A Metáfora da Carruagem

A metáfora da carruagem

Introdução

Na tradição Hindu temos no Katha Upanisad – um texto em sânscrito que traz conceitos e ideias que fundamentam o hinduísmo –  a metáfora da carruagem em que o nosso Ser, o aspecto mais divino e essencial de quem somos é o passageiro (ou dono) da carruagem. Você pode chamá-lo de alma, essência, Deus, ou que seu coração mandar. O cocheiro (ou auriga) é o seu intelecto, sua mente profunda. As rédeas da carruagem são a mente superficial. A carruagem em si é o nosso corpo, e os cavalos são os nossos sentidos e ações, ou seja, a força motriz. Na maior parte do tempo nos deixamos levar pelos cavalos, sem nenhuma interferência do cocheiro e isso faz com que o caminho seja incerto e sem direção. Mas quando treinamos o cocheiro ele passa orientar os cavalos, ou seja, a conduzir, a guiar nossos sentidos e ações, no caminho que o passageiro escolheu trilhar. Esse “treino do cocheiro” ou treino da mente pode ser feito através da prática da meditação.

Kaṭha Upaniṣad

“Imagine o Ser como o senhor de uma carruagem realizando uma jornada. O corpo é a própria carruagem. O discernimento é o cocheiro. A mente, as rédeas.

Os sentidos, dizem os sábios, são os cavalos, as estradas que eles percorrem, os labirintos do desejo. Quando o Ser é confundido com o corpo, a mente e os sentidos, ele parece desfrutar o prazer e sofrer a dor.

Quando falta ao homem discernimento e à sua mente disciplina, os sentidos disparam e tornam-se incontroláveis, como cavalos selvagens.

Porém, quando o homem possui discernimento e uma mente controlada, seus sentidos, como bem treinados cavalos, facilmente respondem ao freio.

Aquele que não tiver discernimento, que não tiver disciplinado sua mente, que não for puro de coração, não alcançará a meta, ficando preso ao ciclo de mortes e renascimentos sucessivos.

Aquele que tiver discernimento, mente disciplinada e pureza interior, alcançará a meta, e nunca mais irá sofrer nas garras da morte.

Aquele que tiver o discernimento por cocheiro e controlar as rédeas de sua mente, alcançará o fim da jornada, a união com o Ilimitado.” Kaṭha Upaniṣad, parte 1, canto 3

Metáfora da Carruagem – Dinâmina do Ser Humano

Vamos usar a metáfora da carruagem. Para entender a dinâmica interna do ser humano, vamos usar uma analogia.

Essa analogia compara o ser humano a um conjunto que consiste em uma carruagem, um cavalo puxando-a, um cocheiro conduzindo o cavalo e o senhor e mestre sentado na carruagem atrás do cocheiro.

A carruagem representa o corpo físico.

  • O cavalo, as emoções.
  • O cocheiro, a mente.
  • O Senhor, a essência de quem realmente somos (seja qual for o nome dado: consciência superior, alma, Eu superior, Mestre interior, Guia, etc.).
  • O agregado físico, emocional e mental constitui o que costumamos chamar de “personalidade” ou “ego”. Neste trabalho, usaremos os dois termos alternadamente.

Imagine uma carruagem puxada por cavalos, na qual o cocheiro é sua mente, a carruagem seu corpo, os cavalos suas emoções e você é o viajante que comunica seu objetivo ao cocheiro. Para viajar bem, todos os três são necessários e se os três estiverem equilibrados, estamos indo bem; Porém, para saber o objetivo da viagem precisamos do viajante, só ele sabe para onde vamos, só ele conhece o objetivo da viagem … É ele quem dá sentido a esta viagem.

  • O corpo físico, a carruagem

Segundo essa analogia, o estado do corpo físico – a carruagem – depende não só da manutenção proporcionada por um cocheiro inteligente, mas também da forma como é conduzida pelo cavalo. Assim, como o estado do corpo físico pode ser facilmente observado e avaliado, ele nos dará indicações preciosas sobre o grau de domínio do cocheiro sobre o conjunto do cavalo e da carruagem.

  • Emoções, cavalo

Na palavra emoção existe “movimento”, isto é, movimento. As emoções são o que iniciam o movimento, e o fazem por meio do fenômeno do desejo. Embora seja verdade que existem diferentes tipos de desejo (aqui vamos distinguir duas grandes categorias), não é menos verdade que a palavra “emoção” carrega em sua essência um vasto reservatório de energia acessível a todo o ser. Por isso, nesta analogia, o cavalo representa as emoções: é ele quem possui a energia necessária para puxar a carruagem. Assim, é um elemento básico na realização da viagem.

Como as emoções são usadas? Essa é uma questão importante e fundamental. Ao longo do livro iremos descobrir, entre outras coisas, a arte de usar o imenso reservatório emocional, porque um bom controle das emoções exige um grande domínio …

  • A mente, o cocheiro

A mente é a sede dos processos de pensamento. Podemos distinguir nele dois aspectos do ser humano, ambos muito complexos. Graças ao desenvolvimento da sua inteligência, as funções do cocheiro são, em princípio, as seguintes:

1) Transmitir ao seu mestre e senhor as informações do exterior,

2) Compreender suas diretrizes em resposta às informações recebidas,

3) Ser capaz de controlar o cavalo e conduzi-lo na direção indicada pelo mestre em sua resposta,

4) Cuide bem do transporte.

Metáfora de carruagem
Metáfora de carruagem

Assim, é fácil compreender em que medida o papel da mente é importante, não só porque é o elo entre o Eu superior e o ego, mas também porque, através dele, o ego expressa no mundo a vontade do Senhor , o Mestre interior. Enfatizemos que esta analogia destaca um elemento importante no que diz respeito às emoções, que é que o comportamento do cavalo depende principalmente da forma como é dirigido pelo condutor. Isso significa que os vários estados emocionais dependem em grande parte dos pensamentos e não do que acontece fora, como costumávamos acreditar.

Livre Arbítrio – Quem está no comando da sua carruagem

Agora imagine três carruagens com três motoristas diferentes.

Os cocheiros se preparam para um gol importante.

  1. Um deles cuidará bem de seus dois cavalos e dará a eles toda a atenção possível. Amor e Medo, como ele os chama, ficarão caprichosos, porém o cocheiro cederá a todos os seus desejos e se esquecerá de cuidar de sua carruagem, que com o tempo ficará enferrujada e dilapidada.
  2. O segundo motorista, por outro lado, usará toda sua energia e conhecimento para melhorar sua carruagem. Sempre em busca de informações e materiais para mantê-los atualizados. Mas seus cavalos ficarão desleixados e magros porque você não terá tempo ou recursos para eles.
  3. O terceiro cocheiro encontrará o equilíbrio entre a atenção que dará aos cavalos e à carruagem. Este é modesto, mas está bem ajustado, e seus cavalos ficarão saudáveis, pois não cede a todas as suas exigências.

Chegou o dia muito importante do passeio e todos estarão muito seguros de si. Depois de alguns metros, os cavalos do primeiro perderam o controle porque não queriam mais correr e quebraram a carruagem, a carruagem do segundo era muito pesada para seus cavalos famintos, que pararam mortos e a fizeram capotar. Enquanto isso, o terceiro piloto com passo firme e tranquilo continuará até atingir a meta indicada pelo viajante.

Os cavalos e a carroça formam um time indivisível, como as emoções e a mente, mas para que tudo funcione, o viajante é quem tem que tomar as decisões.

O cocheiro fará a manutenção e consertará a carruagem quando necessário, mas não ficará obcecado por ela, alimentará e cuidará dos cavalos, mas não se submeterá a eles.

O viajante é aquele que conhece a meta e é quem realmente pode nos conduzir a ela, elevada a uma mente serena, movida por um corpo e emoções equilibrados.

A mente é o elo entre o eu superior e o ego. Por meio desse canal, o eu superior se expressa no mundo. O comportamento do cavalo depende de como o cocheiro o dirige. Portanto, os estados emocionais (o cavalo) dependem em grande parte dos pensamentos (o motorista) e não do que acontece fora.

Temos corpo, emoções, mente e espírito. O espírito é a essência do ser, é a alma, é o dono da carruagem.

Idealmente, o mestre da carruagem (o espírito) vê a mesma vontade com a mente (o motorista) agindo em uníssono. Este contato direto e enriquecedor permitirá ao cocheiro atuar com inteligência e comando da carruagem e dos cavalos. Chamamos esse sistema físico, emocional e mental de ego. Uma essência ego superior bem-humorada qualifica a jornada com sabedoria, amor, inspiração e liberdade. Nossa jornada será cheia de realização, criatividade, mestres, força, equilíbrio, etc.

Hoje, muitos de nós podem estar dirigindo esta carruagem quase sem comunicação entre a mente e o espírito.

Precisamos funcionar com o coração em comunicação com a cabeça.

O desempenho ideal

Segundo esse modelo, o funcionamento ideal do ser humano seria o seguinte: o senhor (o Ser), portador do saber e da sabedoria, transmitiria suas orientações ao cocheiro (a mente) na forma de ideias que ele / ela, acordada e aberta, se transformaria em pensamentos inspirados, necessários à perfeita execução da vontade do dono do veículo.

A vontade do cocheiro e a do dono seriam uma só vontade. O contato entre os dois seria tão direto e enriquecedor que permitiria ao condutor agir com a inteligência e competência necessárias para ter um perfeito domínio do cavalo (as emoções). Além disso, dirigiria toda a carruagem e o cavalo (o ego) com harmonia e eficiência, conduzindo-o pelo caminho designado pelo Senhor – que é o único que o conhece – sem se perder em caminhos perigosos ou becos sem saída . O cavalo, perfeitamente dominado, atuaria com toda a sua força (potencial emocional plenamente disponível) e puxaria a carruagem com rapidez, harmonia e eficiência (potencial criativo máximo). Somando-se a isso uma direção inteligente, o carro estaria em boas condições (boa saúde e muita energia física).

