolicamente o casal já passou por coisas maravilhosas – construiu uma vida em conjunto e aprendeu a amar de variadas formas – mas também teve de enfrentar muitos desafios (espinhos), que foram surgindo ao longo do tempo. Apesar disso, os dois continuam a regar o amor, para que ele se mantenha belo como uma rosa.

Que seja infinito enquanto dure –  Vinicius de Moraes 

Bateu aquela saudade linda do dia em que casamos em 12 de junho 06 de 2004, há 17 anos atrás no Dia dos Namorados e como todos os anos comemoramos, resolvi registrar aqui no Blog também.

Um casamento perfeito é apenas duas pessoas imperfeitas que se recusam a desistir um do outro.

O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. O amor pede sabedoria, cumplicidade, escolhas, renúncias, acolhimento, entendimento e rega diária de ambas partes.

O amor é como uma semente que ao plantar precisamos preparar o terreno, estruturar as bases, semeiar, regar, adubar e cuidar. Às vezes poderá haver pragas, secas ou excessos de chuva e nem por isso podemos abandonar o nosso jardim. A colheita vai depender do processo do semear.

Nós acreditamos no amor e escolhemos pousar um do lado do outro, mesmo podendo voar. Podendo encontrar até outros ninhos, outros caminhos, e escolhemos ficar.

“Precisamos descobrir o poder do amor, o poder redentor do amor e, quando o fizermos, faremos deste velho mundo um novo mundo” Martin Luther King

Origem histórica do Dia dos Namorados

O ato de comemorar o Dia dos Namorados remete à vida de um santo patrono da Igreja Católica conhecido como São Valentim, um padre que viveu no Império Romano durante o século III d.C. Naquela época, o Império Romano era governado pelo imperador Cláudio II (foi imperador de 268 a 270 d.C.).

O imperador romano proibiu que os soldados do Império Romano se casassem. Cláudio II via o casamento como um obstáculo que atrapalhava a convocação de novos soldados e que, além disso, tirava o foco dos soldados já convocados.

Nesse contexto, surgiu um padre, que também já havia sido médico, chamado Valentim. O padre italiano nasceu em algum momento durante o século III d.C. (algumas fontes falam que ele nasceu em 226) e, durante o reinado de Cláudio II, passou a realizar casamentos secretos entre os soldados do Império Romano que queriam casar-se, mas não podiam porque a lei proibia.

O imperador Cláudio II descobriu que Valentim realizava casamentos clandestinos e, assim, mandou que Valentim fosse preso. O imperador romano chegou a oferecer perdão a Valentim desde que ele renunciasse a fé cristã, convertendo-se à fé tradicional dos romanos (lembrando que o Cristianismo tornou-se religião oficial do Império Romano somente em 380).

Como Valentim não aceitou renunciar a sua fé, o imperador ordenou a sua morte. Valentim foi apedrejado e decapitado em 14 de fevereiro de 270. Os relatos contam que, após a morte de Valentim, algumas pessoas passaram a celebrar a sua memória por todo o serviço que ele havia realizado em benefício dos outros.

Valentim acabou sendo canonizado por sua obra em benefícios dos casais e por supostos milagres realizados em sua vida. A canonização ocorreu durante o pontificado de Gelásio I (492-496). O papa também ordenou que uma festa em homenagem a São Valentim fosse realizada todo dia 14 de fevereiro (data de sua morte).

Em 14 de fevereiro comemora-se o Dia dos Namorados em grande parte do mundo (nos EUA, por exemplo, a data é chamada de Valentine’s Day / Dia de São Valentim). No Brasil, a data escolhida foi diferente, mas por questões meramente comerciais.

Vale dizer que a escolha de 14 de fevereiro por Gelásio I também se deveu ao fato de que na mesma época da morte de São Valentim acontecia um famoso festival pagão em Roma, o Lupercália.

O Lupercália provavelmente surgiu durante a fundação de Roma (mas há historiadores que apontam que o festival pode ser anterior a isso). Nesse festival, celebrava-se a fertilidade e (especula-se) eram realizados atos com o objetivo de promover a união de casais. A criação de uma comemoração a São Valentim em uma data próxima ao Lupercália era fazer com que a festa pagã perdesse influência e fosse substituída pela comemoração a São Valentim.

Leia também o texto sobre o AMOR de Khalil Gibran: https://infanciazen.com.br/2021/06/11/o-amor-khalil-gibran-2/

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O Amor Khalil Gibran

O Amor Khalil Gibran

O Amor Khalil Gibran

Então Almitra disse: Fala-nos do Amor.

E ele ergueu a cabeça e olhou para o povo e caiu uma grande imobilidade sobre eles. E em voz poderosa, ele disse:

“Quando o amor vos chamar, segui-o. Embora seus caminhos sejam árduos e íngremes.

E quando as suas asas vos envolverem, abraçai-o, embora a espada oculta sob as suas asas vos possa ferir.

E quando ele falar convosco, acreditai nele. Embora a sua voz possa abalar os vossos sonhos como o vento do norte
devasta o jardim.

Pois, mesmo quando o amor vos coroa, ele vos crucifica. Mesmo sendo para vosso crescimento, ele também vos poda.

Mesmo quando ele sobe até vós e acaricia os vossos mais tenros ramos, que tremem ao sol, ele também desce até vossas raízes e abala a vossa ligação com a terra.

Como feixes de trigo, ele vos junta a si próprio. Ele vos ceifa, para desnudar-vos, Ele vos peneira, para vos libertar das impurezas. Ele vos moi até ficardes brancos. Ele vos amassa até vos tornardes moldáveis. E depois, entrega-vos ao seu fogo sagrado, para que vos torneis pão sagrado para a sagrada festa de Deus.

Todas estas coisas vos fará o amor até que conheçais os segredos de vosso coração e, com esse conhecimento, vos torneis um fragmento do coração da Vida.

Mas se, por medo, procurardes só a paz do amor e o prazer do amor, então é melhor que oculteis a vossa nudez e vos afasteis do amor, para um mundo sem estações, onde rireis, mas não com todo o vosso riso, e chorareis, mas não com todas as vossas lágrimas.

O amor só se dá a si e não tira nada senão de si. O amor não possui nem é possuído, pois o amor é suficiente ao amor.

Quando amardes, não deveis dizer: “Deus está no meu coração”, mas antes: “Eu estou no coração de Deus”.

E não pensei que podeis alterar o rumo do amor, pois o amor, se vos achar dignos, dirigirá o vosso curso.

O amor não tem outro desejo que o de se preencher a si próprio. Mas se amardes e precisais ter desejos, que sejam esses os vossos desejos:

Fundir-se e ser como um regato que corre e canta a sua melodia para a noite.

Conhecer a dor do carinho demasiado.

Ser ferido pela vossa própria compreensão do amor, e sangrar por vossa própria vontade, com alegria.

Acordar, ao amanhecer, com um coração alado e dar graças por mais um dia de amor.

Descansar ao meio-dia e meditar sobre o êxtase do amor.

Regressar a casa à noite com gratidão, e depois, adormecer com uma prece ao bem-amado em vosso coração e um cântico de louvor em vossos lábios.”

*** O Poema Amor é parte do Livro “O Profeta” de Khalil Gilbran

Sobre o Livro “O Profeta” – Khalil Gibran

Livro o Profeta é uma maravilhosa viagem espiritual. Foi escrito em Inglês em 1922 e traduzido em 40 idiomas.

O que poderia lhes falar senão do que está agora movendo dentro de vossas almas? E assim vai descortinando a beleza das idéias sobre os filhos, a dádiva, a religião, o prazer, o amor, o trabalho e muito mais. Em O Profeta cada idéia se revestindo de uma imagem transforma-se em parábola, envolvendo o livro numa atmosfera de enlevo e encantamento, marcada pela melodia das frases.

Khalil Gibran nos convida a nos tornarmos pessoas verdadeiras. Ele coloca a própria alma sensível nessa obra, fazendo o reencontro do homem com o que ele tem de melhor em si mesmo.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Profeta_(livro)

Sobre o Autor – Gibran Khalil Gibran

Khalil Gibran foi um filósofo, ensaísta, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa.

“Gibran Khalil Gibran (em árabe: جبران خليل جبران بن ميکائيل بن سعد; em siríaco: ܓ̰ܒܪܢ ܚܠܝܠ ܓ̰ܒܪܢ; Bsharri, 6 de dezembro de 1883 – Nova Iorque, 10 de abril de 1931), também conhecido como Khalil Gibran (em inglês, referido como Kahlil Gibran[a]) foi um ensaísta, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa, também considerado um filósofo, embora ele mesmo rejeitou esse título, e alguns tendo-lhe descrito como liberal.[3] Seus livros e escritos, de simples beleza e espiritualidade, são reconhecidos e admirados para além do mundo árabe” 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Khalil_Gibran

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Ética e Moral - As Irmãs Gêmeas - Isabella Arruda

Ética e Moral – As Irmãs Gêmeas

Ética e Moral – As Irmãs Gêmeas

Hoje é dia de CONTO, uma experiência maravilhosa com as crianças! – “Quem conta um conto, aumenta um ponto.”

Era uma vez uma criança muito curiosa e inteligente que perguntou para um adulto:

O que é Ética e Moral

E agora o que eu vou responder – pensou o adulto. Logo, ele foi buscar a definição no dicionário e ficou ainda mais confuso para interpretar e traduzir o seu entendimento para a criança.

Como esse adulto sempre gostou de histórias, resolveu utilizar esse recurso com a História “As Irmãs Gêmeas: uma chamava-se Ética e a outra Moral”

Essa história é contada por uma jovem, uma menina moça muito sabida de 15 anos, a Isabella Arruda.

Neste vídeo o Jardim da Infância Zen foi o instrumento para a “contação” dessa linda história: As Irmãs Gêmeas Ética e Moral. Ficou curioso (a), então vem com a gente se encantar.

No universo infantil, a utilização das histórias, contos e fábulas costuma encantar as crianças. Por isso, eu sempre recomendo as histórias para trabalhar a diversidade entre as famílias.

A importância de se contar histórias está no enriquecimento das experiências infantis, através do desenvolvimento de diversas formas de linguagem, o que auxilia na formação do caráter, da confiança e do poder imaginário da criança. Além disso, histórias estimulam funções cognitivas essenciais para o desenvolvimento do pensamento. A criança se ampara nas vivências dos personagens para absorver suas próprias vivências, aprendendo meios de lidar com seus problemas e dificuldades do dia-a-dia.

Essa história pode ser usada para ajudar a despertar o Espírito Filosófico em Crianças. A história explora a inteligência e imaginação como formas de adquirir conhecimentos e desenvolver novas habilidades. As várias formas de conhecer o mundo e as pessoas e a discriminação dos que não se enquadram nos padrões determinados pela sociedade. 

“A história de hoje entrou por uma porta e saiu pela outra; e quem souber, que conte outra”.

“Histórias para Despertar” é uma coletânea de fábulas e contos de fadas criada para ilustrar, de forma criativa e divertida, a eterna busca do ser humano por sabedoria e realização.

Este livro foi elaborado dentro do projeto infantil de filosofia para crianças da Associação Cultural Nova Acrópole. A Autora buscou passar um pouco dos conhecimentos filosóficos em uma linguagem suave e pedagógica, resultando na publicação do presente livro.

Sobre a Autora Isabella Galvão Arruda

Isabella Galvão Bueno é uma jovem de 15 anos, no momento que escreveu o livro (2009). Ela começou a escrever esta obra aos treze. É brasiliense, filha de pais filósofos, ambos professores da Escola de Filosofia Nova Acrópole. Nasceu e cresceu nesse ambiente, e bem cedo começou a também fazer suas próprias indagações e buscar respostas. Este livre, ideia e iniciativa da mesma, é resultado dessas indagações, e se destina a ajudar a despertar o Espírito Filosófico em Crianças, com as quais trabalha, no projeto de Educação Infantil de Nova Acrópole.

Histórias para Despertar: Filosofia para crianças e adolescentes, por Isabella Galvão Arruda (Autor), Isabella Rodrigues (Ilustrador), Beatriz Nascimento (Ilustrador), Bárbara Arruda (Ilustrador)

Adquira o livro no link da Amazon: https://amzn.to/30bhFLc

Entrevista com a Escritora Isabella Arruda

LIVE com a Profª Lúcia Helena Galvão e Isabella Galvão, autora do livro com este título

Definições Conceituais

No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.

Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”.
Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral.

Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.

No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade.

“Ética é aproximar nossa mente do nosso “coração”, colocando amor em tudo que fazemos.”

“Se pesquisássemos os conceitos de Ética e Moral no dicionário, encontraríamos a Ética ligada à um estudo de juízo, de valores ou de princípios, que norteiam a boa conduta do ser humano; enquanto a Moral seria um conjunto de regras e hábitos julgados como válidos. De maneira que, separou-se a Ética, como algo mais teórico, e a Moral como algo mais prático.

