Ganimedes e a Aguia de Zeus

O Aguadeiro Celeste com Ganímedes. O amor além da natureza

O Aguadeiro Celeste com Ganímedes. O amor além da natureza

Ganímedes foi um jovem encantador e, por conta disto, Zeus se transformou em uma águia e o raptou para servir o néctar aos deuses, bebida que oferece a imortalidade.

Entre o Céu e a Terra

Ganímedes derramava “água do conhecimento” aos homens sobre a terra, servindo também aos homens.

Em homenagem ao belíssimo jovem, Zeus colocou-o na constelação de Aquário. O símbolo do signo de aquário é um aguadeiro, que, em algumas versões, seria Ganímedes.

Já na astronomia, uma das luas do planeta Júpiter (homenagem a Zeus), é chamada de Ganímedes, fazendo assim, referência ao mito.

Ganímedes era um jovem rapaz, um dos mais belos entre os mortais. Ele cuidava do rebanho de seu pai quando Júpiter (ou Zeus na mitologia grega) apaixonou-se perdidamente por ele à primeira vista. Foi então que ardilosamente, Júpiter (mitologia romana) se transformou numa águia e o raptou, levando-o para o Olimpo.

Na morada dos deuses, o jovem torna-se “o garçom”, aquele que serve o néctar divino aos deuses e o zelador da água potável, servindo a água do conhecimento aos homens. É por isso que é tão comum ver imagens de Ganímedes com uma ânfora. 

Ganímedes é filho do rei de Troia, um dos príncipes herdeiros do trono. Para acalmar a ira do pai que viu seu filho raptado, Zeus oferece uma parreira de ouro e dois cavalos. No Olimpo, Zeus encanta-se de tal maneira por Ganímedes que o transforma em um deus imortal.

Traços desta história associam o “Aguadeiro Celeste” a um deus do amor homossexual ou bissexual, uma vez que a relação Zeus-Ganimedes transgride a lógica da procriação da espécie, na relação de amor e admiração do homem mais velho pelo mais novo, como retrata a história.

É Ganímedes quem liberta Zeus da obrigação de procriar? Ou Zeus quem livra-se da obrigação com a ajuda do jovem? Não sabemos. Mas, uma coisa é fato, com Ganímedes, Zeus experimenta outros afetos, além da natureza marcada pelo gênero, além do corpo e da obrigação de fertilizar o mundo com o gen divino.

Júpiter é o deus maior do Olimpo, o fértil, o expansivo, o que povoa o planeta. Ele tem filhos com uma infinidade de deuses, semi deusas e humanas. Mas há um relato que foge a esse padrão heteronormativo e ele está na história de amor entre Ganímedes e Zeus. 

Talvez por isso haja na sexualidade aquariana um espaço para pensar e agir para além dos papéis de gênero pré estabelecidos. Em Ganímedes há uma fusão do amor pela humanidade, já que é ele, assim como a imagem de Aquário, que carrega a água dos homens. Mas também uma liberdade de amar sem padrões, fórmulas, preconceitos, regras ou obrigações.

O amor em Aquário é livre, libertário e talvez por isso, exatamente por isso transgressor. Pois amar sem amarras é um desafio. Em Aquário, há um fascínio erótico (de Eros, o amor), para além do masculino ou do feminino. Em Aquário é possível apaixonar-se por “pessoas”. 

“Estudiosos afirmam que quanto mais nos aproximarmos da essência da Era de Aquário, que já começou, mais poderemos ver e sentir o amor se transformar em algo para além das barreiras de gênero. Penso que quando Plutão entrar em Aquário, e isso se dará por volta de 2024, este será um assunto muito mais comum de se conversar que nos tempos atuais. Até lá, que os planetas nos guiem e o amor nos transforme.”

“O Aguadeiro Celeste com Ganímedes, o amor além da natureza, além do corpo, além da genética, muito além da obrigação de fertilizar o mundo com o gen da divindade.”

Síntese: O néctar é a água derramada na humanidade, a água simbolicamente é a unidade e o conhecimento.

Águas celeste para nos guiar no caminho do amor que transforma a liberdade de amar sem padrões, fórmulas, preconceitos, regras ou obrigações. Um amor além da natureza, um amor além da vida. Um estado de Amor.

Um amor como busca da unidade na multiplicidade.

Águas que serão derramadas para combater o individualismo e construir uma realidade de união, empatia, fraternidade entre a humanidade.

No céu Aguadeiro se encontra um “Mar de Grandes Águas” onde as “Baleias” tem ressonância com o som da humanidade.