Dessa forma, o conjunto formado pelos sistemas mental, emocional e físico, ou seja, o ego, poderia expressar perfeitamente no mundo material a vontade da alma, a nossa essência. E assim manifestar de forma concreta as altas qualidades do coração e do espírito que o dono da carruagem (a alma) carrega dentro de si: inteligência superior, sabedoria, compaixão, inspiração, etc.

A pessoa viveria então em um estado de plenitude, criatividade, força e amor que nada e ninguém poderia alterar. Estaríamos em condições de enfrentar as dificuldades e desafios da vida com sabedoria, inteligência, serenidade e equilíbrio. E quanto ao cavalo (sistema emocional consciente e inconsciente), este permaneceria aberto e sensível, mas sem ser incomodado por outros cavalos ou carruagens que, melhor ou pior dirigidas por seus respectivos cocheiros, circulassem no mesmo caminho. Perfeitamente guiado, ele poderia continuar sua rota independentemente do comportamento dos outros e quaisquer circunstâncias externas. Sem o burburinho emocional usual, nossos relacionamentos seriam felizes e enriquecedores e, naturalmente, se tornariam ocasiões para celebrar a jornada da vida.

Operação atual

Até agora, o conjunto das carruagens tem sido conduzido ao longo do caminho da evolução por um cocheiro relativamente isolado do senhor, tendo mal desenvolvido a capacidade de entrar em contato com ele.

Essa desconexão com seu Eu superior faz com que a carruagem tenha muito poder e pouco controle.

Sem a sabedoria e o discernimento do Mestre interior, ele não é capaz de desempenhar suas funções com eficácia, harmonia e criatividade, nem controlar adequadamente o cavalo, que quase sempre o domina. O caos e as dificuldades diárias que vivemos na atualidade, tanto a nível pessoal como planetário, decorrem do já referido funcionamento que temos atualmente.

A essência do ser, a alma, o senhor

A filosofia materialista não aceita a essência do ser humano, nega que exista. Mas todas as tradições e a própria experiência de vida nos lembram que, embora seja evidente que temos um corpo físico, emoções e pensamentos, também é evidente que somos algo muito diferente. Os nomes atribuídos a essa parte essencial do ser são tão diversos quanto as culturas. O nosso, o judeu-cristão, chama isso de “alma”. Ao longo do livro, às vezes usaremos essa palavra, que nos é familiar, mas não no sentido religioso (que em seu mais alto grau a inclui), mas no de “essência”, como quando se fala da “alma das coisas ” Outras vezes, usaremos o termo “Ser”, que é o que realmente somos.

No século passado é possível que a razão, a mente racional tenha dominado e quase não se falava de emoções.

Naquela época, a inteligência que estava apenas no cérebro era medida e o QI era usado para o quociente intelectual. Mas as emoções dificilmente eram usadas para determinar a inteligência, no entanto, elas existiam em todas as áreas, família, trabalho, relacionamentos, etc.

Este mundo emocional desconhecido, mas muito ativo, domina aspectos da sociedade, da vida. Estamos com emoções não reconhecidas, não expressas e maltratadas. Aquelas emoções que não são digeridas e, ou não descarregadas corretamente, voltam a surgir em outros momentos da vida em detrimento disso. Este mundo emocional não resolvido pode criar atividade destrutiva, agressividade, confusão, desprezo, desconforto físico, falta de cooperação, falta de comunicação, vingança, má vontade, etc.

Essas emoções conscientes ou inconscientes manipulam nossa mente racional. A vida se torna um mar de lutas e inconsistências. A mente racional é considerada a única base da inteligência, desacreditando o grande potencial das emoções. Temos uma carruagem carregada por partes separadas, as emoções seguem seu caminho, a mente dele e o espírito desconectado de tudo.

No novo caminho nesta nova era de consciência, temos que unificar todos esses aspectos e descobrir uma fonte muito mais elevada de inteligência e inspiração.

Já foi observado que esse QI não tornava as pessoas mais bem-sucedidas, mais felizes, mais criativas ou mais inteligentes. Por outro lado, pessoas com menos QI e menos dotadas no campo intelectual eram mais felizes, mais felizes e em seu ambiente eram amadas, vivendo em harmonia e amor.

Após a década de 1960, as pessoas começaram a falar sobre inteligência emocional com qualidades como:

Indivíduos que são capazes de reconhecer e expressar suas emoções. Eles podem levar uma vida feliz, podem compreender como os outros se sentem e podem criar e manter relacionamentos interpessoais satisfatórios e responsáveis ​​sem se tornarem dependentes. Eles têm uma visão positiva de si próprios e de atitudes e potencialidades. São pessoas realistas e otimistas, que conseguem resolver seus problemas muito bem e lidar com o estresse sem perder o controle.

A Mente Humana e a Metáfora da Carruagem

“O ser humano é como uma carruagem puxada por cinco cavalos. Os cavalos são nossos sentidos, a carruagem nosso corpo, o cocheiro nossa mente que controla a força dos sentidos para irmos na direção que o passageiro, nosso espírito e dono da carruagem, deseja. Se deixarmos os cavalos sem controle eles poderão ir a destinos que não nos interessa e a carruagem, nosso corpo, sofrerá na viagem”.

Síntese: Treinar o cocheiro e não o cavalo

Na tradição Hindu temos o Katha Upanisad – um texto em sânscrito que traz conceitos e ideias que fundamentam o hinduísmo. Nesta metáfora da carruagem temos alguns personagens:

O passageiro (ou dono) da carruagem é o nosso Ser, o aspecto mais divino e essencial de quem somos. Você pode chamá-lo de alma, essência, Deus, ou que seu coração mandar.

O cocheiro (ou auriga) é o seu intelecto, sua mente profunda.

As rédeas da carruagem são a mente superficial.

A carruagem em si é o nosso corpo.

E os cavalos são os nossos sentidos e ações, ou seja, a força motriz.

Na maior parte do tempo nos deixamos levar pelos cavalos, sem nenhuma interferência do cocheiro e isso faz com que o caminho seja incerto e sem direção.

Mas quando treinamos o cocheiro ele passa orientar os cavalos, ou seja, a conduzir, a guiar nossos sentidos e ações, no caminho que o passageiro escolheu trilhar.

Esse “treino do cocheiro” ou treino da mente pode ser feito através da prática da meditação.

Quem está dirigindo sua carruagem?

Os Símbolos de nossos instrumentos internos:

A carruagem é usada em textos antigos do yoga para simbolizar o treinamento da mente e dos sentidos. Apesar de não usarmos mais carruagens nos dias atuais, a lição é tão pratica quanto era há milhares de anos atrás. Permita-se visualizar essa imagem, pois será de muita utilidade em sua prática de yoga e na sua vida espiritual do cotidiano. 

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Como dirigir sua carruagem

Estradas
As diversas estradas que sua carruagem pode tomar são os incontáveis objetos de desejos do mundo e de sua memória.

Cavalos
Os cavalos são os sentidos (indriyas), através, dos quais, nos relacionamos com o mundo externo pela percepção e ação.

Rédeas
As rédeas são a mente (manas), através, da qual, os sentidos recebem as instruções de como perceber e agir.

Cocheiro
O cocheiro é o intelecto (buddhi), aquele que sabiamente dá as instruções à mente.

Passageiro
O passageiro é o Self, o Atman, a pura essência, o centro da consciência que com equanimidade à tudo testemunha.

Carruagem
A carruagem em si, é o corpo físico, o instrumento pelos quais o Self, o intelecto, a mente e os sentidos operam.

Quem está dirigindo a carruagem?
Para muitos de nós, na maior parte do tempo, o cocheiro não está trabalhando. As rédeas, chamadas mente, estão oscilando livremente sem a condução apropriada de nossa sabedoria interna. Quando as rédeas estão assim livres, elas não dão qualquer instrução para os cavalos chamados de sentidos. Os cavalos (sentidos) vagueiam livres por qualquer estrada que queiram guiados pelo momento, em resposta às suas memórias do passado (chitta). A carruagem (corpo) apanha, os cavalos (sentidos) se cansam, as rédeas (mente) se desgastam e o cocheiro (inteligência) fica preguiçoso. O passageiro(Self) é completamente ignorado.

Traga o cocheiro novamente ao trabalho:
A solução para o problema é requalificar o cocheiro (inteligência) para que ele assuma as rédeas (mente) e comece a direcionar os cavalos (sentidos). Esse treinamento é chamado sadhana ou prática espiritual. Significa treinar todos os níveis de nosso ser, de forma a experimentarmos a quietude, o silêncio e o nosso centro eterno.

Permita que o cocheiro conduza o passageiro:
Ao tornar o cocheiro (inteligência) mais estável na execução de seu próprio trabalho, ocorre um aumento na percepção de que todo o propósito da carruagem, cavalos, rédeas e cocheiro, devem de fato servir de instrumentos ao passageiro, o verdadeiro Self.

por Swami Jnaneshvara Bharati SwamiJ.com

Reflexão: antaḥkaraṇa e a metáfora da carruagem

antaḥkaraṇa, Instrumento ou Órgão Interno, pode ser melhor entendido recorrendo a uma célebre e longeva imagem no contexto do Yoga, a “Metáfora da Carruagem”, que terá tido a sua première no terceiro capítulo, ou Vallī, da Kaṭha Upaniṣad.

Imaginemos, então, uma carruagem, puxada por cavalos e com um cocheiro a tomar-lhe as rédeas, deslocando-se por uma estrada. Posto isto, nesse modelo da mente ou da cognição, quem é quem? A miríade de Estradas por onde a carruagem pode circular correspondem à miríade de objectos de desejo “existentes” no mundo e retidos na memória do sujeito. A Carruagem representa o corpo-físico, o instrumento através do qual o Si Transcendental (Ātman), o intelecto, (a cognição mental, emocional e sensorial) a mente e os sentidos operam. O Passageiro da carruagem é o Si Transcendental (Ātman), o puro centro da consciência, que é sempre uma testemunha neutra. O Cocheiro é buddhi, o intelecto ou cognição mental, supostamente o fornecedor sensato de instruções à mente [o discriminador]. As Rédeas são manas ou cognição sensorial, através da qual os sentidos recebem as suas instruções para percepcionar e agir. Finalmente, os dez Cavalos equivalem aos dez sentidos (indriya-s) através dos quais nos relacionamos com o mundo externo pela percepção (Jnānendriya) e pela acção (Karmendriya).