Porém, a Filosofia à maneira clássica, que também tenho chamado de “Filosofia como arte de viver”, entende que a teoria é igual à prática.

Pensem, como exemplo, uma pessoa que quer construir uma cadeira, mas antes de construí-la, primeiro se faz fundamental pensá-la. Expressa-se então o conhecimento ético, naquela pessoa que sente, pensa, fala e age de forma coerente e uniforme. É preciso fazer coincidir o que sentimos com aquilo que fazemos.

Helena Petrovna Blavatsky, filósofa russa, dividia nossa mente em duas partes, uma parte filosófica e outra científica. A mente filosófica liga-nos a princípios e arquétipos superiores, como por exemplo , a Justiça, o Amor, a Verdade e a Beleza; e a outra mente científica, está ligada à matéria e ao mundo em que vivemos.

Imaginem um grupo de crianças, no qual naturalmente encontramos crianças que se inclinam para um comportamento banhado pela justiça, enquanto que em outras, encontraríamos atitudes um tanto rebeldes.

Posteriormente, isso continuaria acontecendo com os adultos. Podemos dizer então que, quando surge em nós esse esforço para canalizar sentimentos mais nobres, chamaríamos isso de Ética Atemporal, ou seja, aquela que vence as barreiras do tempo e se manifesta no decorrer da história.

É necessário, sobretudo, que o homem eleve sua consciência para canalizar essa força, por meio de um comportamento reto e cortês.

Dessa forma surge também uma Ética Temporal, que pode se adaptar a cada época do tempo, de acordo com os acontecimento.

Desse esforço nasce um código, uma constituição, normas a serem seguidas, inspiradas por uma intenção de justiça que surge do coração do homem. Portanto:

“Ética é aproximar nossa mente do nosso “coração”, colocando amor em tudo que fazemos.”

Termino este texto com uma frase do fundador da Nossa Acrópole, o Professor Jorge Angel Livraga, sobre Ética e Moral: “Tratava-se de harmonizar o homem e ajudá-lo, para que nele brotassem as fontes da Justiça e do Bem, que lhe permitissem beber das águas da divindade”. Elismar Alves, Prof. de Nova Acrópole

Links: https://www.acropole.org.br/programa-merlin/

“A ética é o conjunto de valores e princípios que eu uso para a minha conduta no meio da sociedade, isto é, quais são os princípios para eu agir. Moral é a prática desses princípios. Este conjunto de valores é construído por algumas instituições sociais, como família e escola.” Cortella

Jardim da Infância Zen – Dia da Sabedoria

“A Ética e a Moral são filhas do Pai Eternidade e da Mãe Sabedoria. São Divinas! Elas sempre estarão em busca de abrigo em nossos corações.

*** Hoje terça-feira, seguimos com a pauta editorial proposta. Terça-feira é regido pelo Deus Ares | Conhecido em Roma como Marte – Dia da nossa “Salada Mystica” no “Jardim da Infância Zen” 

*** Na mitologia grega entre as características da sua personalidade, Eros, ficou conhecido como deus guerreiro, que não consegue controlar seus impulsos e sua raiva.

Além da Filosofia, Eros também é citado na Psicologia em um sentido muito mais amplo, quase que equivalente à “Energia da Vida”.

Na psicologia freudiana, Eros representa nossa força vital, a vontade de viver. É o desejo de criar vida e favorecer a produtividade e a construção.

Com todo esse simbolismo o que podemos aprender? A dualidade, o que fazer com as nossas emoções estão “afloradas”?

A sabedoria é aprender o que fazer com os momentos de emoções tão contraditórias. Experimente a vida em todas as formas possíveis bom-mau, amargo-doce, claro-escuro, verão-inverno. Experimente todas as dualidades. Não tenha medo da experiência, porque mais experiências que você tem, mais maduro você se torna. Aprender voltar para o meu eixo com sabedoria e de forma mais rápida. “Tudo que vocês viverem passa a ser de vocês, ninguém mais pode tirar. É assim que se constrói a sabedoria”

Com a maturidade emocional não tenho necessidade de culpar ou julgar ninguém pelo que acontece. Na calma presto atenção e, em harmonia com a situação, aceito a realidade e as coisas como elas são, e não como eu gostaria que fossem.

Depois de reconhecer, entender, acolher e aceitar as dualidades encontramos o EQUILÍBRIO.

Quando faço isso escolho como reagir diante as adversidades, assumo responsabilidades, me conecto com a ressonância do universo e coloco a minha tão desejável equanimidade em prática.

Maturidade emocional é manter o silêncio até que possamos falar com sabedoria, respeito e amor. Cabe a cada um de nós manter o equilíbrio das relações.

Se você não puder falar com respeito e amorespere até que possa.” — Amma

Sabedoria é ser capaz de transformar conhecimento em respostas às circunstâncias da vida dignas de um ser humano. “Pelas vossas obras, vos conhecerei!”

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Tornem-se a vibração do seu coração

Tornem-se a vibração do seu coração

A linguagem do coração é o movimento do Amor

Amados, as energias do coração, a vibração, a ressonância – o que vocês sentem quando seus corações estão completamente abertos e desimpedidos… Esta é a realidade do Amor que é consistente. Enquanto criativa, essa realidade pode ser invocada para harmonizá-los, sem esforços, à realidade do Amor Eu Sou, à verdade do seu próprio Ser, ao seu lugar no holograma, e, queridos, aos seus propósitos além de qualquer coisa que a mente possa conceber. Tudo é uma ilusão. Vocês têm acesso à percepção do coração. E uma vez acessada, ela pode facilmente ser sentida e vivida por todos que se abrem para esta ressonância.

Por isso é contagiante. Corações abrem corações que abrem corações dentro de uma maravilhosa experiência de Amor e êxtase que está completamente além das imaginações da mente do ego. É tão mais profundo, tão mais importante e ilimitado do que qualquer coisa que vocês experimentaram como o amor no campo da humanidade até agora.

Oh, amados, o senso de drama está sendo aberto. Cada coração que se abre cria um vão naquela membrana que envolve o mundo todo e dá continuidade à dualidade do drama. Cada vão traz a Luz viva, as ondas do infinito Amor e mais do que tudo, os sentimentos de Ser o coração ilimitado do Criador de Tudo que É, absolutamente e eternamente capaz de puro domínio de toda a vida ? completa e conscientemente. O coração é o receptor do holograma e o único instrumento que pode vê-los em sua integridade.

A linguagem do coração é o movimento do Amor, é o sentimento de intimidade dos tons com as canções do Amor Divino cantando vivas no marco dos novos caminhos. É como a canalização para criar a própria vida. Aquela que traz, através de cada partícula de vida Eu Sou, o Momento da Criação e a escolha de focalizá-la. Então, cada vida é dada à vocês como o centro do campo de estrelas, girando para entregar este presente à criação, novamente diante de vocês. E assim, responder a seguinte questão de coração para coração: Que nome devemos dar a este acontecimento? O que deve ser este Amor dentro de nós? E Assim É a dança que compartilhamos.

Além das palavras, cada ressonância íntima do potencial do amor vem a ser sentida e faz-se de instrumento da Chama Gêmea do seu coração aberto dando-lhes o holograma de toda a Criação para a construção dentro de uma nova expressão de Amor puro e de êxtase, na qual vocês sempre poderiam estar e que sustenta e nutre a vida ? energias da Criação totalmente belas e eternamente vivas no presente.

Assim, todos vocês, oh queridos, vocês são vida em uma grande canção, uma expressão de amor tão poderoso e tão grande que agita todo o seu Ser, atravessa vocês e se torna a extensão do Meu coração para a humanidade. E tudo pode, uma vez mais, lembrar o centro e o potencial ilimitado do Divino, como as forças da vida, como o Divino Masculino e o Divino Feminino. Atingindo então, o auge do êxtase e, outra vez, usando as palavras que se referem ao tempo… chegar a esta experiência da explosão do Amor infinito e expressá-lo até a plenitude do coração do holograma tão poderosamente magnífico. Assim, Tudo que É, é afetado por este Amor.

Certamente, o campo no qual vocês estão conscientemente envolvidos, o que nós nomeamos “Terra e humanidade”, tornam-se uma coisa diferente neste viver Agora, quando cada elétron livra-se alegremente da ilusão de uma vida limitada e aceita sua eterna verdade como o coração poderoso de Deus Eu Sou, como o portal, o canal, o centro do holograma conectando tudo ao Momento da Criação e à explosão da vida. Assim, vocês são os receptores de todo o poder, de toda a vida, de todo o Amor. E toda a criação da vida acontece em tudo que vocês tocam e tudo que vocês sentem e vivem em Mim como o coração de Deus Eu Sou.

Então, eu envio esta ressonância a vocês para compartilharem no campo do seu coração esta vibração poderosa do acasalamento de vida, de Luz e Amor a todos os que entram em contato com esta experiência, com este campo vibracional, com este som de ressonância. Assim, vocês fundamentalmente mudam de criaturas da mente do ego para a infinita liberdade multidimensional do coração do Amor Eu Sou.

Desde a época em que vocês estavam além da compreensão da mente do ego, sua diretiva era tornarem-se esse sentimento e estarem com o coração consciente de todas as nuances do Amor. Assim despertariam para a sua verdade como o coração da Chama Gêmea de tudo que vocês pudessem sentir dentro de vocês, a cada fluxo de consciência da vida. Vocês podem sentir quando um pássaro voa, quando uma pena bate ao vento, quando os seres humanos se apaixonam. Vocês podem sentir dentro deste campo do seu coração, esta abertura da percepção de cada coração verdadeiro, do momento de transformação em cada vida a partir do limitado até o ilimitado – incluindo, claro, em vocês.

Então, Eu vos peço para virem agora ao campo do seu coração, ao interior da espiral até tornarem-se o Todo de Deus. Através da comunicação do coração verdadeiro que faz de vocês este campo de ressonância tão puro, poderoso e belo que cada respiração sua, cada passo, cada movimento seu é vivido a partir do seu interior … Até vocês tornarem-se tão sensitivos para as nuances de Luz, para cada sussurro da percepção do coração onde vocês estão, no centro vivo de Tudo de Deus. No qual, Tudo que É comunica-se dentro e através do coração aberto que vocês são.

Mais do que qualquer coisa, esta é a linguagem da divindade, da Luz divina como o Amor puro da dança de êxtase. E torna-se totalmente disponível através de vocês, para cada coração precioso por toda humanidade, e para o fluxo de vida que se expressa neste mundo. Cada momento é alegria eterna.

Se vocês estão em seu coração, Amados, Eu estou presente. Eu estou presenteando vocês com a percepção do coração Real e trago à vocês a infinita e ilimitada experiência de comunicação com cada vida, que é tão surpreendente, que vocês sentem-se absolutamente respeitados e honrados de serem aqueles com os quais tudo se comunica. E dão perfeitamente a Mim e a cada coração, individualmente, o acesso à vida como parte do holograma, bem como a experiência de unificar a vida que faz este Amor estar infinitamente disponível.

O que Eu quero é que cada um de vocês amplie, expanda esta experiência do Amor divino. Que se tornem a consciência do coração aberto do Deus Eu Sou em comunicação e honra a todos e a Tudo que É, cantando dentro de vocês, no holograma completamente acessível e no poder inevitável do coração, chamando para cada um de vocês a total responsabilidade do que vocês criam através de si: o coração de Deus.

Quando vocês sentem esta ressonância do coração, este êxtase de alegria e sentem esta comunhão com toda a vida de Deus Eu Sou, vocês se transformam no coração que faz o alinhamento de toda vida sem esforços, que traz o holograma e faz com que ele seja pessoal. A verdadeira divindade é experienciada em cada elétron do campo de energia e do corpo. Cada momento é o reconhecimento da harmonia entrelaçada ao coração de Deus Eu Sou. Isto está além da habilidade da mente para descrevê-los. O coração experimenta isso facilmente.

Quando vocês permitirem que o novo esteja presente Agora em sua vida e nas experiências que vocês já vivem, vocês serão recebidos dentro da sagrada e interminável comunhão com a pura alegria que é a expressão do coração. E cada momento seu torna-se requintado e infinito, permitindo que todas as pessoas acessem a realidade do Meu Amor pessoalmente, se os momentos forem experienciados nesta vasta e ilimitada comunhão,ou se forem experimentados como o interminável provedor do Amor através do coração com o divino na eterna celebração.

Sintam o gosto da liberdade infinita. Deixem seu coração mostrar-lhes a festa do Todo do Amor. Deixem sua respiração experimentar a interminável ressonância que flui infinitamente como ondas através de todas as dimensões, e que escreve o seu nome de Amor perfeito dentro de vocês. Tornem-se este farol e levem o nome a ser dito. Que as energias, a Luz, as ondas de explosão de Amor cheguem através do seu coração para o mundo onde nada pode limitá-los mais.