Derrama tuas bênçãos de misericórdia e teu bálsamo na terra. A Terra é um céu em potencial.

OM MANI PADME HUM

Créditos: Escultura de Ganímedes oferecendo o néctar dos deuses a Zeus travestido de águia. A obra é do escultor dinamarquês Bertel Thorvaldsen (1770 – 1844)

Links Consultados: http://www.aastrologa.com.br/2019/01/ganimedes-e-o-amor-para-alem-do-genero.html https://youtu.be/AD-YLEQpQ4Q

O Amor além do Entendimento e do Julgamento

Os mitos nos ajudam a entender as relações humanas e guarda em si a chave para o entendimento do mundo e da nossa mente analítica. A mitologia grega, repleta de lendas históricas e contos sobre deuses, deusas, batalhas heróicas e jornadas no mundo subterrâneo, revela-nos a mente humana e seus meandros multifacetados. Atemporais e eternos, os mitos estão presentes na vida de cada Ser humano, não importa em que tempo ou local. Somos todos, deuses e heróis de nossa própria história.

Ganímedes, “o mais belo dos mortais”, era príncipe da família real de Tróia. Ele pastoreava seu rebanho numa montanha quando Zeus o viu. A beleza do jovem inflamou o coração do deus, que se transformou em águia e levou-o em suas garras para o Olimpo. Lá ele fez de Ganímedes seu escanção: aquele que é encarregado de servir o néctar, a bebida dos deuses, na taça de Zeus.

A Nova Era – A Era de Aquário

Os jovens amantes dos deuses e dos heróis mitológicos

A mitologia grega traz relatos de lendas que contam o amor entre homens, um costume comum e cultural daquela civilização. Ao contrário dos ensinamentos judaico-cristãos que viam nas relações entre duas pessoas do mesmo sexo um crime contra a natureza e a religiosidade da sua sociedade, a iniciação sexual na Grécia antiga através da pederastia era uma forma de elevação social, onde homens aristocratas mais velhos passavam os seus conhecimentos culturais, militares e religiosos aos mais jovens, usando para esse fim o amor através do sexo.

Amar um jovem adolescente constituía para a sociedade grega a representação do sentimento puro, sendo ele preparado para o amor à virtude, aos ideais helénicos e para a vida, inclusive a sexual. A passagem do adolescente pelas mãos de um homem mais velho era breve, encerrando-se tão longo ele entrasse na idade adulta e viril e que se casasse, assumindo as obrigações cívicas.

O jovem adolescente que não estabelecesse laços de amizade e de amor com um homem mais velho era menosprezado pela sociedade, visto que não tinha quem o ensinasse a sabedoria da vida e da filosofia, a arte da guerra e as virtudes de ser um bom cidadão. Não ser honrado com o amor de um homem mais velho era não cumprir com os costumes e deveres cívicos.

Para que estes costumes fossem legitimados, eram transmitidos através de exemplos da religião politeísta pelos deuses e heróis. Não são todos os deuses ou todos os heróis mitológicos que trazem lendas do amor viril entre homens, sendo uma honra apenas dos mais poderosos e populares. Zeus (Júpiter), o senhor dos deuses, o mais poderoso do Olimpo, considerado o pai dos deuses e dos heróis de toda a Grécia, deixa a sua função procriadora para amar o jovem e belo Ganímedes.

Poseidon (Neptuno), o senhor dos mares, apaixona-se perdidamente pelo renascido Pélope, filho de Tântalo. Apolo, o mais popular e cultuado dos deuses, tem o maior número de amantes homens de toda a mitologia, sendo o amor disputado com Zéfiro, o vento das brisas suaves, por Jacinto, o mais famoso. Héracles (Hércules), o mais famoso e poderoso dos heróis gregos, também traz uma lista de lendas em que se apaixona por vários jovens do mesmo sexo. Teseu, o maior herói de Atenas, vive uma amizade viril com o amigo Pirítoo.

Aquiles, o mais bravo guerreiro grego da famosa Guerra de Tróia, não esconde os seus amores por Pátroclo ou por Troilo. Finalmente Laio, pai de Édipo, o mais humano dos mitos gregos, ao raptar o príncipe Crisipo, levando-o à paixão e ao suicídio, desperta para si a maldição que teria feito sucumbir todas as gerações dos seus descendentes através da tragédia. Assim, deuses olímpicos, reis gregos, heróis militares, todos eles, principais representantes da hierarquia aristocrática grega, justificam com as suas lendas, o costume da pederastia e amor entre homens como a erudição do sentimento perfeito e puro da iniciação sexual e da vida social dos seus cidadãos.