Apresentados os integrantes, colocam-se as questões: como funciona normalmente este aparato? Bem ou mal?

Comecemos por quem dirige, ou deveria dirigir, a carruagem. Sucede que, para a maioria da das pessoas, durante quase todo o tempo, o cocheiro está alheado do seu propósito ou função. As rédeas, isto é, a cognição sensorial, estão soltas sem a devida orientação do processo mental-atentivo neutro, ou buddhi. Quando as rédeas estão “ao deus dará”, não emitem qualquer tipo de instrução aos cavalos (os sentidos) que, por conseguinte, galopam desgovernados por qualquer estrada à qual se sintam atraídos ou impelidos, no momento. Esse galope não é propriamente avulso, pois inconscientemente procede no sentido das memórias e conteúdos psíquicos acumulados (como saṃskāra-s vāsanā-s) em citta, a memória e tendências latentes, que formam o Sentimento de Si: o Auto-conceito, o Ego, a Personalidade ou Jīvātman. O resultado é um aparato todo ele desequilibrado: a carruagem, ou corpo físico, ruma ao esgotamento; os cavalos andam sem direcção, esgotando; as rédeas desgastam-se; o cocheiro faz mera figura de corpo presente, demitido da sua função de orientar; o passageiro é completamente ignorado, havendo total identificação com o Sentimento de Si.

Traçado o cenário habitual, lança-se nova questão: idealmente, como deveria funcionar o aparato descrito?

Colocar o cocheiro de volta ao trabalho, fazendo com que sirva o passageiro! A solução para o problema passa por treinar o cocheiro a assumir as rédeas (mente) e, consequentemente, passar a dirigir os cavalos (sentidos). A este treino dá-se o nome de Sādhana, a prática espiritual ou contemplativa a que corresponde ao Yoga enquanto meio. Ao cumprir-se este pressuposto de prática, o sujeito aprimora todas as funções da mente, eventualmente, até experienciar a quietação inerente ao eterno centro, o Passageiro. Neste caso, o processo de atenção avulsa, ou de uma cognição mental continuamente identificada com tudo o que lhe aparece, reforçando a narrativa do Ego, passa a uma atenção focada no Passageiro, o não-Ego, Si Transcendental ou Ātman. Portanto, o ponto fulcral passa pela recuperação e estabilização da função inerente ao cocheiro, levando a que emerja uma consciência-atencional continuamente indicando que o conjunto carruagem-cavalos-rédeas-cocheiro passa por servir, enquanto instrumentos concertados, o passageiro, o Si Transcendental.

O corpo humano é a carruagem. Eu, o homem que a conduz. O pensamento, as rédeas. Os sentimentos, os cavalos. Platão

Krishna conduz a carruagem de Arjuna. Manuscrito da Bhagavad Gita.

Os astros inclinam, mas não determinam

Um belo conto traduzido das Escrituras orientais nos explica que a carta astrológica é uma imagem do céu, desenhada para projetar a disposição dos astros na realidade terrestre. Os planetas não estão soltos, eles ficam localizados em setores específicos na vida.

Katha Upanisad

“Imagine o Ser como o senhor de uma carruagem realizando uma jornada. O corpo é a própria carruagem. O discernimento é o cocheiro. A mente, as rédeas.
Os sentidos, dizem os sábios, são os cavalos, as estradas que eles percorrem, os labirintos do desejo. Quando o Ser é confundido com o corpo, a mente e os sentidos, ele parece desfrutar o prazer e sofrer a dor.
Quando falta ao homem discernimento e à sua mente disciplina, os sentidos disparam e tornam-se incontroláveis, como cavalos selvagens.
Porém, quando o homem possui discernimento e uma mente controlada, seus sentidos, como bem treinados cavalos, facilmente respondem ao freio.
Aquele que não tiver discernimento, que não tiver disciplinado sua mente, que não for puro de coração, não alcançará a meta, ficando preso ao ciclo de mortes e renascimentos sucessivos.
Aquele que tiver discernimento, mente disciplinada e pureza interior, alcançará a meta, e nunca mais irá sofrer nas garras da morte.
Aquele que tiver o discernimento por cocheiro e controlar as rédeas de sua mente, alcançará o fim da jornada, a união com o Ilimitado.”
Kaṭha Upaniṣad, parte 1, canto 3

Construir o seu Céu

O Ser é o Sol. O Sol sou Eu, ‘senhor da carruagem’.
O corpo é o nosso Ascendente, a embalagem que envolve o Ser e se apresenta no mundo.
O cocheiro é a Lua, que anima o corpo e reage ao mundo.
As rédeas, essa é a mente, os pensamentos, isso é Mercúrio.
Os labirintos do desejo marcam a presença de Vênus.
Os cavalos velozes atravessando as estradas trazem a força e a ação de Marte.
Discernimento e sabedoria nos mostra Júpiter.
Controle e disciplina são coisas de Saturno.
E o destino dessa viagem, o futuro, esse é o chamado Meio do Céu.

Na construção do seu céu é preciso saber as forças que levam essa carruagem ao seu destino. Não basta saber do Sol, quem sou eu, porque sem todos os outros aspectos, esse Eu está solto, sem função, sem ação, sem desejo, nem motivação.

Construir o seu céu através do conhecimento astrológico permite a liberdade própria do ser humano, de reinventar destinos, remodelar desejos, redecorar seu ambiente de vida.

Somos responsáveis pelas nossas escolhas, pois somos dotados de Livre Arbítrio, Vontade e Consciência.

Existe uma antiga frase em latim que define bem a Astrologia: Astra inclinant, sed non cogunt’, traduzida como: ‘os astros inclinam, mas não determinam’.

“Sobre os homens, os astros inclinam, mas não determinam.”

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Ganimedes e a Aguia de Zeus

O Aguadeiro Celeste com Ganímedes. O amor além da natureza

O Aguadeiro Celeste com Ganímedes. O amor além da natureza

Ganímedes foi um jovem encantador e, por conta disto, Zeus se transformou em uma águia e o raptou para servir o néctar aos deuses, bebida que oferece a imortalidade.

Entre o Céu e a Terra

Ganímedes derramava “água do conhecimento” aos homens sobre a terra, servindo também aos homens.

Em homenagem ao belíssimo jovem, Zeus colocou-o na constelação de Aquário. O símbolo do signo de aquário é um aguadeiro, que, em algumas versões, seria Ganímedes.

Já na astronomia, uma das luas do planeta Júpiter (homenagem a Zeus), é chamada de Ganímedes, fazendo assim, referência ao mito.

Ganímedes era um jovem rapaz, um dos mais belos entre os mortais. Ele cuidava do rebanho de seu pai quando Júpiter (ou Zeus na mitologia grega) apaixonou-se perdidamente por ele à primeira vista. Foi então que ardilosamente, Júpiter (mitologia romana) se transformou numa águia e o raptou, levando-o para o Olimpo.

Na morada dos deuses, o jovem torna-se “o garçom”, aquele que serve o néctar divino aos deuses e o zelador da água potável, servindo a água do conhecimento aos homens. É por isso que é tão comum ver imagens de Ganímedes com uma ânfora. 

Ganímedes é filho do rei de Troia, um dos príncipes herdeiros do trono. Para acalmar a ira do pai que viu seu filho raptado, Zeus oferece uma parreira de ouro e dois cavalos. No Olimpo, Zeus encanta-se de tal maneira por Ganímedes que o transforma em um deus imortal.

Traços desta história associam o “Aguadeiro Celeste” a um deus do amor homossexual ou bissexual, uma vez que a relação Zeus-Ganimedes transgride a lógica da procriação da espécie, na relação de amor e admiração do homem mais velho pelo mais novo, como retrata a história.

É Ganímedes quem liberta Zeus da obrigação de procriar? Ou Zeus quem livra-se da obrigação com a ajuda do jovem? Não sabemos. Mas, uma coisa é fato, com Ganímedes, Zeus experimenta outros afetos, além da natureza marcada pelo gênero, além do corpo e da obrigação de fertilizar o mundo com o gen divino.

Júpiter é o deus maior do Olimpo, o fértil, o expansivo, o que povoa o planeta. Ele tem filhos com uma infinidade de deuses, semi deusas e humanas. Mas há um relato que foge a esse padrão heteronormativo e ele está na história de amor entre Ganímedes e Zeus. 

Talvez por isso haja na sexualidade aquariana um espaço para pensar e agir para além dos papéis de gênero pré estabelecidos. Em Ganímedes há uma fusão do amor pela humanidade, já que é ele, assim como a imagem de Aquário, que carrega a água dos homens. Mas também uma liberdade de amar sem padrões, fórmulas, preconceitos, regras ou obrigações.

O amor em Aquário é livre, libertário e talvez por isso, exatamente por isso transgressor. Pois amar sem amarras é um desafio. Em Aquário, há um fascínio erótico (de Eros, o amor), para além do masculino ou do feminino. Em Aquário é possível apaixonar-se por “pessoas”. 

“Estudiosos afirmam que quanto mais nos aproximarmos da essência da Era de Aquário, que já começou, mais poderemos ver e sentir o amor se transformar em algo para além das barreiras de gênero. Penso que quando Plutão entrar em Aquário, e isso se dará por volta de 2024, este será um assunto muito mais comum de se conversar que nos tempos atuais. Até lá, que os planetas nos guiem e o amor nos transforme.”

“O Aguadeiro Celeste com Ganímedes, o amor além da natureza, além do corpo, além da genética, muito além da obrigação de fertilizar o mundo com o gen da divindade.”