Certifiquem-se de que o fluxo através de vocês ocorre de forma clara para que vocês possam sentir os outros corações vibrando no campo magnético do seu próprio coração. Eu Sou Luz de alegria em vocês e em êxtase de Amor Eu Sou celebrando uma festa que é o seu nascimento dos reinos de Deus no Agora, como um canal divino puro, fazendo desse Amor não apenas disponível, mas permitindo o chamado do Amor a ser falado através de vocês em tudo. O Amor lhes pede para fazer e sentir, para abrir o seu coração ainda mais precioso, para cada pessoa infinitamente criativa, para cada ponto da consciência do coração que se expressa a serviço aqui neste mundo.

Vocês são guiados através da nossa comunhão íntima e expandem em nossa unidade de vida infinita. Acima de tudo, vocês são o coração de Deus despertos, vivos e presentes tornando-se o farol da liberdade para a humanidade. Como no momento da criação, energias fluem através de vocês, elas devem tocar todos os corações e abrir cada consciência. Mesmo que aquela consciência volte a dormir e feche as cortinas das janelas da limitação, este movimento de amor que foi implantado não irá descansar. Vocês são os veículos dessa implantação. A janela que foi aberta não será fechada.

Através de vocês, Eu Sou o alcance do Amor tocando todos os corações, até eles se lembrarem da liberdade. Por isso, sigam adiante como um coração pleno e aberto gerando possibilidades ilimitadas que o Amor pode agora oferecer em todos os sentidos, em resposta a cada “Sim”. Mesmo que esse “sim” seja minúsculo e experimental e mesmo se for completamente inconsciente, ele ressoa claramente neste campo compartilhado do coração de Deus e é respondido como a oração. É imediato e com graça.

Quanto mais vocês compartilham esta experiência, estes sentimentos, essa vibração de pura emoção, amados, mais vocês sentirão. E mais diretamente vocês serão a catapulta no momento da experiência da realidade infinita de Deus. A realidade que é a verdade do coração em Mim eternamente, e como os canais para o Meu alcance e Minha expansão. Eu posso reconhecer a Mim mesmo nas formas cada vez maiores em que vocês se tornaram. Meus corações, isso é uma experiência mais profunda da união da Consciência e do Amor.

Uma Mensagem de Deus canalizada por Yael e Doug Powell – Sábado, 20 de fevereiro de 2010

Tradução: Camila Mattoso Gomes

Fonte: http://www.luzdegaia.org/circulo/luz/vibracao_coracao.htm

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"Do Amor que Damos só Amor Herdamos" - Sabedoria Ancestral - Ancestralidade - Simbologia das Árvores

“Do Amor que Damos só Amor Herdamos”

“Do Amor que Damos só Amor Herdamos” – Sabedoria Ancestral – Ancestralidade – Simbologia das Árvores

Desde de pequena sempre gostei de escrever, pesquisar, ler o que me encanta: romances, filosofia, poemas, poesias, música, arte, psicologia, família, crianças…sempre tentei traduzir em palavras os sentimentos, emoções e gratidão pelos aprendizados e dádivas da vida. Tive muitos diários que escrevia, tive caderno de poesias, poemas, músicas, frases, histórias, contos, fábulas e reflexões de diversas obras literárias que eu mais me identifico. Sempre me identifiquei com as histórias que trazem lição de vida, reflexão e aprendizado. Hoje conto algumas dessas histórias que acredito, que presenciei e que vivi para meu filho Lucas e para meus sobrinhos, alunos e todos os beija-flores. Sou movida as histórias.
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Minha avó Materna amava flores. No quintal da casa dela tinha muitas flores, árvores, ervas, horta…Foi lá onde eu vivi a minha infância. Em uma cidadezinha chamada Cambuí no interior de Minas Gerais, onde eu nasci.
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A “Primavera” era uma das preferidas dela. Sempre exuberante em seus ciclos.
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Gostaria de dividir com vocês o dia que minha mãe tirou uma mudinha dessa Árvore Primavera da minha vó e me disse: “Leve a vó com você.” Eu trouxe a muda, plantamos juntos, com nossas próprias mãos na entrada da nossa casa. Plantamos em 2002 quando começamos a construção da nossa casa e acompanhamos o seu desenvolvimento. Hoje há quase 20 anos a nossa árvore está sempre florescendo como a da minha vó. Todas as vezes que eu cuido dela e falo sobre ela eu lembro da minha avó e madrinha Dona Maria. Hoje minha avó não está mais conosco no mundo físico, mas eu “Sinto a presença dela”. Minha mãe tinha razão: Eu trouxe minha avó comigo para o meu quintal.
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As árvores na natureza são nossos guardiões.
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Acredito de coração que nossas vidas e relações são como essa árvore e orquídeas. Precisamos cuidar com amor da semente plantada. Ao plantar precisamos preparar o terreno, estruturar as bases, semear, regar, adubar e cuidar. Às vezes poderá haver pragas, secas ou excessos de chuva e nem por isso podemos abandonar o nosso jardim. A colheita vai depender do processo do semear. Assim seguimos fortalecendo nossos laços, celebrando as nossas conquistas e realizações.

“Como Somos Cosmos – Cosmos Somos”

“Os Ensinamentos Secretos de Todas as Eras” – Este capítulo explana os simbolismos contidos nas Flores, Plantas, Frutas e Árvores, muito interessante. Tradução do antigo livro de 1928, Os Ensinamentos Secretos de Todas as Eras.

Pai, mãe e criança constituem a trindade natural. Os Mistérios glorificavam a casa como a instituição suprema em funcionamento à esta trindade como uma unidade. Pitágoras comparou o universo com a família, declarando que o fogo supremo da criação estava no meio de seus corpos celestes, então, por analogia, o fogo supremo do mundo estava sobre seus corações. Pitágoras e outras escolas de filosofia conceberam a natureza divina de Deus para manifestar-se na tríplice o aspecto de Pai, Mãe e Criança. Estes três constituem a Família Divina, cuja morada  é criação e cujo símbolo natural e peculiar.

Deus-Pai é espírito, Deus-Mãe é matéria, e Deus o Filho – o produto dos dois – representa a soma das coisas vivas nascidas fora e dentro, constituindo a natureza. A semente do espírito é semeada no ventre da matéria, e uma concepção imaculada da progênie é trazido à existência. Não é este o verdadeiro mistério da Madonna segurando o Santo bebê em seus braços? Quem se atreve a dizer que tal simbolismo é impróprio? O mistério da vida é o mistério supremo, revelado em toda a sua dignidade divina e glorificado como conquista da natureza pelos sábios e profetas de todas as idades iniciadas. 

Flores foram escolhidas como fortes símbolos para muitas razões. Graças a grande variedade da flora, foi possível encontrar alguma planta ou flor que seria uma figura adequada para praticamente qualquer qualidade abstrata ou condição. Uma planta pode ser escolhida por causa de algum mito relacionado com a sua origem, como as histórias de Daphne e Narciso; por causa do ambiente particular em que floresceu, como a orquídea e o fungo; devido à sua forma significativa, como a flor da paixão e do lírio de Páscoa; por causa de seu brilho ou fragrância, como a verbena e a lavanda doce; pois preserva a sua forma indefinidamente, como a flor eterna; por causa de características incomuns como o girassol e heliotrópio, que têm sido por muito tempo sagrado por causa de sua afinidade com o sol. 

planta pode também ser considerado digno de veneração porque a partir de suas folhas esmagadas, pétalas, caules, raízes podem ser extraídos unções, essências ou drogas que afetam a natureza e inteligência dos seres humanos – como a papoula e as antigas ervas de profecia. A planta pode também é eficaz na cura de muitas doenças porque os seus frutos, folhas, pétalas, ou raízes tem uma semelhança na forma ou na cor de partes ou órgãos do corpo humano. Por exemplo, os sucos destilados de certas espécies de samambaias, também o musgo peludo crescentes sobre carvalhos, e o cardo foram ditos ter o poder de fazer cabelo crescer; o dentaria, que se assemelha a um dente em forma, foi dito para curar a dor de dentes; e a planta palma Christi, devido a sua forma, cura todas as aflições das mãos. 

flor é o sistema reprodutivo da planta e é, portanto, singularmente apropriada como um símbolo da pureza sexual – um requisito absoluto dos antigos mistérios. Assim, a flor significa esse ideal de beleza e regeneração que toma o lugar de luxúria e degeneração. De todas as flores simbólicas a flor lótus da Índia e do Egito e a rosa dos Rosacruzes são os mais importantes. O simbolismo destas duas flores são considerados idênticos. As doutrinas esotéricas para a qual se encontra a lótus oriental têm sido perpetuada na Europa moderna sob a forma de rosa. A rosa e o lótus são emblemas Yonic, significando principalmente o mistério criativo materno, enquanto o lírio de Páscoa é considerado fálico. 

Na filosofia hindu, cada pétala da flor de lótus tem um certo símbolo que dá uma pista adicional para o significado da flor. O Orientais também usam a planta de lótus para significar o crescimento do homem através dos três períodos de consciência humana – a ignorância, esforço, e compreensão. Três elementos estão presentes na Lótus (terra, água e ar) para que o homem viva os três mundos – material, intelectual e espiritual. Como a planta, que com suas raízes na lama e no lodo, cresce para cima através da água e finalmente floresce diante da luz e do ar, o crescimento espiritual do homem é para cima da escuridão (ação base) e desejo para a luz da verdade da compreensão, a água que serve como um símbolo do mundo em constante mudança, a ilusão através do qual a alma deve passar em sua luta para alcançar o estado de iluminação espiritual. A rosa e seu equivalente oriental, a flor de lótus, como todas as flores bonitas, representam o desenvolvimento espiritual e realização: daí o porque das divindades orientais serem frequentemente mostradas sentadas em cima das pétalas das flores de lótus. O lótus também foi uma inspiração na arte egípcia e sua arquitetura. Os telhados de muitos templos foram construídos por colunas de lótus, significando a sabedoria eterna; e a cabeça de lótus – simbólica da prerrogativa auto-desdobramento e divina – foi muitas vezes transportadas em procissões religiosas. Quando a flor tinha nove pétalas, era símbolo do homemquando doze, do universo e os deusesquando sete, dos planetas e da leiquando cinco, dos sentidos e os Mistérios; e quando três, das principais divindades e os mundos. A rosa heráldico da Idade Média geralmente tem ou cinco ou dez pétalas mostrando assim a sua relação com o mistério espiritual do homem através do quinteto de Pitágoras.

A ÁRVORE – Cultus Arborum

A adoração de árvores como representação da Divindade foi prevalente em todo o mundo antigo. Templos eram frequentemente construídos no coração de bosques sagrados e cerimoniais noturnos foram conduzidos sob os ramos de ampla expansão de grandes árvores, fantasticamente decorados e enfeitados em honra de suas divindades protetoras. Em muitos casos, acreditava-se que as próprias árvores possuíam os atributos do poder divino e inteligência, e, portanto, súplicas eram frequentemente dirigidas a eles. A beleza, dignidade, solidez e força de carvalhosulmeiros, e cedros levou à sua adoção como símbolos do poder, a integridade, a permanência, virilidade, e proteção divina. Diversos povos antigos – como os hindus e os escandinavos — consideram o macrocosmo, ou Grande Universo, como uma árvore divina que cresce de uma única semente semeada no espaço.

Os gregospersascaldeus e japoneses têm lendas que descrevem a árvore de eixo ou canal sobre a qual a Terra gira. Kapila declara que o universo é a árvore eterna, o Brahma que brota a partir de uma semente imperceptível e intangível – a mônada material. Os cabalistas medievais representam a criação como uma árvore com suas raízes na realidade do espírito e das suas filiais na ilusão da existência tangível. A árvore Sephirótica da Cabala foi, portanto, invertida, com as suas raízes no céu e seus ramos sobre a terra. Madame Blavatsky assinala que a Grande Pirâmide foi considerada um símbolo desta árvore invertida, com sua raiz no ápice da pirâmide e seus ramos divergentes em quatro fluxos em direção à base. A árvore do mundo escandinavo, Yggdrasil, apoia em seus ramos nove esferas ou mundos, – que os egípcios simbolizavam pelos nove estames da persea ou do abacate. Todos estes são colocados dentro da décima esfera misteriosa ou ovo cósmico – a Sephirótica dos Mistérios. A árvore da Kaballah dos judeus também é composto de nove filiais, ou mundos, que emana da Primeira Causa ou Coroa, que rodeia suas emanações como a casca que rodeia o ovo. A única fonte de vida e a diversidade sem fim de sua expressão tem uma perfeita analogia na estrutura de árvore. O tronco representa a origem única de toda a diversidade; as raízes, profundamente enraizadas na terra escura, são símbolos de alimento divino; e sua multiplicidade de ramos se espalhando a partir do tronco central, representam a infinidade de efeitos universais dependentes de uma única causa.