O Rapto de Ganímedes

Um jovem quando muito belo, despertava a paixão e o desejo de homens maduros. Ser raptado por um homem mais velho era comum em sociedades como a cretense, sendo autorizado pela lei, estabelecendo um prazo de convivência entre raptor e raptado, que cessava com a volta do jovem trazendo presentes que a lei da cidade especificava, como um boi para ser sacrificado a Zeus, em uma festa que o jovem dava, declarando publicamente se havia concordado ou não com o rapto e com o relacionamento que estabelecera com o amante. Se ao ser raptado, o jovem noivo não concordasse com o amante, ele poderia, no momento do sacrifício do boi e da festa, exigir uma reparação e desligar-se da relação. Dificilmente este facto acontecia, visto que era uma desgraça social um jovem bonito e de família abastada não possuir amante em consequência da sua má conduta para com quem o raptasse. Os que eram raptados tornavam-se companheiros dos seus amantes, usufruindo privilégios especiais, como usar roupas da melhor qualidade; ocupar os lugares de honra nas corridas e danças, indicando que eram especiais para os seus amantes.

A lenda do rapto de Ganímedes por Zeus, o senhor do Olimpo, legitimava o ato de raptar adolescentes, dando ao costume a ritualização religiosa necessária. Zeus, pai absoluto dos deuses e dos heróis, tem as suas lendas voltadas para os amores impetuosos que sempre teve e que o levaram a raptar e amar diversas mulheres, com as quais sempre teve filhos. Para que as suas conquistas não fossem descobertas por sua colérica e ciumenta esposa Hera (Juno), Zeus usava os mais complexos disfarces para atrair as amantes: metamorfoseou-se de touro para atrair Europa ou de Cisne para amar a bela Leda. Fugindo da função dos amores fugazes e procriadores, surge a lenda de Ganímedes, um príncipe troiano que arrebatou o coração do mais poderoso dos deuses do Olimpo, fazendo-o por um momento, amante do amor que sublimava o belo, esquecendo-se da função milenar da procriação.

Ganímedes era um príncipe troiano, que, ao despertar a puberdade no corpo e na alma, trazia uma beleza rara. Seus traços de homem-menino reluziam pelos campos aos arredores da cidade de Tróia, onde cuidava dos rebanhos do pai. Foi numa tarde de primavera, que a beleza maliciosa de Ganímedes chamou a atenção de Zeus. O senhor do Olimpo, ao avistar beleza tão sublime, foi fulminado pela paixão. Impossível resistir à graciosidade do rapaz, ao rosto ainda imberbe, a transitar entre a juventude e à idade viril. Enlouquecido pelo desejo e pela paixão, Zeus transformou-se numa águia, indo pousar junto ao jovem. Encantado pela beleza omnipotente da ave, Ganímedes aproxima-se, acariciando-lhe a plumagem. Imediatamente Zeus envolve o rapaz, tomando-o pelas garras, levando-o consigo para as alturas. Cego de paixão, o senhor do Olimpo possui o jovem ali mesmo, em pleno vôo. Ganímedes após ter sido ludicamente amado por Zeus, foi levado para o Olimpo.

Ao contrário das lendas das amantes de Zeus, que após o idílio do amor, eram perseguidas pelos ciúmes de Hera ou pela ira dos pais, sofrendo até o momento do parto do filho do deus, Ganímedes, apesar da fúria de Hera, chega ao Olimpo intacto, onde é recebido com honras, assumindo o posto privilegiado de servir o néctar da imortalidade aos deuses, substituindo Hebe na função. Após servir aos deuses, Ganímedes derramava os restos sobre a terra, servindo também aos homens.

A lenda legitima os privilégios que os jovens raptados tinham ao lado dos amantes. Evita-se o castigo, comum às amantes de Zeus, mostrando que o amor de um homem mais velho com um jovem era lícito, puro e honroso. Ganímedes é hoje um dos satélites do planeta Júpiter, uma homenagem ao mito.

No conceito junguiano, os mitos são expressões dos arquétipos – assim como o são os contos de fadas e o folclore. Pode-se dizer que os mitos são a expressão desses no chamado inconsciente coletivo, outra criação polêmica de Jung.

Link Consultado: http://eventosmitologiagrega.blogspot.com/2010/09/ganimedes-o-mito-do-signo-de-aquario.html

Referência Filme: Call Me by Your Name (Brasil: Me Chame Pelo Seu Nome) Trailer Filme https://youtu.be/7yCwv8FjidU

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