Síntese: O néctar é a água derramada na humanidade, a água simbolicamente é a unidade e o conhecimento.

Águas celeste para nos guiar no caminho do amor que transforma a liberdade de amar sem padrões, fórmulas, preconceitos, regras ou obrigações. Um amor além da natureza, um amor além da vida. Um estado de Amor.

Um amor como busca da unidade na multiplicidade.

Águas que serão derramadas para combater o individualismo e construir uma realidade de união, empatia, fraternidade entre a humanidade.

No céu Aguadeiro se encontra um “Mar de Grandes Águas” onde as “Baleias” tem ressonância com o som da humanidade.

Derrama tuas bênçãos de misericórdia e teu bálsamo na terra. A Terra é um céu em potencial.

OM MANI PADME HUM

Créditos: Escultura de Ganímedes oferecendo o néctar dos deuses a Zeus travestido de águia. A obra é do escultor dinamarquês Bertel Thorvaldsen (1770 – 1844)

Links Consultados: http://www.aastrologa.com.br/2019/01/ganimedes-e-o-amor-para-alem-do-genero.html https://youtu.be/AD-YLEQpQ4Q

O Amor além do Entendimento e do Julgamento

Os mitos nos ajudam a entender as relações humanas e guarda em si a chave para o entendimento do mundo e da nossa mente analítica. A mitologia grega, repleta de lendas históricas e contos sobre deuses, deusas, batalhas heróicas e jornadas no mundo subterrâneo, revela-nos a mente humana e seus meandros multifacetados. Atemporais e eternos, os mitos estão presentes na vida de cada Ser humano, não importa em que tempo ou local. Somos todos, deuses e heróis de nossa própria história.

Ganímedes, “o mais belo dos mortais”, era príncipe da família real de Tróia. Ele pastoreava seu rebanho numa montanha quando Zeus o viu. A beleza do jovem inflamou o coração do deus, que se transformou em águia e levou-o em suas garras para o Olimpo. Lá ele fez de Ganímedes seu escanção: aquele que é encarregado de servir o néctar, a bebida dos deuses, na taça de Zeus.

A Nova Era – A Era de Aquário

Os jovens amantes dos deuses e dos heróis mitológicos

A mitologia grega traz relatos de lendas que contam o amor entre homens, um costume comum e cultural daquela civilização. Ao contrário dos ensinamentos judaico-cristãos que viam nas relações entre duas pessoas do mesmo sexo um crime contra a natureza e a religiosidade da sua sociedade, a iniciação sexual na Grécia antiga através da pederastia era uma forma de elevação social, onde homens aristocratas mais velhos passavam os seus conhecimentos culturais, militares e religiosos aos mais jovens, usando para esse fim o amor através do sexo.

Amar um jovem adolescente constituía para a sociedade grega a representação do sentimento puro, sendo ele preparado para o amor à virtude, aos ideais helénicos e para a vida, inclusive a sexual. A passagem do adolescente pelas mãos de um homem mais velho era breve, encerrando-se tão longo ele entrasse na idade adulta e viril e que se casasse, assumindo as obrigações cívicas.

O jovem adolescente que não estabelecesse laços de amizade e de amor com um homem mais velho era menosprezado pela sociedade, visto que não tinha quem o ensinasse a sabedoria da vida e da filosofia, a arte da guerra e as virtudes de ser um bom cidadão. Não ser honrado com o amor de um homem mais velho era não cumprir com os costumes e deveres cívicos.

Para que estes costumes fossem legitimados, eram transmitidos através de exemplos da religião politeísta pelos deuses e heróis. Não são todos os deuses ou todos os heróis mitológicos que trazem lendas do amor viril entre homens, sendo uma honra apenas dos mais poderosos e populares. Zeus (Júpiter), o senhor dos deuses, o mais poderoso do Olimpo, considerado o pai dos deuses e dos heróis de toda a Grécia, deixa a sua função procriadora para amar o jovem e belo Ganímedes.

Poseidon (Neptuno), o senhor dos mares, apaixona-se perdidamente pelo renascido Pélope, filho de Tântalo. Apolo, o mais popular e cultuado dos deuses, tem o maior número de amantes homens de toda a mitologia, sendo o amor disputado com Zéfiro, o vento das brisas suaves, por Jacinto, o mais famoso. Héracles (Hércules), o mais famoso e poderoso dos heróis gregos, também traz uma lista de lendas em que se apaixona por vários jovens do mesmo sexo. Teseu, o maior herói de Atenas, vive uma amizade viril com o amigo Pirítoo.

Aquiles, o mais bravo guerreiro grego da famosa Guerra de Tróia, não esconde os seus amores por Pátroclo ou por Troilo. Finalmente Laio, pai de Édipo, o mais humano dos mitos gregos, ao raptar o príncipe Crisipo, levando-o à paixão e ao suicídio, desperta para si a maldição que teria feito sucumbir todas as gerações dos seus descendentes através da tragédia. Assim, deuses olímpicos, reis gregos, heróis militares, todos eles, principais representantes da hierarquia aristocrática grega, justificam com as suas lendas, o costume da pederastia e amor entre homens como a erudição do sentimento perfeito e puro da iniciação sexual e da vida social dos seus cidadãos.

O Rapto de Ganímedes

Um jovem quando muito belo, despertava a paixão e o desejo de homens maduros. Ser raptado por um homem mais velho era comum em sociedades como a cretense, sendo autorizado pela lei, estabelecendo um prazo de convivência entre raptor e raptado, que cessava com a volta do jovem trazendo presentes que a lei da cidade especificava, como um boi para ser sacrificado a Zeus, em uma festa que o jovem dava, declarando publicamente se havia concordado ou não com o rapto e com o relacionamento que estabelecera com o amante. Se ao ser raptado, o jovem noivo não concordasse com o amante, ele poderia, no momento do sacrifício do boi e da festa, exigir uma reparação e desligar-se da relação. Dificilmente este facto acontecia, visto que era uma desgraça social um jovem bonito e de família abastada não possuir amante em consequência da sua má conduta para com quem o raptasse. Os que eram raptados tornavam-se companheiros dos seus amantes, usufruindo privilégios especiais, como usar roupas da melhor qualidade; ocupar os lugares de honra nas corridas e danças, indicando que eram especiais para os seus amantes.

A lenda do rapto de Ganímedes por Zeus, o senhor do Olimpo, legitimava o ato de raptar adolescentes, dando ao costume a ritualização religiosa necessária. Zeus, pai absoluto dos deuses e dos heróis, tem as suas lendas voltadas para os amores impetuosos que sempre teve e que o levaram a raptar e amar diversas mulheres, com as quais sempre teve filhos. Para que as suas conquistas não fossem descobertas por sua colérica e ciumenta esposa Hera (Juno), Zeus usava os mais complexos disfarces para atrair as amantes: metamorfoseou-se de touro para atrair Europa ou de Cisne para amar a bela Leda. Fugindo da função dos amores fugazes e procriadores, surge a lenda de Ganímedes, um príncipe troiano que arrebatou o coração do mais poderoso dos deuses do Olimpo, fazendo-o por um momento, amante do amor que sublimava o belo, esquecendo-se da função milenar da procriação.

Ganímedes era um príncipe troiano, que, ao despertar a puberdade no corpo e na alma, trazia uma beleza rara. Seus traços de homem-menino reluziam pelos campos aos arredores da cidade de Tróia, onde cuidava dos rebanhos do pai. Foi numa tarde de primavera, que a beleza maliciosa de Ganímedes chamou a atenção de Zeus. O senhor do Olimpo, ao avistar beleza tão sublime, foi fulminado pela paixão. Impossível resistir à graciosidade do rapaz, ao rosto ainda imberbe, a transitar entre a juventude e à idade viril. Enlouquecido pelo desejo e pela paixão, Zeus transformou-se numa águia, indo pousar junto ao jovem. Encantado pela beleza omnipotente da ave, Ganímedes aproxima-se, acariciando-lhe a plumagem. Imediatamente Zeus envolve o rapaz, tomando-o pelas garras, levando-o consigo para as alturas. Cego de paixão, o senhor do Olimpo possui o jovem ali mesmo, em pleno vôo. Ganímedes após ter sido ludicamente amado por Zeus, foi levado para o Olimpo.

Ao contrário das lendas das amantes de Zeus, que após o idílio do amor, eram perseguidas pelos ciúmes de Hera ou pela ira dos pais, sofrendo até o momento do parto do filho do deus, Ganímedes, apesar da fúria de Hera, chega ao Olimpo intacto, onde é recebido com honras, assumindo o posto privilegiado de servir o néctar da imortalidade aos deuses, substituindo Hebe na função. Após servir aos deuses, Ganímedes derramava os restos sobre a terra, servindo também aos homens.

A lenda legitima os privilégios que os jovens raptados tinham ao lado dos amantes. Evita-se o castigo, comum às amantes de Zeus, mostrando que o amor de um homem mais velho com um jovem era lícito, puro e honroso. Ganímedes é hoje um dos satélites do planeta Júpiter, uma homenagem ao mito.

No conceito junguiano, os mitos são expressões dos arquétipos – assim como o são os contos de fadas e o folclore. Pode-se dizer que os mitos são a expressão desses no chamado inconsciente coletivo, outra criação polêmica de Jung.

Link Consultado: http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/2010/09/ganimedes-o-mito-do-signo-de-aquario.html

Referência Filme: Call Me by Your Name (Brasil: Me Chame Pelo Seu Nome) Trailer Filme https://youtu.be/7yCwv8FjidU

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Antígona Jornada do Herói de Joseph Campbell

Jornada do Herói de Joseph Campbell

Você gostaria de entender o porque eu acredito em conto de fadas?

Todas as vezes que eu escrevo publicamente que acredito em conto de fadas recebo inúmeros directs de pessoas curiosas ou ainda algumas que se decepcionam com esse olhar aparentemente infantil e/ou ingênuo.