A árvore também tem sido aceita como símbolo do Microcosmo, isto é, o homem. De acordo com a doutrina esotérica, o homem primeiro existe potencialmente dentro do corpo da árvore do mundo e as flores posteriores à manifestação objetiva sobre seus ramos. De acordo com um antigo mito grego dos Mistérios, o deus Zeus fabricou a terceira raça de homens a partir de cinzas de árvores. A serpente tantas vezes mostrada enrolada à volta do tronco da árvore geralmente significa a mente – o poder do pensamento – e é o tentador eterno ou desejo que leva todas as criaturas racionais para a descoberta fundamental da realidade e, assim, derruba a regra dos deuses . A serpente escondida na folhagem da árvore universal representa a mente cósmica; e na árvore humana, o intelecto individualizado. O conceito de que toda a vida se origina a partir de sementes causando grãos e várias plantas podem ser vistas como a emblemática do espermatozoide humano, e a árvore, portanto, símbolo da vida organizada, o desdobramento de seu germe primitivo. 

O crescimento do universo a partir de sua semente primitiva pode ser comparado ao crescimento do poderoso carvalho. Enquanto a árvore é aparentemente muito maior do que a sua própria fonte, no entanto, a contém em cada ramo, e folhas que posteriormente são objetivamente desdobradas pelos processos de crescimento. A veneração do homem por árvores como símbolos das qualidades abstratas de sabedoria e integridade também o levou a designar como árvores aqueles indivíduos que possuíam essas qualidades divinas a um grau aparentemente sobre-humano. Filósofos e sacerdotes iluminados foram muitas vezes referidos como árvores ou homens de árvore – por exemplo, os druidas, cujo nome, de acordo com a interpretação, significa os homens das árvores de carvalho, ou os iniciados de certos Mistérios sírios que foram chamados cedros ; na verdade, é muito mais credível e provável que os famosos cedros do Líbano, cortados para a construção do Templo do Rei Salomão, foram realmente iluminados, iniciado pelos sábios. O místico sabe que os verdadeiros suportes da Gloriosa Casa de Deus não eram os troncos sujeitos à decadência, mas os intelectos imortais e imperecíveis de veneração do hierophants. 

As árvores são repetidamente mencionadas no Antigo e Novo Testamentos, e nas escrituras de várias nações pagãs. A Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal mencionado no Gênesis, a sarça ardente em que o anjo apareceu a Moisés, a famosa videira e figueira do Novo Testamento, o bosque de oliveiras no Jardim do Getsêmani, onde Jesus foi orar, e a árvore milagrosa do Apocalipse, que produz doze tipos de frutos e cujas folhas são para a cura das nações, todos dão o testemunho da estima as árvores, que foram compreendidas pelos escribas das Sagradas Escrituras. Buda recebeu sua iluminação sob a árvore Bodhi, perto de Madras, na Índia, e vários dos deuses orientais são retratados sentado em meditação sob os galhos de árvores que se espalham. Muitos dos grandes sábios e salvadores tem varinhas, varas, ou aduelas cortadas da madeira de árvores sagradas, como as hastes de Moisés e Arão; Gungnir – a lança de Odin – cortado da árvore da vida; e a vara consagrada de Hermes, com serpentes em torno entrelaçadas combatem entre si. Os diversos usos dos antigos feitos da árvore e seus produtos são fatores em seu simbolismo. Seu culto foi, em certa medida, com base na sua utilidade.

O JP Lundy escreve: “As árvores ocupam um lugar tão importante na economia da natureza por meio de atrair e reter umidade e sombreamento das fontes de água e no solo, de modo a evitar a esterilidade e desolação; são tão úteis para homem de sombra, para os frutos, para a medicina, para o combustível, para a construção de casas e navios, para móveis, para quase todos os departamentos da vida, que não é de admirar que alguns dos mais notáveis, como o carvalho, pinheiro, a palma da mão, e o sicômoro são considerados sagrados e usados para a adoração.”

A Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal tem em si ocultado o grande arcano da Antiguidade – o mistério do equilíbrio. A Árvore da Vida representa o ponto de equilíbrio espiritual – o segredo da imortalidade.

A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, como o próprio nome indica, representa polaridade, ou desequilíbrio – o segredo da mortalidade. Assim, a Árvore da Vida é também o símbolo nomeado dos Mistérios, e participando no homem, o fruto alcança a imortalidade. O carvalho, o pinheiro, o cinza, o cipreste, e a palma são as cinco árvores de grande importância simbólica. O Pai, o Deus dos Mistérios era frequentemente adorado sob a forma de um carvalho; o Deus Salvador – freqüentemente o Mártir – sob a forma de um pinheiro; o eixo do mundo e da natureza divina na humanidade na forma de uma cinza; as Deusas, ou princípio maternal, sob a forma de um cipreste; e o pólo positivo da geração sob a forma da inflorescência da tamareira companheiro. A pinha é um símbolo fálico da antiguidade remota. O tirso de Baco – uma longa varinha ou encimado por uma pinha ou cacho de uvas entrelaçada com hera ou folhas de videira, às vezes fitas – significa que as maravilhas da natureza só podem ser conseguidas com a ajuda da virilidade da energia solar, como simbolizado pelo cone ou uvas.

Os alquimistas passaram a simbolizar os seus metais por meio de uma árvore, para indicar que todos os sete ramos eram dependentes de um único tronco de vida solar. À medida que os Sete Espíritos dependem de Deus e são ramos de uma árvore da qual Ele é a raiztronco, e a terra espiritual da qual a raiz deriva seu sustento, por isso o único tronco da vida divina pode alimentar todas as múltiplas formas de que o universo é composto.

“Estamos sempre conectados a todas as vidas que vivemos e viveremos. Elas são parte do nosso caminho, nossa natureza e nossa herança. ”~ Mira Kelley

Imagem: Claude Monet The Water Lily Pond, 1899, by Claude Monet

Link Consultado: Sacred Texts

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Vênus Deusa As Pecularidades são complementares

“As pecularidades são complementares” – Professora Lúcia Helena Galvão

“As pecularidades são complementares” – ”Quando um ser humano integra sua energia masculina e feminina de forma harmônica e complementar dentro de si, realiza a grande obra: da dualidade passou à unidade. A experiência de Ser Integral é viver a polaridade masculina e feminina que existe dentro de nós e encontrar alguém que complementa o que precisamos para nossa verdadeira evolução. Almas são como velas acendem-se umas nas outras. Amar é ser Yin para o outro é permitir o outro seja Yang para você.”

Seguimos com a pauta editorial de “livre expressão” proposta no Infância Zen – Sexta-feira é regida por Vênus. Dia do AMOR, de expressar o amor no “Jardim da Infância Zen”. Owmmmm o AMOR!

O amor é construído através do Desenvolvimento Pessoal, no Amadurecimento e Autoresponsabilidade. Eu sinto o AMOR.

*** A deusa Vênus é a deusa do amor e da beleza na mitologia romana. Para os romanos, ela representou o ideal de beleza feminina. Foi uma das figuras mais veneradas na antiguidade e na mitologia grega, corresponde à deusa Afrodite.

“A natureza pinta para nós, dia a dia, retratos de beleza infinita, se tivermos olhos para vê-los.”

“Vênus é a estrela mais brilhante do céu e devido à sua proximidade com o Sol pode ser vista em maior luminosidade ao amanhecer ou entardecer, o que a tornou conhecida popularmente por Estrela D’Alva ou Vésper. Seu brilho intenso foi associado por diversas culturas primitivas à feminilidade e beleza. A origem do mito de Afrodite é imprecisa, mas é sabido que a deusa foi “helenizada” a partir de divindades e mitos semitas e orientais.

Afrodite é a mais bela das deusas e, segundo uma das versões de seu nascimento, surgiu das espumas do mar, cena consagrada por diversas representações. Deusa do amor e do erotismo, recorremos ao mito para enunciar também sua grande fecundidade e volúpia: Afrodite teve inúmeros amantes: Hefesto, Ares, Hermes, Adônis, Dionísio… Símbolo do desejo erótico incontido, Afrodite está ligada mais ao prazer do amor em sua forma física e sensorial do que propriamente aos seus frutos, embora a deusa tenha tido muitos filhos e seja relacionada também à mãe e à nutrição na astrologia.

Seu poder de infundir o desejo é tamanho que, diante dele, até mesmo Zeus, o mais poderoso imortal, perde seu juízo. Assim mesmo, quando se via contrariada, Afrodite lançava suas maldições a fim de satisfazer seus caprichos, fazendo do amor uma armadilha, ou um veneno mortal, como demonstra inúmeras tragédias.

Para a astrologia, Vênus representa figuras femininas, amor, bodas, prazeres de toda natureza – inclusive os que viciam – as artes e todo tipo de ornamento belo, sobretudo as pedras brilhantes e os adornos dourados.

É um planeta essencialmente feminino e noturno, conhecido também como “pequena benéfica”, pois de natureza úmida, favorável à fertilidade e à própria vida. Seu símbolo ♀ congrega o círculo e a cruz, espírito e matéria: a potência dos prazeres sentidos na pele e que nos põe em êxtase. Mas é na organização destes elementos e seus significados que a simbologia nos orienta de forma que a dimensão material nunca se sobreponha ao espírito, o que representaria a corrupção de sua real essência.” Texto do Astrólogo Tradicional ☤ Rafael Amorim https://www.instagram.com/p/CAeQVEgpzhp/?utm_source=ig_web_copy_link

“As pecularidades são complementares” – Professora Lúcia Helena Galvão

“Aquilo que pedimos aos céus na maioria das vezes se encontra em nossas mãos.” William Shakespeare

Eu acredito em “conto de fadas e acredito muito no poder do amor”. Hoje bateu aquela saudade linda do meu casamento, no dia em que Eu e o Luciano, casamos 12/06/2004, há quase 17 anos atrás.

Um casamento perfeito é apenas duas pessoas imperfeitas que se recusam a desistir um do outro.

O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. O amor pede sabedoria, cumplicidade, escolhas, renúncias, acolhimento, entendimento e rega diária de ambas partes.

O amor é como uma semente que ao plantar precisamos preparar o terreno, estruturar as bases, semeiar, regar, adubar e cuidar. Às vezes poderá haver pragas, secas ou excessos de chuva e nem por isso podemos abandonar o nosso jardim. A colheita vai depender do processo do semear.

Nós acreditamos no amor e escolhemos pousar um do lado do outro, mesmo podendo voar. Podendo encontrar até outros ninhos, outros caminhos, e escolhemos ficar. “Precisamos descobrir o poder do amor, o poder redentor do amor e, quando o fizermos, faremos deste velho mundo um novo mundo”.

Sobre o Amor e Partilhas

Sobre partilhas, compartilhar é uma forma linda de servir. A partir do serviço ao coletivo podemos acessar a verdadeira essência da abundância e a da prosperidade através das ricas e amorosas trocas. Aprendemos muito com as trocas de experiências coletivas.

Minha intenção aqui é sim verdadeiramente inspirar pessoas, assim como eu me inspiro também.

Minha intenção é compartilhar um estilo de vida que escolhi, que faz sentido para mim, que me ajuda diferenciar o pensamento, sentimento, a intuição, sensação e emoção, que ajuda a entender minha dualidade, que faz ser eu mesmo de forma autêntica, verdadeira e vulnerável, que me traz equilíbrio com meu corpo, mente e alma.

Um estilo de vida que me ensina diariamente a ser mais leve e o mais consciente possível.

Minha intenção aqui não é rotular, ditar regras e nem julgar ninguém. Respeito a escolha de cada um. Aqui escrevo apenas algumas das minhas reflexões e vivências pessoais que me ajudam muito organizar minhas ideias, que me ajudam integrar a minha personalidade e respectivamente podem ou não ajudar os outros.

Quando você muda o olhar em relação as coisas, as coisas mudam o olhar em relação a você. O Universo se manifesta a partir de você. Só aquilo que realmente somos tem o poder de nos curar.

A felicidade só é real quando compartilhada. O ato de servir ajuda no cumprimento da nossa missão e propósito na terra.

Lembre-se: Para determinadas pessoas, o ato de servir pode parecer um ato de fraqueza. Sendo analisado por outro ângulo, o verdadeiro servidor é um inspirado e inspirador do universo. É um guia, um orientador que exerce influência de inspiração diretamente no seu comportamento e de quem te admiras. Amar o próximo é a maior prova de humanidade que existe.

Não guarde amor para amanhã; ofereça-o hoje mesmo a todo mundo.

A magia do conhecimento se dá, na troca de experiências por diferentes pensamentos. A humildade é sempre bem vinda quando nos permitimos aprender com o outro. Acreditem eu aprendo muito com vocês e respeito a liberdade e individualidade de todos.

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Liberdade Igualdade Fraternidade

Liberdade, Igualdade e Fraternidade – Rudolf Steiner

Liberdade Igualdade e Fraternidade | Rudolf Steiner

A base da Antroposofia, era lema da Revolução Francesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Liberté, égalité et fraternité.

A Liberdade no campo do pensamento.