Então, hoje resolvi escrever para inspirar aqueles que estão de coração abertos a novos olhares. Todos os dias vivemos uma Jornada, nossas escolhas, desafios e relacionamentos estão pautadas por um objetivo e a maneira como traçamos para chegar nesta meta é o que é Jornada do Herói.

A Jornada do Herói possui estágios e Campbell destaca 12 como principais, sendo:
💎Mundo Comum: O mundo normal do herói antes da história começar.
💎O Chamado da Aventura: Um problema se apresenta ao herói, um desafio/aventura.
💎Reticência do Herói ou Recusa do Chamado: O herói recusa ou demora a aceitar o desafio/aventura, geralmente porque tem medo.
💎Encontro com o mentor ou Ajuda Sobrenatural: O herói encontra um mentor que o faz aceitar o chamado e o informa e treina para sua aventura.
💎Cruzamento do Primeiro Portal: O herói abandona o mundo comum para entrar no mundo especial ou mágico.
💎Provações, aliados e inimigos: O herói enfrenta testes, encontra aliados e enfrenta inimigos, de forma que aprende as regras do mundo especial.
💎Aproximação: O herói tem êxitos durante as provações.
💎Provação difícil ou traumática: A maior crise da aventura, de vida ou morte.
💎Recompensa: O herói enfrentou a morte, se sobrepõe ao seu medo e agora ganha uma recompensa (o elixir).
💎O Caminho de Volta: O herói deve voltar para o mundo comum
💎Ressurreição do Herói: Outro teste no qual o herói enfrenta a morte, e deve usar tudo que foi aprendido.
💎Regresso com o Elixir: O herói volta para casa com o “elixir”, e o usa para ajudar todos no mundo comum.
Estes estágios são nada mais que as fases de nossas vidas, tanto profissional quanto pessoal, e nos passa uma mensagem de persistência e foco, em meio à fantasia e aos desafios da vida.

O conceito da Jornada do Herói foi criado por Joseph Campbell, estudioso norte-americano de mitologia. Neste conceito Campbell cria um modelo de como seria o passo a passo do percurso de transformação do homem comum em herói, com todas as provações que surgem no meio do caminho.

A Jornada do Herói é muito utilizada em roteiros de cinema, seriados e, também em contos de fadas. Um exemplo claro são os roteiros de Guerra nas Estrelas de George Lucas, todos seguem os estágios da Jornada de Campbell.

A emoção que sentimos impreterivelmente faz parte da jornada do herói do nosso ser e será uma informação importante do modo que enxergamos o mundo.

Que eu nunca deixe de acreditar em contos de fadas e que eu nunca perca meu olhar de criança diante dos conflitos que me fazem acreditar que posso vencer os desafios em busca de um final feliz.

Como você tem olhado sua vida, os desafios e aprendizados?

Ilustração Artista: John William Godward 1861-1922

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Dia dos Namorados Bodas de Rosas

Eu acredito em Conto de Fadas

Eu acredito em conto de fadas e acredito muito no poder do amor.

No final de semana comemoramos “Bodas de Rosas ” 17 anos de casados no dia 12 de junho. Todos os anos, no dia 12 de junho, é comemorado aqui no Brasil o Dia dos Namorados. Nessa data, naturalmente, comemora-se o amor e o afeto que existem entre um casal. Em outros países, como nos Estados Unidos, por exemplo, a comemoração ocorre em 14 de fevereiro (Dia de São Valentim – Valentine’s Day).

Qual significado de Bodas de Rosa?

O significado para Bodas de Rosa: as rosas são lindas, perfumadas e muito românticas.

A rosa é uma flor muito apreciada por sua beleza, delicadeza e seu perfume, a rosa também transmite romantismo e apesar de toda sua delicadeza e beleza ela possui espinhos.

rosa é associada a essa bodas de 17 anos de casamento porque simbolicamente o casal já passou por coisas maravilhosas – construiu uma vida em conjunto e aprendeu a amar de variadas formas – mas também teve de enfrentar muitos desafios (espinhos), que foram surgindo ao longo do tempo. Apesar disso, os dois continuam a regar o amor, para que ele se mantenha belo como uma rosa.

Que seja infinito enquanto dure –  Vinicius de Moraes 

Bateu aquela saudade linda do dia em que casamos em 12 de junho 06 de 2004, há 17 anos atrás no Dia dos Namorados e como todos os anos comemoramos, resolvi registrar aqui no Blog também.

Um casamento perfeito é apenas duas pessoas imperfeitas que se recusam a desistir um do outro.

O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. O amor pede sabedoria, cumplicidade, escolhas, renúncias, acolhimento, entendimento e rega diária de ambas partes.

O amor é como uma semente que ao plantar precisamos preparar o terreno, estruturar as bases, semeiar, regar, adubar e cuidar. Às vezes poderá haver pragas, secas ou excessos de chuva e nem por isso podemos abandonar o nosso jardim. A colheita vai depender do processo do semear.

Nós acreditamos no amor e escolhemos pousar um do lado do outro, mesmo podendo voar. Podendo encontrar até outros ninhos, outros caminhos, e escolhemos ficar.

“Precisamos descobrir o poder do amor, o poder redentor do amor e, quando o fizermos, faremos deste velho mundo um novo mundo” Martin Luther King

Origem histórica do Dia dos Namorados

O ato de comemorar o Dia dos Namorados remete à vida de um santo patrono da Igreja Católica conhecido como São Valentim, um padre que viveu no Império Romano durante o século III d.C. Naquela época, o Império Romano era governado pelo imperador Cláudio II (foi imperador de 268 a 270 d.C.).

O imperador romano proibiu que os soldados do Império Romano se casassem. Cláudio II via o casamento como um obstáculo que atrapalhava a convocação de novos soldados e que, além disso, tirava o foco dos soldados já convocados.

Nesse contexto, surgiu um padre, que também já havia sido médico, chamado Valentim. O padre italiano nasceu em algum momento durante o século III d.C. (algumas fontes falam que ele nasceu em 226) e, durante o reinado de Cláudio II, passou a realizar casamentos secretos entre os soldados do Império Romano que queriam casar-se, mas não podiam porque a lei proibia.

O imperador Cláudio II descobriu que Valentim realizava casamentos clandestinos e, assim, mandou que Valentim fosse preso. O imperador romano chegou a oferecer perdão a Valentim desde que ele renunciasse a fé cristã, convertendo-se à fé tradicional dos romanos (lembrando que o Cristianismo tornou-se religião oficial do Império Romano somente em 380).

Como Valentim não aceitou renunciar a sua fé, o imperador ordenou a sua morte. Valentim foi apedrejado e decapitado em 14 de fevereiro de 270. Os relatos contam que, após a morte de Valentim, algumas pessoas passaram a celebrar a sua memória por todo o serviço que ele havia realizado em benefício dos outros.

Valentim acabou sendo canonizado por sua obra em benefícios dos casais e por supostos milagres realizados em sua vida. A canonização ocorreu durante o pontificado de Gelásio I (492-496). O papa também ordenou que uma festa em homenagem a São Valentim fosse realizada todo dia 14 de fevereiro (data de sua morte).

Em 14 de fevereiro comemora-se o Dia dos Namorados em grande parte do mundo (nos EUA, por exemplo, a data é chamada de Valentine’s Day / Dia de São Valentim). No Brasil, a data escolhida foi diferente, mas por questões meramente comerciais.

Vale dizer que a escolha de 14 de fevereiro por Gelásio I também se deveu ao fato de que na mesma época da morte de São Valentim acontecia um famoso festival pagão em Roma, o Lupercália.

O Lupercália provavelmente surgiu durante a fundação de Roma (mas há historiadores que apontam que o festival pode ser anterior a isso). Nesse festival, celebrava-se a fertilidade e (especula-se) eram realizados atos com o objetivo de promover a união de casais. A criação de uma comemoração a São Valentim em uma data próxima ao Lupercália era fazer com que a festa pagã perdesse influência e fosse substituída pela comemoração a São Valentim.

Leia também o texto sobre o AMOR de Khalil Gibran: https://infanciazen.com.br/2021/06/11/o-amor-khalil-gibran-2/

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Vênus Deusa As Pecularidades são complementares

“As pecularidades são complementares” – Professora Lúcia Helena Galvão

“As pecularidades são complementares” – ”Quando um ser humano integra sua energia masculina e feminina de forma harmônica e complementar dentro de si, realiza a grande obra: da dualidade passou à unidade. A experiência de Ser Integral é viver a polaridade masculina e feminina que existe dentro de nós e encontrar alguém que complementa o que precisamos para nossa verdadeira evolução. Almas são como velas acendem-se umas nas outras. Amar é ser Yin para o outro é permitir o outro seja Yang para você.”

Seguimos com a pauta editorial de “livre expressão” proposta no Infância Zen – Sexta-feira é regida por Vênus. Dia do AMOR, de expressar o amor no “Jardim da Infância Zen”. Owmmmm o AMOR!

O amor é construído através do Desenvolvimento Pessoal, no Amadurecimento e Autoresponsabilidade. Eu sinto o AMOR.

*** A deusa Vênus é a deusa do amor e da beleza na mitologia romana. Para os romanos, ela representou o ideal de beleza feminina. Foi uma das figuras mais veneradas na antiguidade e na mitologia grega, corresponde à deusa Afrodite.

“A natureza pinta para nós, dia a dia, retratos de beleza infinita, se tivermos olhos para vê-los.”

“Vênus é a estrela mais brilhante do céu e devido à sua proximidade com o Sol pode ser vista em maior luminosidade ao amanhecer ou entardecer, o que a tornou conhecida popularmente por Estrela D’Alva ou Vésper. Seu brilho intenso foi associado por diversas culturas primitivas à feminilidade e beleza. A origem do mito de Afrodite é imprecisa, mas é sabido que a deusa foi “helenizada” a partir de divindades e mitos semitas e orientais.

Afrodite é a mais bela das deusas e, segundo uma das versões de seu nascimento, surgiu das espumas do mar, cena consagrada por diversas representações. Deusa do amor e do erotismo, recorremos ao mito para enunciar também sua grande fecundidade e volúpia: Afrodite teve inúmeros amantes: Hefesto, Ares, Hermes, Adônis, Dionísio… Símbolo do desejo erótico incontido, Afrodite está ligada mais ao prazer do amor em sua forma física e sensorial do que propriamente aos seus frutos, embora a deusa tenha tido muitos filhos e seja relacionada também à mãe e à nutrição na astrologia.

Seu poder de infundir o desejo é tamanho que, diante dele, até mesmo Zeus, o mais poderoso imortal, perde seu juízo. Assim mesmo, quando se via contrariada, Afrodite lançava suas maldições a fim de satisfazer seus caprichos, fazendo do amor uma armadilha, ou um veneno mortal, como demonstra inúmeras tragédias.

Para a astrologia, Vênus representa figuras femininas, amor, bodas, prazeres de toda natureza – inclusive os que viciam – as artes e todo tipo de ornamento belo, sobretudo as pedras brilhantes e os adornos dourados.

É um planeta essencialmente feminino e noturno, conhecido também como “pequena benéfica”, pois de natureza úmida, favorável à fertilidade e à própria vida. Seu símbolo ♀ congrega o círculo e a cruz, espírito e matéria: a potência dos prazeres sentidos na pele e que nos põe em êxtase. Mas é na organização destes elementos e seus significados que a simbologia nos orienta de forma que a dimensão material nunca se sobreponha ao espírito, o que representaria a corrupção de sua real essência.” Texto do Astrólogo Tradicional ☤ Rafael Amorim https://www.instagram.com/p/CAeQVEgpzhp/?utm_source=ig_web_copy_link

“As pecularidades são complementares” – Professora Lúcia Helena Galvão

“Aquilo que pedimos aos céus na maioria das vezes se encontra em nossas mãos.” William Shakespeare

Eu acredito em “conto de fadas e acredito muito no poder do amor”. Hoje bateu aquela saudade linda do meu casamento, no dia em que Eu e o Luciano, casamos 12/06/2004, há quase 17 anos atrás.

Um casamento perfeito é apenas duas pessoas imperfeitas que se recusam a desistir um do outro.

O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. O amor pede sabedoria, cumplicidade, escolhas, renúncias, acolhimento, entendimento e rega diária de ambas partes.

O amor é como uma semente que ao plantar precisamos preparar o terreno, estruturar as bases, semeiar, regar, adubar e cuidar. Às vezes poderá haver pragas, secas ou excessos de chuva e nem por isso podemos abandonar o nosso jardim. A colheita vai depender do processo do semear.

Nós acreditamos no amor e escolhemos pousar um do lado do outro, mesmo podendo voar. Podendo encontrar até outros ninhos, outros caminhos, e escolhemos ficar. “Precisamos descobrir o poder do amor, o poder redentor do amor e, quando o fizermos, faremos deste velho mundo um novo mundo”.

Sobre o Amor e Partilhas

Sobre partilhas, compartilhar é uma forma linda de servir. A partir do serviço ao coletivo podemos acessar a verdadeira essência da abundância e a da prosperidade através das ricas e amorosas trocas. Aprendemos muito com as trocas de experiências coletivas.

Minha intenção aqui é sim verdadeiramente inspirar pessoas, assim como eu me inspiro também.

Minha intenção é compartilhar um estilo de vida que escolhi, que faz sentido para mim, que me ajuda diferenciar o pensamento, sentimento, a intuição, sensação e emoção, que ajuda a entender minha dualidade, que faz ser eu mesmo de forma autêntica, verdadeira e vulnerável, que me traz equilíbrio com meu corpo, mente e alma.

Um estilo de vida que me ensina diariamente a ser mais leve e o mais consciente possível.

Minha intenção aqui não é rotular, ditar regras e nem julgar ninguém. Respeito a escolha de cada um. Aqui escrevo apenas algumas das minhas reflexões e vivências pessoais que me ajudam muito organizar minhas ideias, que me ajudam integrar a minha personalidade e respectivamente podem ou não ajudar os outros.

Quando você muda o olhar em relação as coisas, as coisas mudam o olhar em relação a você. O Universo se manifesta a partir de você. Só aquilo que realmente somos tem o poder de nos curar.

A felicidade só é real quando compartilhada. O ato de servir ajuda no cumprimento da nossa missão e propósito na terra.

Lembre-se: Para determinadas pessoas, o ato de servir pode parecer um ato de fraqueza. Sendo analisado por outro ângulo, o verdadeiro servidor é um inspirado e inspirador do universo. É um guia, um orientador que exerce influência de inspiração diretamente no seu comportamento e de quem te admiras. Amar o próximo é a maior prova de humanidade que existe.

Não guarde amor para amanhã; ofereça-o hoje mesmo a todo mundo.

A magia do conhecimento se dá, na troca de experiências por diferentes pensamentos. A humildade é sempre bem vinda quando nos permitimos aprender com o outro. Acreditem eu aprendo muito com vocês e respeito a liberdade e individualidade de todos.

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O Labirinto - O Mito do Labirinto

O Labirinto – O Mito do Labirinto

O Labirinto – O Mito do Labirinto – O que o labirinto de Chartres tem em comum com a meditação?

Nossa mente é um labirinto onde podemos nos perder “na viagem” dos pensamentos incertos. Podemos nos perder, e recalcular a rota para nos encontrar.

Você está perdido num labirinto chamado EU? A vida é um labirinto e cada um precisa achar sua direção.

Muitas vezes, expõem-se as diferenças que existem entre o que é Mito e o que é História. Aceitamos facilmente como História todos aqueles fatos que têm uma data, que aconteceram em algum lugar determinado da Terra e que se referem a personagens conhecidos; enfim, fatos relevantes nos quais podemos crer porque provêm de historiadores dignos de fé. Por outro lado, falamos de Mitos como de relatos muito mais fantásticos, imprecisos no tempo, difíceis de definir e atribuídos não mais a personagens históricos e reais, mas a personagens fabulosos que, geralmente, não se sabe sequer se existiram.

No caso do Labirinto, encontramo-nos justamente com um Mito, com um relato de fatos e personagens que são, acima de tudo, simbólicos ou que, pelo menos, a História dificilmente aceita como reais, e sim em um sentido figurado.

Pensamos que todo mito, todo acontecimento figurado, todo relato simbólico, no fundo, apóia-se sobre alguma realidade, ainda que, às vezes, não possamos chamá-la de histórica. O Mito é verdadeiro como referência a realidades psicológicas, a vivências humanas, a processos e formas que se refletem, cobertos de símbolos, e começam a circular, através do tempo, entre os homens, chegando a nós, que devemos ter o trabalho de desvelá-los, ou seja, retirar seus véus e voltar a encontrar o sentido oculto e profundo das coisas.

O Mito do Labirinto é antiquíssimo e, atrevo-me a dizer, é comum a todas as antigas civilizações, nas quais se explica que o labirinto é uma passagem difícil de percorrer, confusa, que faz o homem se perder em caminhos complicados. Às vezes, mescla-se o relato de algum homem fantástico, algum herói ou personagem mítico que desfaz o labirinto e encontra a chave que, finalmente, leva-o à solução desse enigma que lhe é colocado em forma de caminho.

Quando falamos de labirintos, o mais conhecido, o que melhor chegou até nós através da mitologia grega, tão acessível, tão simples, em forma de relatos praticamente infantis, é o labirinto de Creta. Não vou referir-me a esse labirinto tal como relata a mitologia mais conhecida, mas remontaremos um pouco mais no tempo em busca daqueles elementos, que puderam ser encontrados, graças aos últimos descobrimentos arqueológicos em Creta, para ver o que realmente os cretenses adoravam e em que fundamentaram seu labirinto. Veremos, então, que o relato já não é tão infantil e torna-se cada vez mais complexo e simbólico.

Para começar, um velho símbolo cretense, que se referia à sua máxima deidade, era o Machado de Duplo Fio, que também podia ser simbolizado por um par de cornos, com um deles voltado para cima e o outro para baixo, os quais, unidos, conformavam, precisamente, um Machado de Duplo Fio, velho símbolo que se refere a uma deidade com um culto muito forte em Creta: o Touro Sagrado. Esse Machado recebia o nome de Labris e, segundo uma tradição muito antiga, foi a arma com que um deus, o qual os gregos viriam a chamar de Ares-Dionísio, abriu o Primeiro Labirinto

Eis aqui o relato: conta-se que esse Ares-Dionísio, deus muito antigo, dos primeiros tempos, desce à terra. Não há nada criado ou plasmado; há apenas escuridão, apenas trevas. Mas, das alturas é outorgado a esse Ares-Dionísio uma arma, o Labris, e diz-se que, com ela, ele deve forjar o mundo.

Ares-Dionísio, em meio a essas trevas, começa a marchar em forma circular. Isso é muito curioso, porque a ciência atual descobriu que, geralmente, quando estamos na escuridão e não conhecemos o recinto no qual nos encontramos, ou quando queremos sair de um lugar grande, sem luz, a primeira tendência que temos é a de caminhar em círculo; quando nos perdemos, a primeira tendência que temos também é a de caminhar em círculo.

Fizemos essas associações porque queríamos, desde o começo, relacionar o sentido do Labirinto com certos atavismos que ainda hoje guardamos, como seres humanos que somos. Eis que Ares-Dionísio começa a caminhar em círculos e, com seu machado, vai rompendo a escuridão e abrindo uma fresta. Este caminho que ele abre e que se vai iluminando paulatinamente, chamamos de Labirinto, ou seja, o caminho aberto com o Labris.