Todos podemos pensar livremente e respeitar o pensamento alheio. Exercício de habilidades. “Vida Espiritual” Prestação de serviços. Criação artística. Criação intelectual e científica. Criação educacional

A Igualdade no campo do jurídico.

Todos “somos iguais” no campo de Direitos e Deveres. Aqui seria na “Vida Jurídica-política” – Leis que Regulam direitos e deveres. Aqui vale a isonomia.

A Fraternidade no campo da Economia.

O campo básico é a FRATERNIDADE (solidariedade). Para que não exista tantas diferenças socioeconômicas.

“Vida Econômica”: Produção, distribuição e consumo. Mas não só de bens físicos! Exemplo: Bibliotecas (necessidades de conhecimento) . Museus (necessidades anímicas e de conhecimento). Orquestras (necessidades anímicas).

É muito importante notar que, em todos os organismos sociais: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE, esses ideais da Revolução Francesa, originários da Grécia antiga devem ser aplicados cada um em seu âmbito específico, que deve ter independência em relação aos outros âmbitos (R. Steiner.)

Como os sistemas do ser humano: cabeça – neuro-sensorial; tronco – rítmico ou respiratório-circulatório; membros – metabólico-motor (Steiner). Por isso não funcionaram naquela revolução!

A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres, que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas.” (Rudolf Steiner)

“Até que a gente chegue lá, pode até demorar muito, e é por isso que temos que realizar atividades voltadas ao ser humano. Afinal, como o próprio Steiner pregava, toda educação é auto-educação e, quanto mais se ensina, mais se aprende.

“Só se pode transmitir à criança aquilo que o educador conquistou em si mesmo.” – Rudolf Steiner

Rudolf Steiner antecipou a crescente dimensão da problemática social e ecológica com que se haveriam de enfrentar as jovens gerações do século XX em todo o mundo, e assinalou que, para a abordagem dessa difícil tarefa, não é suficiente a aquisição de conhecimentos científicos e técnicos: o fundamental reside em conseguir um pensamento vivo e global, que permita atuar com independência e capacidade de iniciativa, com competência para uma tomada adequada de decisões e um atuar autônomo sustentado na responsabilidade social. Para isso, deve-se enfatizar o aspecto meio-ambiental e multicultural da educação. As ferramentas que irão prover tal educação deverão procurar uma flexibilidade, uma qualificação básica multidisciplinar, um interesse ativo por todos os aspectos da vida e uma vontade comprometida com o social.

A partir da análise das dimensões específicas do ser humano: o pensar, o sentir e a vontade, Rudolf Steiner firmou as bases de uma educação que tende a responder às necessidades atuais e futuras da humanidade. Segundo ele, uma sociedade só pode configurar-se e desenvolver-se de forma sadia e adequada às solicitações da época se levar em conta as dimensões essenciais do ser humano.

É sobre a base desse mesmo princípio que concebeu a Trimembração do Organismo Social. Para isso, revalorizou os impulsos da Revolução Francesa: LiberdadeIgualdade e Fraternidade, como diretrizes máximas das diferentes funções sociais. Concebeu a Liberdade como o princípio básico que deve reger a vida cultural-espiritual; a Igualdade como alicerce fundamental da questão jurídico-legal e a Fraternidade como sustento imprescindível para a atividade econômica. Na educação, isso significa desenvolver na criança as bases para um pensamento claro e preciso, isento de preconceitos e dogmas, o que leva à liberdade; sentimentos autênticos não massificados e que respeitem os demais, num marco de igualdade de direitos e obrigações, e uma capacidade vigorosa de sustentar responsavelmente a fraternidade na vida econômica do futuro.

Essa visão do homem e da sociedade alimenta e sustenta tudo o que é feito nas escolas Waldorf do mundo inteiro, tanto na ação pedagógica como no que se refere à sua organização institucional de autogestão colegiada e interação sócio-comunitária. Com relação a isto, os princípios de Liberdade no pensar, Igualdade no jurídico-legal e Fraternidade no econômico regem a organização institucional das escolas Waldorf, que funcionam operativamente segundo a forma democrática e republicana. Para isto, tem-se substituído a ordem hierárquica por uma condução colegiada de que participam todos os docentes, com iguais direitos e obrigações.

Os mesmos princípios básicos regem a organização administrativa, para a qual os pais se organizam junto à Conferência Interna (composta pelos professores mais experientes da escola) e nos diferentes grupos de trabalho que incluem a esfera sócio-comunitária.

Para começar o dia com o Poema de Rudolf

Com sua luz querida
o sol clareia do dia,
e o poder do espírito,
que brilha em minha alma,
dá força aos meus membros.
No brilho da luz do sol, oh Deus,
venero a força humana
que tu, bondosamente,
plantaste em minha alma.
Para que eu possa estar
ansioso em trabalhar.
Para que eu possa ter
desejo de aprender.
De Ti, vem luz e força.
Para Ti refluem
amor e gratidão.

“O que realmente importa?”

“O que realmente importa” não flutua na superfície. Um mergulho é necessário para descobrir.

Um mergulho que nos exige esforço para despir-se de ideias preconcebidas, abrir-se para perceber o todo e força para ir ao encontro da essência.

Contudo o espírito do tempo nos bate à porta. “O que realmente importa?” é a pergunta que ainda adormecia em vários setores da sociedade, mas que, agora, emerge diante das enormes dificuldades que encontramos ao lidar com as questões contemporâneas. O desafio está à vista de todos e em escala mundial.

Como em um iceberg, o que habita na superfície é a pequena parte de um grandioso todo que se faz necessário mergulhar para descobrir.

Chegou o tempo. Indivíduos, grupos, organizações e sociedade despertam para procurar como fazer esse mergulho em busca de respostas para suas questões essenciais.

A desigualdade social, os problemas ambientais, a fome, o preconceito e os demais desafios contemporâneos geram incômodos que não se permitem mais ser ignorados.

A chama para fazermos do mundo um lugar melhor para viver está acesa, mas isso dependerá da qualidade das nossas escolhas.

Somos mais de 7 bilhões de pessoas que precisam se alimentar, viver e, além disso, se realizar como indivíduos. Fazemos parte de uma grande teia, na qual estamos todos interligados e em intensa dependência mútua.

Martin Luther King traduz essa grande conexão humana com a seguinte frase:

“O que quer que afete a um diretamente, afeta a todos indiretamente. Eu nunca poderei ser o que eu devo ser até que você seja o que deve ser. E você nunca poderá ser o que deve ser até que eu seja o que devo ser”.

A semente para a construção desse caminho foi criada por Rudolf Steiner, filósofo, cientista e educador austríaco, no fim do século 19. Estimulado em reverter o quadro de degradação em que vivia a sociedade da época, Steiner usou um antigo princípio tríplice, que também foi adotado pela Revolução Francesa, para a construção da imagem de uma sociedade equilibrada: a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Essa imagem foi por ele denominada de Trimembração Social.

A Trimembração Social baseia-se na concepção de que nós, seres humanos, temos mais em comum do que diferenças. Na essência, independente da nacionalidade, raça ou qualquer outro tipo de classificação, os seres humanos são seres em constante processo de evolução e, como tal, convergem em suas aspirações no âmbito espiritual.

Neste contexto, Steiner traz a visão de uma sociedade formada por três subsistemas que se autogerenciam, buscam o equilíbrio e consideram as dimensões materiais e imateriais em que vivemos:

  • Vida Cultural/Espiritual;
  • Vida Política /Jurídica;
  • Vida Econômica.

Liberdade Igualdade e Fraternidade | Rudolf Steiner

A Vida Cultural e Espiritual visa potencializar as capacidades dos seres humanos, onde, trabalhando juntos, possam se desenvolver enquanto indivíduo, grupo e sociedade.

A Vida da Política e Jurídica entra em ação nos acordos, combinações e leis entre as pessoas, visando o apoio à Vida Cultural/Espiritual e a Vida Econômica, promovendo o saudável e produtivo convívio social.

A Vida Econômica atua para lidar com a produção, circulação e consumo, buscando satisfazer as reais necessidades das pessoas.

Neste contexto, em uma sociedade equilibrada, a Liberdade torna-se o princípio norteador do pensar das pessoas, refletido na Vida Cultural e Espiritual da sociedade; a Igualdade se faz presente nas relações em geral e é realizada através da Vida Jurídica e Política; e a Fraternidade se tangibiliza na vida Econômica que rege essa sociedade.

Por que a Liberdade na Vida Cultural e Espiritual? Porque somente em um ambiente onde as pessoas possam expressar suas ideias e exercer suas escolhas é capaz de promover o desenvolvimento humano. A liberdade como princípio desta dimensão da sociedade atua trazendo harmonia e a multiplicidade de possibilidades para o exercício da vida prática.

Por que Igualdade na Vida Política e Jurídica? Para garantir igualdade nos direitos e obrigações. O princípio da igualdade quando exercido, traduz-se em relações equânimes e harmônicas.

Por que Fraternidade na Vida Econômica? Para garantir que genuinamente os produtos e serviços existam para satisfazer as necessidades humanas. Para garantir o uso dos recursos de forma saudável, garantindo que os mais de 7 bilhões de habitantes do planeta possam viver em condições humanas.

São conceitos simples e que fazem total sentido quando nos são apresentados, apesar de serem extremamente desafiadores para implantação, que certamente não acontece em uma “virada de chave”, mas sim em um processo orgânico, de contínua elevação de consciência em todos os níveis da sociedade.

Na Vida Econômica, quanto mais nos deixarmos guiar pelos interesses do ecossistema, mais sadio será o desenvolvimento.

Na Vida Política e Jurídica, quanto mais acordos e leis fizermos considerando que todos são emancipados e equivalentes, mais sadio será o desenvolvimento.

Na Vida Espiritual e Cultural, quanto mais espaço dermos para a colaboração, expressão das ideias e realização das capacidades individuais, mais sadio será o desenvolvimento.

Há, contudo, importantes cuidados que precisamos considerar. Esses princípios atuam de maneira saudável em seus respectivos subsistemas e, caso ultrapassem esses domínios, podem gerar desarmonia e desequilíbrio social.

Como, por exemplo, quando assumimos que o livre-arbítrio é capaz de reger outras dimensões sociais. O que aconteceria se a Fraternidade fosse substituída pela Liberdade na Vida Econômica? Haveria o risco de um liberalismo que não tem capacidade de se autogerenciar para o

desenvolvimento da sociedade, potencializando o egoísmo humano, tornando o homem “o lobo do próprio homem”. Olhando as cercanias das grandes cidades no Brasil e no mundo, os efeitos de um sistema econômico que cada vez mais potencializa o desequilíbrio entre ricos e pobres, assim como seus efeitos nos sistemas ecológicos e na biosfera. Outro exemplo deste possível desequilíbrio refere-se ao big data, ao poder que a inteligência artificial é capaz de colocar na mão de poucos, o dilema das redes sociais é um exemplo vivo e atual.

Na Vida Cultural e Espiritual, o que aconteceria se houvesse Igualdade no lugar da Liberdade? Não haveria diversidade, a sociedade se pasteurizaria e se padronizaria de forma a sufocar as potencialidades individuais e, consequentemente, coletivas. Exemplos práticos desse efeito podem ser vistos nos regimes comunistas e socialistas, que tentaram impingir essa igualdade ao longo da história, cerceando o direito do exercício da individualidade.

Assim como, se a Vida Econômica fosse regida pelo princípio da Igualdade? Haveria empobrecimento e diminuição das possibilidades de escolha com a ausência dos desafios de melhoria e superação. Além disso, o entendimento de que todas as individualidades são iguais e que devem ter o mesmo padrão material é um equívoco alimentado por um pensar materialista.

Steiner ofereceu ao mundo inúmeras contribuições, sendo que várias delas já estão consolidadas e trazendo reais benefícios para a sociedade. A medicina antroposófica, educação waldorf, farmacologia antroposófica e a agricultura biodinâmica são exemplos práticos desse legado.

Contudo, a Trimembração Social é uma contribuição que ainda possui um grande potencial de entendimento e desenvolvimento. Entendemos que essa imagem nos oferece uma oportunidade para um novo olhar, um novo caminho que abra as possibilidades para a promoção do equilíbrio, da harmonia e do desenvolvimento no nível do indivíduo e do coletivo.

Assim como na sociedade, os desafios atuais das organizações são enormes. O contexto contemporâneo criou um ambiente que exige das empresas elevado nível de consciência do seu papel na sociedade e, consequentemente, capacidade de inovação, flexibilidade, resiliência, mudança e conexão com os que o cercam.

Ao promover o debate sobre o que realmente importa, entendemos estar contribuindo para os tempos atuais e futuros. Por isso, em mais de 30 anos apoiando processos de desenvolvimento organizacional, vislumbramos que o arquétipo da Trimembração Social possui um grande potencial de contribuição para apoiar os desafios organizacionais.

As organizações espelham a natureza humana, foram criadas para expandir as capacidades do ser humano, sendo a sua mais complexa criação. Elas, portanto, podem e devem servir de espelho para que os reflexos de suas ações na vida prática apoiem o desenvolvimento da sociedade e vice-versa.