Quando Ares-Dionísio, depois de muito trabalho, chega ao verdadeiro centro de seu Caminho, descobre que já não tem o machado do início. Agora, seu machado converteu-se em pura luz; o que tem em suas mãos é uma chama, uma tocha que ilumina perfeitamente, porque ele realizou um duplo milagre: trabalhou sobre a escuridão, do lado de fora, com um fio de seu machado, e trabalhou sua própria escuridão interior com o outro fio do machado. À medida que conquistou a luz do lado de fora, conquistou-a também dentro de si; à medida que abriu passagem por fora, abriu-a também por dentro.

Assim, quando chega ao centro do labirinto, encontra o centro do caminho: conquistou a luz e conquistou a si mesmo. Essa é a mais antiga tradição que se pode recolher, em Creta, sobre o mito do Labirinto. A partir daí, as demais são muito mais conhecidas.

Muito conhecido por todos nós é o episódio do fantástico labirinto elaborado por Dédalo, arquiteto e inventor prodigioso da Creta antiga, cujo nome costuma-se utilizar como sinônimo de Labirinto.

Recordando o velho idioma dos gregos, Dédalo ou Dáctil, como é chamado em outras oportunidades, é aquele que faz, que trabalha com os dedos, aquele que constrói. Seu símbolo é o do construtor, não mais de um conjunto de palácios ou jardins, como era o labirinto do Rei Minos, mas em um sentido ainda mais profundo e distante, talvez semelhante àquele primeiro deus, que constrói, nas trevas, um Labirinto de Luz.

Diz-se que, na realidade, o labirinto de Dédalo não era uma casa subterrânea, escura ou tortuosa, e sim um conjunto de casas, palácios e jardins traçados de tal forma que quem entrava não encontrava a saída. O problema não era que o labirinto fosse horroroso, e sim que não se podia sair dali.

Dédalo construiu esse Labirinto para o Rei Minos, de Creta, um personagem quase legendário, cujo nome nos permite aparentá-lo com tradições muito antigas de todos os povos dessa época.
Minos habitava um fantástico palácio, tinha uma esposa, Pasifae, que vai ser quem gestará todo o drama relativo ao Labirinto.

Para chegar a ser rei, Minos contou com a ajuda de outro poderoso deus, o do Oceano e das Águas, Poseidon. Para que Minos se sentisse seguro de seu trono entre os homens, Poseidon realizou um prodígio: dentre as águas, em meio às espumas do mar, faz surgir fantasticamente um touro branco, como um presente, que concede a esse Rei das ilhas de Creta. Isso significa que Minos é efetivamente o Rei.

Mas eis que, conforme a mitologia grega nos relata, a esposa de Minos enamora-se perdidamente por esse touro branco, que se torna o único ser pelo qual ela anseia e o qual deseja, e como não encontra uma forma de aproximar-se dele, pede a Dédalo, o grande construtor, outro favor: que fabrique uma enorme vaca de bronze, bela e atrativa o suficiente para que o touro se sentisse inclinado por ela, e Pasifae esconde-se dentro do animal.

A tragédia é enorme: Dédalo constrói a vaca, Pasifae esconde-se, o touro aproxima-se dela e, dessa estranhíssima união entre uma mulher e um touro branco, surgirá uma besta, metade homem, metade touro: o Minotauro. Esse monstro irá residir no centro do Labirinto, o qual, a partir de agora, se transformará; não será mais um conjunto de jardins e palácios, e sim um lugar tétrico, aterrador e doloroso: a recordação perpétua do drama do Rei de Creta.

Em outras antigas tradições, além dessa de Creta, encontramos uma explicação um pouco menos simplista para o drama de Pasifae e do Touro Branco.

Descobrimos, por exemplo, nos relatos da antiga América pré-colombiana e na Índia, alusões a que, num determinado momento da evolução humana, há milhões de anos, segundo nos dizem, houve um momento em que os homens se confundiram e mesclaram-se com os animais. Dessa aberração e ruptura das leis da Natureza, surgiram verdadeiros monstros, seres híbridos, estranhíssimos de se definir. Não se tratava somente de que trouxessem em si a maldade, como no caso do Minotauro, mas traziam também a vergonha de uma união que jamais deveria ter se realizado, e a vergonha do segredo que não deveria ser revelado jamais, depois que se pudesse apagar esse episódio da memória dos homens.

Assim, a relação de Pasifae com o Touro, e o nascimento do Minotauro faz, de certo modo, referência a essas antigas raças e aos velhos processos que se ocultaram da memória humana em um determinado momento.
Por outro lado, o monstro, o Minotauro, representa a matéria cega e informe, sem inteligência nem direção, encerrada no centro do Labirinto, esperando as vítimas propiciatórias.

A lenda continua, e com o correr dos anos, o Minotauro, dentro de seu Labirinto, converte-se num verdadeiro elemento de terror. O rei de Creta, por questões de guerra, cobra dos atenienses um espantoso tributo: a cada nove anos, eles têm de enviar sete rapazes e sete donzelas virgens para o Minotauro. Na terceira vez, levanta-se um herói em Atenas, um ateniense por excelência: Teseu. Ele promete a si mesmo que não assumirá o reino de sua cidade enquanto não puder libertá-la de semelhante castigo, ou seja, enquanto não puder matar o Minotauro.

Teseu indica a si mesmo para ir entre os jovens que serão sacrificados; chega a Creta e, com a clássica estratégia de namorar a filha de Minos, Ariadne, consegue que esta lhe entregue um novelo de lã para que penetre no Labirinto e, após matar o Minotauro, encontre a saída. Efetivamente, o novelo é fundamental: Teseu entra e vai desenrolando-o à medida que penetra nos intrincados caminhos. Quando chega ao centro, com sua descomunal força e vontade, mata o Minotauro e consegue sair.

Se lermos nas versões simples e corriqueiras, Teseu mata o Minotauro com uma espada ou, algumas vezes, com um punhal. Mas se nos remetermos aos mais velhos relatos e às figuras que encontramos em antigos vasos áticos, Teseu mata o Minotauro com um machado de duplo fio. Uma vez mais, o herói, que abriu caminho em meio ao Labirinto, quando chega ao centro, realiza o prodígio necessário com a ajuda de um Labris, ou seja, com um machado duplo.

Há um mistério a mais para ser elucidado, ainda: o que Ariadne entrega a Teseu não é exatamente um novelo, mas um fuso envolvido por um fio. Este fuso é o que Teseu irá desenrolar à medida que penetra no interior do Labirinto. Mas quando Teseu sai e começa a recolher seu fio, enrolando-o novamente, vai torná-lo perfeitamente circular. Agora, sim, trata-se de uma esfera, de um novelo. Esse símbolo também não é novo; o fuso envolvido com o qual Teseu penetra no Labirinto é a imperfeição de seu ser interior que necessita desenvolver-se, passar por uma série de provas. A esfera que constrói ao recolher o fio é a perfeição conquistada após ter matado o Minotauro, após ter passado pela prova e saído novamente ao exterior.

Labirintos, houve muitos, e Teseus também. Em toda a zona do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, e em toda a Galícia, existem infinidades de gravações em pedra, antiquíssimas, com labirintos desenhados, repetidos sistematicamente, como se fossem um sinal, uma marca que atrai, também, o peregrino do Caminho de Santiago e o induz a percorrer esse caminho, o qual, embora para nós, apresente-se como sendo reto, quanto ao seu sentido simbólico e de realização espiritual, é também um labirinto.

Labirintos encontram-se na Inglaterra, no famoso castelo de Tintagel, onde se diz que nasceu o Rei Arthur. Também os encontramos na Índia, onde foram tomados como símbolo da meditação, da concentração, do retorno sobre o próprio eixo.

No antigo Egito, na cidade de Abydos, tão antiga que quase se entronca com a história pré-dinástica do Egito, existia um labirinto que se chamava “Caracol”; era o Caracol de Abydos; precisamente, um templo circular, em cujos caminhos eram celebradas as cerimônias relativas ao tempo, à evolução, aos muitos caminhos que o homem teria que percorrer até encontrar-se com o centro, que é, na realidade, o próprio homem.

Inclusive, referindo-se ao Egito, esse Caracol de Abydos parece ter sido nada mais que a parte infinitesimal de outro enorme labirinto, ao qual faz referência Heródoto, dizendo que o labirinto egípcio era tão grande, tão tremendo, tão maravilhoso e tão fantástico que a Grande Pirâmide ficava obscurecida ao seu lado.

Hoje, não o encontramos e só nos restam os dados de Heródoto. Como de costume, os homens, depois de haverem chamado Heródoto, durante muitos anos, de “O Pai da História”, “Heródoto, o Veraz” e outras coisas do gênero, como nem tudo que ele menciona foi encontrado, afirmam, hoje, que ele não estava muito seguro do que dizia. A questão é que tantas coisas estão surgindo que, talvez, valha a pena ter paciência e ver se não aparece também aquele labirinto que mencionava o historiador grego.

Na Idade Média, nas catedrais góticas, tampouco faltavam labirintos. Um dos mais famosos e que costuma estar representado em todas as ilustrações, é o labirinto de Chartres, desenhado nas lajes do pavimento da grande catedral, esse labirinto não foi feito para se perder nele, mas para ser percorrido, numa espécie de Caminho Iniciático, de realização e de conquistas, que o candidato, o discípulo, aquele que pretende ter acesso aos Mistérios, o atravesse.

É dificílimo perder-se no labirinto de Chartres; os caminhos estão perfeitamente assinalados, as curvas e os trajetos estão à vista, mas o mais importante é chegar ao centro, à pedra quadrada onde os cravos marcam as distintas constelações e onde o homem, de uma maneira alegórica, chega aos céus e incrusta-se entre as deidades.

Provavelmente, todos esses Mitos da Antiguidade, e ainda dos labirintos simbólicos, que eram traçados nas catedrais não obedeciam tanto a uma realidade histórica, mas talvez, a uma realidade psicológica. A realidade psicológica do labirinto está tão viva hoje, como esteve sempre. Se, na Antiguidade, falávamos de um labirinto de iniciação, que é o caminho pelo qual o homem pode realizar-se à medida que o percorre, assim também, hoje em dia, devemos falar de um labirinto que se traduz de forma material e de forma psicológica.

De forma material, não há que buscar muito: todo mundo que nos rodeia, tudo aquilo em que estamos imersos, onde vivemos e nos desenvolvemos, constitui um labirinto. O que ocorre é que, nem os que penetravam nos jardins de Creta se davam conta de que entravam no labirinto, nem nós, quando estamos em nosso mundo circundante, somos conscientes de estar em um deles.

Não obstante, os jardins cretenses o eram, assim como nosso mundo circundante também é um labirinto, o qual costuma nos confundir. Psicologicamente, a angústia de um Teseu que buscava o Minotauro para matá-lo é também a angústia do homem que teme e que está desconcertado.

Fica claro que o Mito nos oferece uma solução. Teseu não entra com as mãos vazias no Labirinto; tampouco é lógico que resolvamos o problema de nosso labirinto com as mãos vazias. Teseu leva duas coisas: um machado (ou uma espada, como se queira) para matar o monstro e um fuso envolvido num fio, seu novelo, para encontrar o caminho.

Vamos traduzir um pouco isso para nossa linguagem.

O machado ou a espada foi sempre símbolo da vontade. Quantas tradições medievais falam ainda sobre a espada cravada na pedra que só o homem de vontade forte pode retirar! O que significa esse retirar a espada da pedra? É a vontade que extrai o vertical da matéria, que é horizontal, ou seja, uma das armas fundamentais que necessitamos para abrir os caminhos no labirinto é a Vontade, a força de vontade.

Outra arma importantíssima é o fio, a astúcia do fio que vai desenrolar-se pelos caminhos para encontrar o regresso. Esse fio é a perseverança e, diríamos mais, é a memória. Por que se estende os fios pelos caminhos do labirinto?

Porque estamos impossibilitados de recordar por onde caminhamos, por onde vamos, com que obstáculos tropeçamos e por onde podemos sair. Não podendo recordá-lo, utilizamos o sortilégio do fio, o qual voltaremos a encontrar e que nos indicará o caminho de volta. É a possibilidade labiríntica de não repetir os mesmos erros, de reconhecer aqueles lugares pelos quais fomos passando durante nossa evolução e de saber quais são os caminhos que nos restam para percorrer e como devemos fazê-lo.

Para os gregos, Ariadne é a alma, que no momento justo, quando Teseu está mais desesperado, entrega-lhe uma resposta e uma saída, uma chave, uma solução. Isso, que vibra, que vive e que nos proporciona as soluções no momento justo, isso é Ariadne, a Alma, a salvadora que aparece oportunamente e que nos dá a solução para resolvermos nosso problema.

O Minotauro é o excesso de materialismo, é a matéria que cresce, que perturba e que toma tudo para si. É esse excesso de matéria que se deve destruir, antes que ele destrua o Teseu que penetra no labirinto.

Quando se toma consciência do labirinto, quando se penetra nele, tanto nós quanto o Teseu da mitologia grega, tem que se conscientizar também da importância de encontrar a saída. Aquele que a encontra, destrói o labirinto.

Entretanto, tem que se levar em conta que a saída do labirinto não está fora; a saída do labirinto está exatamente no centro, em seu coração. Aquele que penetra no labirinto e, percebendo seus becos e tortuosidades, sente medo e foge, aquele que pretende escapar pelas laterais, pular fora ou somente farejar superficialmente, não resolve o labirinto. Temos que fazer verdadeiramente como Teseu: introduzir-se, caminhar, chegar ao próprio centro. No centro está a saída, e não fora; temos que ter a valentia de um Teseu para enfrentar os monstros.

Certamente, é muito difícil que apareça diante de nós esse elemento pré-histórico, metade homem, metade touro. Mas encontramos monstros diários que temos que enfrentar e com os quais devemos travar batalhas, se é que nos atrevemos. Dúvidas, preocupações, rancores, temores, inseguranças que, ainda que não tenham corpos físicos, vivem em nós e têm tentáculos tão poderosos quanto os do Minotauro de Creta. Temos que saber enfrentá-los com as armas da Vontade, da Inteligência e da Memória.

Dizem os antigos que o labirinto não era percorrido de qualquer forma, que a maneira ideal para percorrê-lo era dançando ou realizando passos de tal forma que descrevessem figuras no solo e no espaço, figuras rituais e mágicas. Nós, de alguma forma, deveríamos dançar ao longo da vida, chamando assim o processo de evolução.

Se conseguirmos que cada um de nossos passos não se desenvolva somente em seu labirinto horizontal, mas que, pelo contrário, esteja em um escalão superior, um ponto mais acima, teremos realizado essa estranha e misteriosa dança, que é a evolução, e teremos aprendido a dar esses passos justos e medidos, esses que não se dá de qualquer maneira ou em qualquer lugar, mas que são os “passos do caminho”.

Em todos nós, reside, também, o trabalho de despertar Teseu, dar-lhe vida, trazer esse herói à luz. Em todos nós, existe um segundo nascimento, que não é o de ter surgido fisicamente na vida, mas sim esse outro, no qual nosso herói interior se manifesta com suas melhores armas, com seus melhores trajes, forças e qualidades.

Indubitavelmente, não somos todos iguais; não somos todos igualmente heróicos, e nem mesmo na hora de praticar o heroísmo nossos atos coincidirão. Há aqueles que serão heróicos em um sentido, e outros que o serão em um sentido diferente; uns se voltarão para o estudo, as ciências, as artes, a religião, a política; outros para a meditação interior; há os que se voltarão para a família, para os entes queridos, ou seja, para simplesmente adornar a vida dos que estão ao seu redor.

Mas tudo isso é um ato heróico se nasce do verdadeiro ser interior. Por isso, escolhemos o tema de um herói grego que penetra o labirinto, mata um monstro e encontra-se com sua alma, que o ajuda a sair. Velho tema que nos permite comprovar, uma vez mais, que os anos passaram e que as civilizações só mudaram muito nas aparências.

O problema de percorrer o labirinto e sair dele continua sendo nosso. As armas de Teseu podem ser nossas armas, e esse herói, que adorna as páginas legendárias, que nos maravilha com suas vestes e seus cabelos de ouro, também está em nós.

Texto “O Labirinto – O Mito do Labirinto”, publicado no Caderno de Cultura da Espanha e traduzido para o português por Lúcia Helena Galvão.

Link: https://nova-acropole.org.br/blog-saiba-mais/artigos/o-labirinto/

*** Hoje terça-feira, seguimos com a pauta editorial proposta. Terça-feira é regido pelo Deus Ares | Marte – Dia da nossa “Salada Mystica” no “Jardim da Infância Zen” #mito

*** Na mitologia grega entre as características da sua personalidade, Eros, ficou conhecido como deus guerreiro, que não consegue controlar seus impulsos e sua raiva.

Além da Filosofia, Eros também é citado na Psicologia em um sentido muito mais amplo, quase que equivalente à “Energia da Vida”.

Na psicologia freudiana, Eros representa nossa força vital, a vontade de viver. É o desejo de criar vida e favorecer a produtividade e a construção.

Com todo esse simbolismo o que podemos aprender? A dualidade, o que fazer com as nossas emoções estão “afloradas”?

A sabedoria é aprender o que fazer com os momentos de emoções tão contraditórias. Experimente a vida em todas as formas possíveis bom-mau, amargo-doce, claro-escuro, verão-inverno. Experimente todas as dualidades. Não tenha medo da experiência, porque mais experiências que você tem, mais maduro você se torna. Aprender voltar para o meu eixo com sabedoria e de forma mais rápida.

Com a maturidade emocional não tenho necessidade de culpar ou julgar ninguém pelo que acontece. Na calma presto atenção e, em harmonia com a situação, aceito a realidade e as coisas como elas são, e não como eu gostaria que fossem.

Depois de reconhecer, entender, acolher e aceitar as dualidades encontramos o EQUILÍBRIO.

A sabedoria é aprender o que fazer com os momentos de emoções tão contraditórias. Experimente a vida em todas as formas possíveis bom-mau, amargo-doce, claro-escuro, verão-inverno. Experimente todas as dualidades. Não tenha medo da experiência, porque mais experiências que você tem, mais maduro você se torna.

Quando faço isso escolho como reagir diante as adversidades, assumo responsabilidades, me conecto com a ressonância do universo e coloco a minha tão desejável equanimidade em prática.

Maturidade emocional é manter o silêncio até que possamos falar com sabedoria, respeito e amor. Cabe a cada um de nós manter o equilíbrio das relações.

Se você não puder falar com respeito e amorespere até que possa.” — Amma

Sabedoria é ser capaz de transformar conhecimento em respostas às circunstâncias da vida dignas de um ser humano. “Pelas vossas obras, vos conhecerei!”

Reflexão: O Labirinto – O Mito do Labirinto – Nossa mente é um labirinto onde podemos nos perder “na viagem” dos pensamentos incertos. Podemos nos perder, e recalcular a rota para nos encontrar.

E você o que escolhe fazer com o que “fizeram com com você”? Me conte aqui nos comentários.

Quem é Ganesha nessa “Salada Mística toda”? Mais um simbolismo na tradição. E porque citamos ele aqui?

***Ganesha, o poderoso Deus da sabedoria e da fortuna! Conhecido como “Destruidor de Obstáculos”, Ganesha é o símbolo máximo do intelecto, da consciência lógica e da fortuna, por isso é representado pelo deus da sabedoria.

A história desse deus e suas representações e significados simbólicos é fascinante. Gostaria de saber mais?

Nos momentos desafiadores podemos escolher como agir, reagir e assumir a responsabilidade das nossas escolhas e consequências. A sabedoria pode nos ajudar!

Quando faço isso escolho como reagir diante as adversidades, assumo responsabilidades, me conecto com a ressonância do universo e coloco a minha tão desejável equanimidade em prática.

O Labirinto – O Mito do Labirinto – O que o labirinto de Chartres tem em comum com a meditação?

Saiba como meditar no Labirinto aqui:

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