Neste sentido, qual é a imagem que podemos formar para olhar esses princípios dentro de um negócio? 

Qual é o papel da Liberdade, Igualdade e Fraternidade em nossa sociedade

Na Vida Econômica, quanto mais nos deixarmos guiar pelos interesses do ecossistema, mais sadio será o desenvolvimento.

Na Vida Política e Jurídica, quanto mais acordos e leis fizermos considerando que todos são emancipados e equivalentes, mais sadio será o desenvolvimento.

Na Vida Espiritual e Cultural, quanto mais espaço dermos para a colaboração, expressão das ideias e realização das capacidades individuais, mais sadio será o desenvolvimento.

Há, contudo, importantes cuidados que precisamos considerar. Esses princípios atuam de maneira saudável em seus respectivos subsistemas e, caso ultrapassem esses domínios, podem gerar desarmonia e desequilíbrio social.

Como, por exemplo, quando assumimos que o livre-arbítrio é capaz de reger outras dimensões sociais. O que aconteceria se a Fraternidade fosse substituída pela Liberdade na Vida Econômica?

Haveria o risco de um liberalismo que não tem capacidade de se autogerenciar para o desenvolvimento da sociedade, potencializando o egoísmo humano, tornando o homem “o lobo do próprio homem”. Olhando as cercanias das grandes cidades no Brasil e no mundo, os efeitos de um sistema econômico que cada vez mais potencializa o desequilíbrio entre ricos e pobres, assim como seus efeitos nos sistemas ecológicos e na biosfera. Outro exemplo deste possível desequilíbrio refere-se ao big data, ao poder que a inteligência artificial é capaz de colocar na mão de poucos, o dilema das redes sociais é um exemplo vivo e atual.

Na Vida Cultural e Espiritual, o que aconteceria se houvesse Igualdade no lugar da Liberdade? Não haveria diversidade, a sociedade se pasteurizaria e se padronizaria de forma a sufocar as potencialidades individuais e, consequentemente, coletivas. Exemplos práticos desse efeito podem ser vistos nos regimes comunistas e socialistas, que tentaram impingir essa igualdade ao longo da história, cerceando o direito do exercício da individualidade.

Assim como, se a Vida Econômica fosse regida pelo princípio da Igualdade? Haveria empobrecimento e diminuição das possibilidades de escolha com a ausência dos desafios de melhoria e superação. Além disso, o entendimento de que todas as individualidades são iguais e que devem ter o mesmo padrão material é um equívoco alimentado por um pensar materialista.

Steiner ofereceu ao mundo inúmeras contribuições, sendo que várias delas já estão consolidadas e trazendo reais benefícios para a sociedade. A medicina antroposófica, educação waldorf, farmacologia antroposófica e a agricultura biodinâmica são exemplos práticos desse legado.

Contudo, a Trimembração Social é uma contribuição que ainda possui um grande potencial de entendimento e desenvolvimento. Entendemos que essa imagem nos oferece uma oportunidade para um novo olhar, um novo caminho que abra as possibilidades para a promoção do equilíbrio, da harmonia e do desenvolvimento no nível do indivíduo e do coletivo.

Assim como na sociedade, os desafios atuais das organizações são enormes. O contexto contemporâneo criou um ambiente que exige das empresas elevado nível de consciência do seu papel na sociedade e, consequentemente, capacidade de inovação, flexibilidade, resiliência, mudança e conexão com os que o cercam.

Ao promover o debate sobre o que realmente importa, entendemos estar contribuindo para os tempos atuais e futuros. Por isso, em mais de 30 anos apoiando processos de desenvolvimento organizacional, vislumbramos que o arquétipo da Trimembração Social possui um grande potencial de contribuição para apoiar os desafios organizacionais.

As organizações espelham a natureza humana, foram criadas para expandir as capacidades do ser humano, sendo a sua mais complexa criação. Elas, portanto, podem e devem servir de espelho para que os reflexos de suas ações na vida prática apoiem o desenvolvimento da sociedade e vice-versa.

Neste sentido, qual é a imagem que podemos formar para olhar esses princípios dentro de um negócio? Qual é o papel da Liberdade, Igualdade e Fraternidade dentro das organizações?

Tipos de necessidades, interesses e habilidades – Todo ser humano é um sernatural (físico), social (anímico), individual (espiritual), portanto há necessidades, habilidades e interações naturais (físicas) sociais (anímicas) individuais (espirituais) – Valdemar W. Setzer – Trimembração social

1. Fontes epistemológicas

“O maior problema de todo pensar humano é compreender o homem como personalidade livre baseada em si mesma. ” Rudolf Steiner

“Só alcança a liberdade, assim como a vida, quem diariamente a deve conquistar.” Goethe

As citações aqui selecionadas constituem linhas mestras do pensamento do Dr. Rudolf Steiner, fundador do movimento universal das escolas Waldorf.

De sua biografia cabe destacar que o Dr. R. Steiner nasceu em Kraljevic (a atual Croácia), em 1861, e faleceu em 1925. Estudou Ciências Naturais e Matemática na Universidade Tecnológica de Viena. Ao mesmo tempo, dedicou-se a aprofundar temas político-sociais, realizando estudos literários e filosóficos. Foi o autor e editor do prólogo da primeira edição das Obras Científicas Completas de Göethe.

Goethe, como investigador, conseguiu transcender no seu estudo da botânica o meramente físico, para alcançar o conhecimento das forças vitais que configuram o que denominou a “planta arquetípica”, por meio do desenvolvimento da idéia da metamorfose. Entende por ela as leis básicas que impulsionam o processo de crescimento mediante uma constante modificação morfológica.

Goethe comprovou que na diversidade dos organismos impera o princípio de que em cada fase de desenvolvimento estão contidas outras. Esse princípio transcende a mera observação da essência do mundo e dos fenômenos universais. Só a partir da dualidade eu-mundo, é que se pode alcançar uma compreensão tal que funde o investigador numa unidade vivencial harmônica com os processos que ele estuda.

Rudolf Steiner retomou esse trabalho, aprofundou-o e ampliou-o a todos os reinos da natureza, incluindo o ser humano.

Nesse estudo aprofundado, Rudolf Steiner mostra como o Homem contém em si cada reino da natureza. Assim, o reino mineral está presente no Homem, os ossos e em toda a estruturação do corpo físico. O reino vegetal se manifesta no homem através dos processos vitais presentes nos líquidos humorais e sangue, similares à seiva na planta. Por sua vez, o reino animal está no Homem em seus instintos e sensações. Porém, o princípio de liberdade individual, de autoconsciência, só existe no reino humano e isto torna o homem um ser pertencente, simultaneamente, ao reino natural-físico e ao espiritual, portanto, sujeito às leis de ambos.

Rudolf Steiner publicou também uma série de trabalhos que tencionavam responder a questões nos âmbitos científicos e filosóficos daquela época, entre elas: É o homem um ser espiritual livre em seu pensar e atuar ou está predeterminado pelas leis da natureza? Ele aprofundou suas investigações sobre Kant e os idealistas alemães, em especial Fichte, procurando explicar essa dicotomia, a partir da concepção goetheanística do homem como unidade psico-físico-espiritual.

Em sua obra, A Filosofia da Liberdade, Rudolf Steiner buscou estabelecer uma analogia entre as experiências sensoriais e as experiências espirituais, propondo uma metodologia científica.

Sua contribuição inédita consistiu em ter desenvolvido um método de investigação rigoroso que permite incursionar tanto no campo do físico-sensível como no plano espiritual. Esse método permitiu-lhe enfocar e estudar, a partir de ambos os pontos de vista, o ser humano, o universo e todas as relações e inter-relações existentes com uma visão holística, global, a respeito da origem, do desenvolvimento, das metas dos seres e do mundo.

Steiner desenvolve a Antroposofia, definindo-a como um caminho de conhecimento capaz de dar respostas rigorosas e comprováveis a todos os campos relacionados ao homem e a seu mundo.

A Antroposofia entende o ser humano como um microcosmo no qual vibram e pulsam os processos do universo. Centrando seu estudo no homem, tenta responder às suas necessidades, abarcando o científico, o cultural e o artístico-religioso, trazendo para a sociedade impulsos de aplicação prática concreta.

2. Fontes sócio-antropológicas

Sobre a base de sua investigação científica e fiel à idéia do homem como unidade, Rudolf Steiner elaborou uma concepção do ser humano e da vida que deu origem a novos impulsos em todos os setores do conhecimento humano: a Pedagogia, a Medicina, a Arquitetura, a Agricultura, a Organização Social, a Arte, etc.

Suas iniciativas pretendem responder às necessidades essenciais do homem e aos problemas do indivíduo e da sociedade moderna e, por conseqüência, pós-moderna. Em relação a isto, desenvolveu nos últimos anos de sua vida uma intensa atividade, tratando de trazer soluções à crise política, social e pedagógica, estabelecida na Europa, depois da primeira guerra mundial.

Rudolf Steiner antecipou a crescente dimensão da problemática social e ecológica com que se haveriam de enfrentar as jovens gerações do século XX em todo o mundo, e assinalou que, para a abordagem dessa difícil tarefa, não é suficiente a aquisição de conhecimentos científicos e técnicos: o fundamental reside em conseguir um pensamento vivo e global, que permita atuar com independência e capacidade de iniciativa, com competência para uma tomada adequada de decisões e um atuar autônomo sustentado na responsabilidade social. Para isso, deve-se enfatizar o aspecto meio-ambiental e multicultural da educação. As ferramentas que irão prover tal educação deverão procurar uma flexibilidade, uma qualificação básica multidisciplinar, um interesse ativo por todos os aspectos da vida e uma vontade comprometida com o social.

A partir da análise das dimensões específicas do ser humano: o pensar, o sentir e a vontade, Rudolf Steiner firmou as bases de uma educação que tende a responder às necessidades atuais e futuras da humanidade. Segundo ele, uma sociedade só pode configurar-se e desenvolver-se de forma sadia e adequada às solicitações da época se levar em conta as dimensões essenciais do ser humano.

É sobre a base desse mesmo princípio que concebeu a Trimembração do Organismo Social. Para isso, revalorizou os impulsos da Revolução Francesa: LiberdadeIgualdade e Fraternidade, como diretrizes máximas das diferentes funções sociais. Concebeu a Liberdade como o princípio básico que deve reger a vida cultural-espiritual; a Igualdade como alicerce fundamental da questão jurídico-legal e a Fraternidade como sustento imprescindível para a atividade econômica. Na educação, isso significa desenvolver na criança as bases para um pensamento claro e preciso, isento de preconceitos e dogmas, o que leva à liberdade; sentimentos autênticos não massificados e que respeitem os demais, num marco de igualdade de direitos e obrigações, e uma capacidade vigorosa de sustentar responsavelmente a fraternidade na vida econômica do futuro.

Essa visão do homem e da sociedade alimenta e sustenta tudo o que é feito nas escolas Waldorf do mundo inteiro, tanto na ação pedagógica como no que se refere à sua organização institucional de autogestão colegiada e interação sócio-comunitária. Com relação a isto, os princípios de Liberdade no pensar, Igualdade no jurídico-legal e Fraternidade no econômico regem a organização institucional das escolas Waldorf, que funcionam operativamente segundo a forma democrática e republicana. Para isto, tem-se substituído a ordem hierárquica por uma condução colegiada de que participam todos os docentes, com iguais direitos e obrigações.

Os mesmos princípios básicos regem a organização administrativa, para a qual os pais se organizam junto à Conferência Interna (composta pelos professores mais experientes da escola) e nos diferentes grupos de trabalho que incluem a esfera sócio-comunitária.

“Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas.”

Naquele momento os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram:

— Quem é o maior no Reino dos céus?

Chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse:

— Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.

Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus.

Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo.

Seguimos com a pauta editorial proposta no Infância Zen – Quarta-feira é regido por Mercúrio – Hermes o mensageiro das Crianças no “Jardim da Infância Zen”. As crianças pedem por autonomia responsável, assertiva e amoroso. Que elas nos guiem na CoCriAção CriAtiva e MeditAção Ativa no “Jardim da Infância Zen”.

O que você pensa sobre: Liberdade Igualdade e Fraternidade | Rudolf Steiner ***

*** Que foi Rudolf Steiner

Nasceu em 27 de fevereiro de 1861 em Kraljevec (Áustria). Apesar de seu interesse humanístico, despertado ainda na infância por uma sensibilidade para assuntos espirituais, cumpriu em Viena, a conselho do pai, estudos superiores de ciências exatas. Por seu desempenho acadêmico, a partir de 1883 tornou-se responsável pela edição dos escritos científicos de Goethe na coleção Deutsche Nationalliteratur.

Convidado a trabalhar no Arquivo Goethe-Schiller em Weimar (Alemanha), Steiner tranferiu-se para essa cidade em 1890, onde residiu até 1897. Ali desenvolveu um grande interesse cognitivo e uma consequente atividade literário-filosófica, sendo dessa época sua obra fundamental A filosofia da liberdade (1894).

Após alguns anos em Berlim como redator literário, passou a dedicar-se a uma intensa atividade de conferencista e escritor, no intuito de expor e divulgar os resultados de suas pesquisas científico-espirituais, de início no âmbito da Sociedade Teosófica e mais tarde da Sociedade Antroposófica, por ele fundada.

Em Dornach (Suíça), Steiner construiu em madeira o Goetheanum, sede da Sociedade (e mais tarde também da Escola Superior Livre de Ciência Espiritual), destruído em dezembro de 1922 por um incêndio e posteriormente substituído pelo atual edifício em concreto. Foi em Dornach que ele morreu em 1925, deixando extraordinárias contribuições nos campos das artes, da organização social, da pedagogia (Waldorf), da medicina, da farmacologia, da agricultura, da pedagogia curativa, etc.

Fontes Consultadas: http://institutorudolfsteiner.org.br/antroposofia/

https://www.adigodesenvolvimento.com.br/a-trimembracao-social-e-o-despertar-de-uma-nova-consciencia-no-mundo-dos-negocios/

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O Labirinto - O Mito do Labirinto

O Labirinto – O Mito do Labirinto

O Labirinto – O Mito do Labirinto – O que o labirinto de Chartres tem em comum com a meditação?

Nossa mente é um labirinto onde podemos nos perder “na viagem” dos pensamentos incertos. Podemos nos perder, e recalcular a rota para nos encontrar.

Você está perdido num labirinto chamado EU? A vida é um labirinto e cada um precisa achar sua direção.

Muitas vezes, expõem-se as diferenças que existem entre o que é Mito e o que é História. Aceitamos facilmente como História todos aqueles fatos que têm uma data, que aconteceram em algum lugar determinado da Terra e que se referem a personagens conhecidos; enfim, fatos relevantes nos quais podemos crer porque provêm de historiadores dignos de fé. Por outro lado, falamos de Mitos como de relatos muito mais fantásticos, imprecisos no tempo, difíceis de definir e atribuídos não mais a personagens históricos e reais, mas a personagens fabulosos que, geralmente, não se sabe sequer se existiram.

No caso do Labirinto, encontramo-nos justamente com um Mito, com um relato de fatos e personagens que são, acima de tudo, simbólicos ou que, pelo menos, a História dificilmente aceita como reais, e sim em um sentido figurado.

Pensamos que todo mito, todo acontecimento figurado, todo relato simbólico, no fundo, apóia-se sobre alguma realidade, ainda que, às vezes, não possamos chamá-la de histórica. O Mito é verdadeiro como referência a realidades psicológicas, a vivências humanas, a processos e formas que se refletem, cobertos de símbolos, e começam a circular, através do tempo, entre os homens, chegando a nós, que devemos ter o trabalho de desvelá-los, ou seja, retirar seus véus e voltar a encontrar o sentido oculto e profundo das coisas.

O Mito do Labirinto é antiquíssimo e, atrevo-me a dizer, é comum a todas as antigas civilizações, nas quais se explica que o labirinto é uma passagem difícil de percorrer, confusa, que faz o homem se perder em caminhos complicados. Às vezes, mescla-se o relato de algum homem fantástico, algum herói ou personagem mítico que desfaz o labirinto e encontra a chave que, finalmente, leva-o à solução desse enigma que lhe é colocado em forma de caminho.

Quando falamos de labirintos, o mais conhecido, o que melhor chegou até nós através da mitologia grega, tão acessível, tão simples, em forma de relatos praticamente infantis, é o labirinto de Creta. Não vou referir-me a esse labirinto tal como relata a mitologia mais conhecida, mas remontaremos um pouco mais no tempo em busca daqueles elementos, que puderam ser encontrados, graças aos últimos descobrimentos arqueológicos em Creta, para ver o que realmente os cretenses adoravam e em que fundamentaram seu labirinto. Veremos, então, que o relato já não é tão infantil e torna-se cada vez mais complexo e simbólico.

Para começar, um velho símbolo cretense, que se referia à sua máxima deidade, era o Machado de Duplo Fio, que também podia ser simbolizado por um par de cornos, com um deles voltado para cima e o outro para baixo, os quais, unidos, conformavam, precisamente, um Machado de Duplo Fio, velho símbolo que se refere a uma deidade com um culto muito forte em Creta: o Touro Sagrado. Esse Machado recebia o nome de Labris e, segundo uma tradição muito antiga, foi a arma com que um deus, o qual os gregos viriam a chamar de Ares-Dionísio, abriu o Primeiro Labirinto

Eis aqui o relato: conta-se que esse Ares-Dionísio, deus muito antigo, dos primeiros tempos, desce à terra. Não há nada criado ou plasmado; há apenas escuridão, apenas trevas. Mas, das alturas é outorgado a esse Ares-Dionísio uma arma, o Labris, e diz-se que, com ela, ele deve forjar o mundo.

Ares-Dionísio, em meio a essas trevas, começa a marchar em forma circular. Isso é muito curioso, porque a ciência atual descobriu que, geralmente, quando estamos na escuridão e não conhecemos o recinto no qual nos encontramos, ou quando queremos sair de um lugar grande, sem luz, a primeira tendência que temos é a de caminhar em círculo; quando nos perdemos, a primeira tendência que temos também é a de caminhar em círculo.

Fizemos essas associações porque queríamos, desde o começo, relacionar o sentido do Labirinto com certos atavismos que ainda hoje guardamos, como seres humanos que somos. Eis que Ares-Dionísio começa a caminhar em círculos e, com seu machado, vai rompendo a escuridão e abrindo uma fresta. Este caminho que ele abre e que se vai iluminando paulatinamente, chamamos de Labirinto, ou seja, o caminho aberto com o Labris.

Quando Ares-Dionísio, depois de muito trabalho, chega ao verdadeiro centro de seu Caminho, descobre que já não tem o machado do início. Agora, seu machado converteu-se em pura luz; o que tem em suas mãos é uma chama, uma tocha que ilumina perfeitamente, porque ele realizou um duplo milagre: trabalhou sobre a escuridão, do lado de fora, com um fio de seu machado, e trabalhou sua própria escuridão interior com o outro fio do machado. À medida que conquistou a luz do lado de fora, conquistou-a também dentro de si; à medida que abriu passagem por fora, abriu-a também por dentro.

Assim, quando chega ao centro do labirinto, encontra o centro do caminho: conquistou a luz e conquistou a si mesmo. Essa é a mais antiga tradição que se pode recolher, em Creta, sobre o mito do Labirinto. A partir daí, as demais são muito mais conhecidas.

Muito conhecido por todos nós é o episódio do fantástico labirinto elaborado por Dédalo, arquiteto e inventor prodigioso da Creta antiga, cujo nome costuma-se utilizar como sinônimo de Labirinto.

Recordando o velho idioma dos gregos, Dédalo ou Dáctil, como é chamado em outras oportunidades, é aquele que faz, que trabalha com os dedos, aquele que constrói. Seu símbolo é o do construtor, não mais de um conjunto de palácios ou jardins, como era o labirinto do Rei Minos, mas em um sentido ainda mais profundo e distante, talvez semelhante àquele primeiro deus, que constrói, nas trevas, um Labirinto de Luz.

Diz-se que, na realidade, o labirinto de Dédalo não era uma casa subterrânea, escura ou tortuosa, e sim um conjunto de casas, palácios e jardins traçados de tal forma que quem entrava não encontrava a saída. O problema não era que o labirinto fosse horroroso, e sim que não se podia sair dali.

Dédalo construiu esse Labirinto para o Rei Minos, de Creta, um personagem quase legendário, cujo nome nos permite aparentá-lo com tradições muito antigas de todos os povos dessa época.
Minos habitava um fantástico palácio, tinha uma esposa, Pasifae, que vai ser quem gestará todo o drama relativo ao Labirinto.

Para chegar a ser rei, Minos contou com a ajuda de outro poderoso deus, o do Oceano e das Águas, Poseidon. Para que Minos se sentisse seguro de seu trono entre os homens, Poseidon realizou um prodígio: dentre as águas, em meio às espumas do mar, faz surgir fantasticamente um touro branco, como um presente, que concede a esse Rei das ilhas de Creta. Isso significa que Minos é efetivamente o Rei.

Mas eis que, conforme a mitologia grega nos relata, a esposa de Minos enamora-se perdidamente por esse touro branco, que se torna o único ser pelo qual ela anseia e o qual deseja, e como não encontra uma forma de aproximar-se dele, pede a Dédalo, o grande construtor, outro favor: que fabrique uma enorme vaca de bronze, bela e atrativa o suficiente para que o touro se sentisse inclinado por ela, e Pasifae esconde-se dentro do animal.

A tragédia é enorme: Dédalo constrói a vaca, Pasifae esconde-se, o touro aproxima-se dela e, dessa estranhíssima união entre uma mulher e um touro branco, surgirá uma besta, metade homem, metade touro: o Minotauro. Esse monstro irá residir no centro do Labirinto, o qual, a partir de agora, se transformará; não será mais um conjunto de jardins e palácios, e sim um lugar tétrico, aterrador e doloroso: a recordação perpétua do drama do Rei de Creta.

Em outras antigas tradições, além dessa de Creta, encontramos uma explicação um pouco menos simplista para o drama de Pasifae e do Touro Branco.

Descobrimos, por exemplo, nos relatos da antiga América pré-colombiana e na Índia, alusões a que, num determinado momento da evolução humana, há milhões de anos, segundo nos dizem, houve um momento em que os homens se confundiram e mesclaram-se com os animais. Dessa aberração e ruptura das leis da Natureza, surgiram verdadeiros monstros, seres híbridos, estranhíssimos de se definir. Não se tratava somente de que trouxessem em si a maldade, como no caso do Minotauro, mas traziam também a vergonha de uma união que jamais deveria ter se realizado, e a vergonha do segredo que não deveria ser revelado jamais, depois que se pudesse apagar esse episódio da memória dos homens.

Assim, a relação de Pasifae com o Touro, e o nascimento do Minotauro faz, de certo modo, referência a essas antigas raças e aos velhos processos que se ocultaram da memória humana em um determinado momento.
Por outro lado, o monstro, o Minotauro, representa a matéria cega e informe, sem inteligência nem direção, encerrada no centro do Labirinto, esperando as vítimas propiciatórias.

A lenda continua, e com o correr dos anos, o Minotauro, dentro de seu Labirinto, converte-se num verdadeiro elemento de terror. O rei de Creta, por questões de guerra, cobra dos atenienses um espantoso tributo: a cada nove anos, eles têm de enviar sete rapazes e sete donzelas virgens para o Minotauro. Na terceira vez, levanta-se um herói em Atenas, um ateniense por excelência: Teseu. Ele promete a si mesmo que não assumirá o reino de sua cidade enquanto não puder libertá-la de semelhante castigo, ou seja, enquanto não puder matar o Minotauro.

Teseu indica a si mesmo para ir entre os jovens que serão sacrificados; chega a Creta e, com a clássica estratégia de namorar a filha de Minos, Ariadne, consegue que esta lhe entregue um novelo de lã para que penetre no Labirinto e, após matar o Minotauro, encontre a saída. Efetivamente, o novelo é fundamental: Teseu entra e vai desenrolando-o à medida que penetra nos intrincados caminhos. Quando chega ao centro, com sua descomunal força e vontade, mata o Minotauro e consegue sair.

Se lermos nas versões simples e corriqueiras, Teseu mata o Minotauro com uma espada ou, algumas vezes, com um punhal. Mas se nos remetermos aos mais velhos relatos e às figuras que encontramos em antigos vasos áticos, Teseu mata o Minotauro com um machado de duplo fio. Uma vez mais, o herói, que abriu caminho em meio ao Labirinto, quando chega ao centro, realiza o prodígio necessário com a ajuda de um Labris, ou seja, com um machado duplo.

Há um mistério a mais para ser elucidado, ainda: o que Ariadne entrega a Teseu não é exatamente um novelo, mas um fuso envolvido por um fio. Este fuso é o que Teseu irá desenrolar à medida que penetra no interior do Labirinto. Mas quando Teseu sai e começa a recolher seu fio, enrolando-o novamente, vai torná-lo perfeitamente circular. Agora, sim, trata-se de uma esfera, de um novelo. Esse símbolo também não é novo; o fuso envolvido com o qual Teseu penetra no Labirinto é a imperfeição de seu ser interior que necessita desenvolver-se, passar por uma série de provas. A esfera que constrói ao recolher o fio é a perfeição conquistada após ter matado o Minotauro, após ter passado pela prova e saído novamente ao exterior.

Labirintos, houve muitos, e Teseus também. Em toda a zona do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, e em toda a Galícia, existem infinidades de gravações em pedra, antiquíssimas, com labirintos desenhados, repetidos sistematicamente, como se fossem um sinal, uma marca que atrai, também, o peregrino do Caminho de Santiago e o induz a percorrer esse caminho, o qual, embora para nós, apresente-se como sendo reto, quanto ao seu sentido simbólico e de realização espiritual, é também um labirinto.

Labirintos encontram-se na Inglaterra, no famoso castelo de Tintagel, onde se diz que nasceu o Rei Arthur. Também os encontramos na Índia, onde foram tomados como símbolo da meditação, da concentração, do retorno sobre o próprio eixo.

No antigo Egito, na cidade de Abydos, tão antiga que quase se entronca com a história pré-dinástica do Egito, existia um labirinto que se chamava “Caracol”; era o Caracol de Abydos; precisamente, um templo circular, em cujos caminhos eram celebradas as cerimônias relativas ao tempo, à evolução, aos muitos caminhos que o homem teria que percorrer até encontrar-se com o centro, que é, na realidade, o próprio homem.

Inclusive, referindo-se ao Egito, esse Caracol de Abydos parece ter sido nada mais que a parte infinitesimal de outro enorme labirinto, ao qual faz referência Heródoto, dizendo que o labirinto egípcio era tão grande, tão tremendo, tão maravilhoso e tão fantástico que a Grande Pirâmide ficava obscurecida ao seu lado.

Hoje, não o encontramos e só nos restam os dados de Heródoto. Como de costume, os homens, depois de haverem chamado Heródoto, durante muitos anos, de “O Pai da História”, “Heródoto, o Veraz” e outras coisas do gênero, como nem tudo que ele menciona foi encontrado, afirmam, hoje, que ele não estava muito seguro do que dizia. A questão é que tantas coisas estão surgindo que, talvez, valha a pena ter paciência e ver se não aparece também aquele labirinto que mencionava o historiador grego.

Na Idade Média, nas catedrais góticas, tampouco faltavam labirintos. Um dos mais famosos e que costuma estar representado em todas as ilustrações, é o labirinto de Chartres, desenhado nas lajes do pavimento da grande catedral, esse labirinto não foi feito para se perder nele, mas para ser percorrido, numa espécie de Caminho Iniciático, de realização e de conquistas, que o candidato, o discípulo, aquele que pretende ter acesso aos Mistérios, o atravesse.

É dificílimo perder-se no labirinto de Chartres; os caminhos estão perfeitamente assinalados, as curvas e os trajetos estão à vista, mas o mais importante é chegar ao centro, à pedra quadrada onde os cravos marcam as distintas constelações e onde o homem, de uma maneira alegórica, chega aos céus e incrusta-se entre as deidades.

Provavelmente, todos esses Mitos da Antiguidade, e ainda dos labirintos simbólicos, que eram traçados nas catedrais não obedeciam tanto a uma realidade histórica, mas talvez, a uma realidade psicológica. A realidade psicológica do labirinto está tão viva hoje, como esteve sempre. Se, na Antiguidade, falávamos de um labirinto de iniciação, que é o caminho pelo qual o homem pode realizar-se à medida que o percorre, assim também, hoje em dia, devemos falar de um labirinto que se traduz de forma material e de forma psicológica.

De forma material, não há que buscar muito: todo mundo que nos rodeia, tudo aquilo em que estamos imersos, onde vivemos e nos desenvolvemos, constitui um labirinto. O que ocorre é que, nem os que penetravam nos jardins de Creta se davam conta de que entravam no labirinto, nem nós, quando estamos em nosso mundo circundante, somos conscientes de estar em um deles.

Não obstante, os jardins cretenses o eram, assim como nosso mundo circundante também é um labirinto, o qual costuma nos confundir. Psicologicamente, a angústia de um Teseu que buscava o Minotauro para matá-lo é também a angústia do homem que teme e que está desconcertado.

Fica claro que o Mito nos oferece uma solução. Teseu não entra com as mãos vazias no Labirinto; tampouco é lógico que resolvamos o problema de nosso labirinto com as mãos vazias. Teseu leva duas coisas: um machado (ou uma espada, como se queira) para matar o monstro e um fuso envolvido num fio, seu novelo, para encontrar o caminho.

Vamos traduzir um pouco isso para nossa linguagem.

O machado ou a espada foi sempre símbolo da vontade. Quantas tradições medievais falam ainda sobre a espada cravada na pedra que só o homem de vontade forte pode retirar! O que significa esse retirar a espada da pedra? É a vontade que extrai o vertical da matéria, que é horizontal, ou seja, uma das armas fundamentais que necessitamos para abrir os caminhos no labirinto é a Vontade, a força de vontade.

Outra arma importantíssima é o fio, a astúcia do fio que vai desenrolar-se pelos caminhos para encontrar o regresso. Esse fio é a perseverança e, diríamos mais, é a memória. Por que se estende os fios pelos caminhos do labirinto?

Porque estamos impossibilitados de recordar por onde caminhamos, por onde vamos, com que obstáculos tropeçamos e por onde podemos sair. Não podendo recordá-lo, utilizamos o sortilégio do fio, o qual voltaremos a encontrar e que nos indicará o caminho de volta. É a possibilidade labiríntica de não repetir os mesmos erros, de reconhecer aqueles lugares pelos quais fomos passando durante nossa evolução e de saber quais são os caminhos que nos restam para percorrer e como devemos fazê-lo.

Para os gregos, Ariadne é a alma, que no momento justo, quando Teseu está mais desesperado, entrega-lhe uma resposta e uma saída, uma chave, uma solução. Isso, que vibra, que vive e que nos proporciona as soluções no momento justo, isso é Ariadne, a Alma, a salvadora que aparece oportunamente e que nos dá a solução para resolvermos nosso problema.

O Minotauro é o excesso de materialismo, é a matéria que cresce, que perturba e que toma tudo para si. É esse excesso de matéria que se deve destruir, antes que ele destrua o Teseu que penetra no labirinto.

Quando se toma consciência do labirinto, quando se penetra nele, tanto nós quanto o Teseu da mitologia grega, tem que se conscientizar também da importância de encontrar a saída. Aquele que a encontra, destrói o labirinto.

Entretanto, tem que se levar em conta que a saída do labirinto não está fora; a saída do labirinto está exatamente no centro, em seu coração. Aquele que penetra no labirinto e, percebendo seus becos e tortuosidades, sente medo e foge, aquele que pretende escapar pelas laterais, pular fora ou somente farejar superficialmente, não resolve o labirinto. Temos que fazer verdadeiramente como Teseu: introduzir-se, caminhar, chegar ao próprio centro. No centro está a saída, e não fora; temos que ter a valentia de um Teseu para enfrentar os monstros.

Certamente, é muito difícil que apareça diante de nós esse elemento pré-histórico, metade homem, metade touro. Mas encontramos monstros diários que temos que enfrentar e com os quais devemos travar batalhas, se é que nos atrevemos. Dúvidas, preocupações, rancores, temores, inseguranças que, ainda que não tenham corpos físicos, vivem em nós e têm tentáculos tão poderosos quanto os do Minotauro de Creta. Temos que saber enfrentá-los com as armas da Vontade, da Inteligência e da Memória.

Dizem os antigos que o labirinto não era percorrido de qualquer forma, que a maneira ideal para percorrê-lo era dançando ou realizando passos de tal forma que descrevessem figuras no solo e no espaço, figuras rituais e mágicas. Nós, de alguma forma, deveríamos dançar ao longo da vida, chamando assim o processo de evolução.

Se conseguirmos que cada um de nossos passos não se desenvolva somente em seu labirinto horizontal, mas que, pelo contrário, esteja em um escalão superior, um ponto mais acima, teremos realizado essa estranha e misteriosa dança, que é a evolução, e teremos aprendido a dar esses passos justos e medidos, esses que não se dá de qualquer maneira ou em qualquer lugar, mas que são os “passos do caminho”.

Em todos nós, reside, também, o trabalho de despertar Teseu, dar-lhe vida, trazer esse herói à luz. Em todos nós, existe um segundo nascimento, que não é o de ter surgido fisicamente na vida, mas sim esse outro, no qual nosso herói interior se manifesta com suas melhores armas, com seus melhores trajes, forças e qualidades.

Indubitavelmente, não somos todos iguais; não somos todos igualmente heróicos, e nem mesmo na hora de praticar o heroísmo nossos atos coincidirão. Há aqueles que serão heróicos em um sentido, e outros que o serão em um sentido diferente; uns se voltarão para o estudo, as ciências, as artes, a religião, a política; outros para a meditação interior; há os que se voltarão para a família, para os entes queridos, ou seja, para simplesmente adornar a vida dos que estão ao seu redor.

Mas tudo isso é um ato heróico se nasce do verdadeiro ser interior. Por isso, escolhemos o tema de um herói grego que penetra o labirinto, mata um monstro e encontra-se com sua alma, que o ajuda a sair. Velho tema que nos permite comprovar, uma vez mais, que os anos passaram e que as civilizações só mudaram muito nas aparências.

O problema de percorrer o labirinto e sair dele continua sendo nosso. As armas de Teseu podem ser nossas armas, e esse herói, que adorna as páginas legendárias, que nos maravilha com suas vestes e seus cabelos de ouro, também está em nós.

Texto “O Labirinto – O Mito do Labirinto”, publicado no Caderno de Cultura da Espanha e traduzido para o português por Lúcia Helena Galvão.

Link: https://nova-acropole.org.br/blog-saiba-mais/artigos/o-labirinto/

*** Hoje terça-feira, seguimos com a pauta editorial proposta. Terça-feira é regido pelo Deus Ares | Marte – Dia da nossa “Salada Mystica” no “Jardim da Infância Zen” #mito

*** Na mitologia grega entre as características da sua personalidade, Eros, ficou conhecido como deus guerreiro, que não consegue controlar seus impulsos e sua raiva.

Além da Filosofia, Eros também é citado na Psicologia em um sentido muito mais amplo, quase que equivalente à “Energia da Vida”.

Na psicologia freudiana, Eros representa nossa força vital, a vontade de viver. É o desejo de criar vida e favorecer a produtividade e a construção.

Com todo esse simbolismo o que podemos aprender? A dualidade, o que fazer com as nossas emoções estão “afloradas”?

A sabedoria é aprender o que fazer com os momentos de emoções tão contraditórias. Experimente a vida em todas as formas possíveis bom-mau, amargo-doce, claro-escuro, verão-inverno. Experimente todas as dualidades. Não tenha medo da experiência, porque mais experiências que você tem, mais maduro você se torna. Aprender voltar para o meu eixo com sabedoria e de forma mais rápida.

Com a maturidade emocional não tenho necessidade de culpar ou julgar ninguém pelo que acontece. Na calma presto atenção e, em harmonia com a situação, aceito a realidade e as coisas como elas são, e não como eu gostaria que fossem.

Depois de reconhecer, entender, acolher e aceitar as dualidades encontramos o EQUILÍBRIO.

A sabedoria é aprender o que fazer com os momentos de emoções tão contraditórias. Experimente a vida em todas as formas possíveis bom-mau, amargo-doce, claro-escuro, verão-inverno. Experimente todas as dualidades. Não tenha medo da experiência, porque mais experiências que você tem, mais maduro você se torna.

Quando faço isso escolho como reagir diante as adversidades, assumo responsabilidades, me conecto com a ressonância do universo e coloco a minha tão desejável equanimidade em prática.

Maturidade emocional é manter o silêncio até que possamos falar com sabedoria, respeito e amor. Cabe a cada um de nós manter o equilíbrio das relações.

Se você não puder falar com respeito e amorespere até que possa.” — Amma

Sabedoria é ser capaz de transformar conhecimento em respostas às circunstâncias da vida dignas de um ser humano. “Pelas vossas obras, vos conhecerei!”

Reflexão: O Labirinto – O Mito do Labirinto – Nossa mente é um labirinto onde podemos nos perder “na viagem” dos pensamentos incertos. Podemos nos perder, e recalcular a rota para nos encontrar.

E você o que escolhe fazer com o que “fizeram com com você”? Me conte aqui nos comentários.

Quem é Ganesha nessa “Salada Mística toda”? Mais um simbolismo na tradição. E porque citamos ele aqui?

***Ganesha, o poderoso Deus da sabedoria e da fortuna! Conhecido como “Destruidor de Obstáculos”, Ganesha é o símbolo máximo do intelecto, da consciência lógica e da fortuna, por isso é representado pelo deus da sabedoria.

A história desse deus e suas representações e significados simbólicos é fascinante. Gostaria de saber mais?

Nos momentos desafiadores podemos escolher como agir, reagir e assumir a responsabilidade das nossas escolhas e consequências. A sabedoria pode nos ajudar!

Quando faço isso escolho como reagir diante as adversidades, assumo responsabilidades, me conecto com a ressonância do universo e coloco a minha tão desejável equanimidade em prática.

O Labirinto – O Mito do Labirinto – O que o labirinto de Chartres tem em comum com a meditação?

Saiba como meditar no Labirinto aqui:

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